Não foi exatamente uma surpresa o anúncio da desistência do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, de sua candidatura ao Governo do Estado.
Um conjunto de fatores explica a decisão, desde a montagem da chapa com Manoel Jr. na vice, passando pelo embate surdo com o tucano Romero Rodrigues, prefeito de Campina Grande, a manutenção da candidatura de José Maranhão, que quebrou a tão sonhada unidade do bloco que elegeu Cartaxo em 2016, e, claro, os altos riscos que toda eleição enseja, analisados na última coluna quando discutimos o potencial da candidatura de João Azevedo.
Mas um aspecto que durante um bom tempo passou despercebido e vai se delineando cada vez com mais força é a candidatura de Cássio ao governo. Ou seja, a consequência política mais imediata da desistência de Luciano Cartaxo é abrir caminho para que Cássio Cunha Lima assuma a candidatura ao governo, já que Romero Rodrigues nunca foi mesmo candidato pra valer. E dificilmente o PSDB apoiará José Maranhão.
E a razão é que Cássio talvez encare 2018 como a última chance de disputar o governo com alguma chance, mesmo pensamento que motiva José Maranhão. Para Cássio, é muito mais vantajoso arriscar-se numa nova disputa ao governo, na crença de que sua liderança e o seu recall possam ser capazes de unir a oposição para derrotar João Azevedo, papel que Cartaxo desistiu de cumprir.
Além disso, com o relacionamento mais próximo que Cássio hoje tem com José Maranhão, aumentam as chances de um apoio do peemedebista no segundo turno, apoio que Cássio acha que foi decisivo na derrota de quatro anos atrás para Ricardo Coutinho. E essa possibilidade é fortalecida ainda mais pela aliança nacional do PSDB com o PMDB. Com isso, certamente, as chances de Cássio se tornam muito maiores.
O apoio de Cartaxo a Cássio, claro, é também decisivo. Por isso, Cássio nunca se opôs à pretensão da candidatura de Cartaxo. Aliás, é bom lembrar, Cássio teve um papel decisivo antes disso para tirar Cartaxo do PT durante aqueles meses que antecederam o impeachment de Dilma Rousseff, oferecendo a Cartaxo apoio para seu projeto de reeleição. No pacote, acenou com a possibilidade de também apoiá-lo a uma futura candidatura única das oposições.
Por isso, é legítimo agora que Cássio, diante da desistência de Cartaxo, deseje ser seu candidato já que o senador tucano foi fiador até agora do projeto cartaxista de ser candidato a governador e, nesse sentido, espera reciprocidade.
Enfim, Cássio manteve a paciência e esperou que tudo se definisse para que finalmente pudesse entrar em campo. Com a desistência de Luciano Cartaxo, talvez tenha chegado a hora.
Fonte: Flávio Lúcio Vieira
Créditos: Flávio Lúcio Vieira