Os 13 candidatos à Presidência da República priorizaram a apresentação pessoal para impulsionar as candidaturas na primeira semana de campanha nas redes sociais. Eles também apresentaram propostas, mas o detalhamento dos planos de governo ficou em segundo plano.
O G1 conferiu todas as postagens dos perfis oficiais em quatro plataformas — Facebook, Twitter, Instagram e YouTube — entre 16 e 22 de agosto. Publicações fora desse período não foram levadas em conta. Os números de publicações no Facebook de cada candidato foram levantados pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV).
O levantamento mostra que a maioria dos candidatos:
Usa as redes sociais para divulgar as agendas de campanha;
Adapta a linguagem ao público jovem, com memes, ilustrações e até montagens em histórias em quadrinhos;
Exalta resultados favoráveis de pesquisas eleitorais, ou criticam os desfavoráveis;
Participa de transmissões ao vivo, inclusive com respostas a questões de eleitores;
Publicam fotos ou vídeos de pessoas, celebridades ou não, que apoiam a candidatura.
Os candidatos também aproveitaram para divulgar propostas contidas em seus planos de governo ou anunciadas ao longo da campanha.
Na maior parte dos casos, porém, as equipes priorizaram menções amplas, como “combate à corrupção”, mas sem detalhar quais ações levariam a promessa a ser cumprida caso o candidato fosse eleito, ou incluíram em seus posts menções superficiais a propostas, e exigindo que os internautas seguissem links para sites externos para acessarem detalhes sobre essas ações.
Presidenciáveis priorizaram Sudeste na primeira semana de campanha
Em entrevista ao G1, Marco Aurelio Ruediger, diretor de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explicou que as redes sociais podem ajudar a decidir uma eleição fragmentada, como a que tende a ser a disputa de 2018, porque dá aos candidatos espaços além do horário eleitoral por meio de canais que os aproximam dos eleitores (leia entrevista no final da reportagem).
Veja como cada presidenciável aproveitou seus perfis na internet durante os dias 16 e 22 de agosto (em ordem alfabética):
Alvaro Dias (Podemos)
Facebook: 93 publicações / 1,1 milhão de seguidores;
Twitter: 285 publicações / 355 mil seguidores;
Instagram: 56 publicações / 36,4 mil seguidores;
YouTube: 11 publicações / 8,6 mil seguidores.
Um dos candidatos que mais usou as redes sociais, Alvaro Dias (Podemos) variou seu conteúdo entre:
Divulgação de agenda;
Imagens e vídeos em campanha nas ruas;
Links para notícias e entrevistas a veículos de jornalismo;
Notícias sobre ações de mandatos anteriores;
Propostas do programa de governo.
As publicações de Dias seguem uma mesma identidade visual: praticamente todas as mensagens usam a hashtag escolhida para divulgar o candidato (#AlvaroDias19). Além disso, a maior parte das fotos e vídeos seguem um mesmo padrão visual e usam a logomarca da campanha.
E, para chamar a atenção do eleitorado nas redes, o candidato do Podemos usa os seguintes recursos:
Emojis relacionados ao slogan “Abre o olho”;
Uso de GIFs animados nos Stories do Instagram;
Adaptação aos formatos: vídeo na vertical no Instagram e na horizontal nas outras plataformas;
Respostas aos comentários no Facebook e no Twitter — 17,2% dos tuítes publicados por Alvaro Dias eram em resposta a outros tuítes;
Retuítes das mensagens de apoio no Twitter.
Cabo Daciolo (Patriota)
Facebook: 15 publicações / 263 mil seguidores;
Twitter: 4 publicações / 5,6 mil seguidores;
Instagram: 5 publicações / 14,8 mil seguidores;
YouTube: 3 publicações / 15 mil seguidores.
Cabo Daciolo (Patriota) preferiu concentrar as publicações no Facebook, rede na qual publicou sete transmissões ao vivo — a maior parte no topo de um monte onde o candidato está, segundo ele mesmo, em oração. As transmissões variam de duração entre alguns minutos e mais de duas horas.
Além disso, o candidato apostou em postagens em que:
Esclarece informações sobre a campanha;
Entoa hinos religiosos;
Usa citações da Bíblia nas legendas de imagens, principalmente no Instagram;
Propõe o voto impresso.
Diferentemente de outros candidatos, Cabo Daciolo não responde a postagem de seguidores nas redes.
Ciro Gomes (PDT)
Facebook: 48 publicações / 384 mil seguidores;
Twitter: 43 publicações / 205 mil seguidores;
Instagram: 27 publicações / 193 mil seguidores;
YouTube: 6 publicações / 8,5 mil seguidores.
A equipe de Ciro Gomes (PDT) apostou no uso intensivo das redes sociais na primeira semana de campanha eleitoral. Nas postagens, o pedetista priorizou:
Apresentação de propostas;
Uso do jingle nos vídeos e das hashtags #tamojuntopramudar e #Ciro12 nas postagens;
Divulgação da agenda de campanha.
Para atrair o eleitorado nas redes sociais, a campanha de Ciro usou recursos de interação com usuários das redes. O pedetista, no entanto, pouco respondeu às mensagens dos eleitores. Veja a estratégia de interação:
Criação de uma imagem com a logo da campanha para que os usuários apliquem como moldura das fotos dos perfis pessoais;
Uso de hashtags conhecidas do usuário, como #tbt, que significa “throwback Thursday” (algo como “quinta-feira da lembrança”, quando internautas publicam fotos antigas nesse dia da semana);
Gravação de vídeo personalizado de menos de 40 segundos como comentário na postagem de um usuário do Facebook, que pediu para seus amigos eleitores do pedetista que deixarem respostas sobre os motivos pelos quais votarão nele.
Eymael (DC)
Facebook: 20 publicações / 14,4 mil seguidores;
Twitter: 4 publicações / 22,5 mil seguidores;
Instagram: 1 publicação / 1,5 mil seguidores;
YouTube: nenhuma publicação / 17 seguidores.
O candidato da Democracia Cristã tem mais seguidores no Facebook do que em outras redes e concentrou lá a maior parte do material de campanha na primeira semana. Veja o conteúdo:
Vídeos e imagens de Eymael em campanha nas ruas;
Divulgação de seu já tradicional jingle;
Infográficos com orientações sobre a lei eleitoral;
Descrições da atuação do candidato quando ele foi deputado federal;
Reclamações sobre a falta de convites para os debates;
Publicações automáticas no Twitter com link para postagens no Facebook.
No Facebook, inclusive, Eymael usou diversos recursos para se aproximar do público jovem:
Produção de memes;
História em quadrinhos que brinca com o jingle de campanha usado há mais de 20 anos.
Geraldo Alckmin (PSDB)
Facebook: 37 publicações / 912 mil seguidores;
Twitter: 46 publicações / 973 mil seguidores;
Instagram: 34 publicações / 121 mil seguidores;
YouTube: 5 publicações / 754 seguidores.
O candidato tucano é um dos mais seguidos nas redes sociais, principalmente no Facebook e no Twitter. A equipe de Geraldo Alckmin (PSDB) adapta cada publicação ao formato de cada rede social. Os conteúdos que mais se repetem são:
Divulgação da agenda e dos compromissos de campanha;
Destaques das participações nos debates na televisão;
Menções às ações cumpridas enquanto ocupou outros cargos, com a hashtag #tbt;
Apresentação das propostas de campanha;
Transmissões ao vivo.
Nas postagens, Alckmin também usou recursos para aumentar a interação com o eleitorado:
Uso da ferramenta automatizada de mensagens diretas no Facebook (“chatbot”) para responder a perguntas de eleitores;
Publicações de Stories no Instagram com as ferramentas de interação com usuários;
Uso de hashtags para diferenciar as publicações do próprio candidato daquelas feitas pela equipe de comunicação da campanha.
Guilherme Boulos (PSOL)
Facebook: 159 publicações / 373 mil seguidores;
Twitter: 118 publicaçoes / 104 mil seguidores;
Instagram: 137 publicações / 153 mil seguidores;
YouTube: 4 publicações / 3,1 mil seguidores.
Nas redes sociais, a equipe de Guilherme Boulos (PSOL) aposta na criação de conteúdo que exalta a própria candidatura e critica outros presidenciáveis. Entre os principais temas das postagens estão:
Imagens e vídeos do candidato e da vice, Sonia Guajajara, durante a campanha;
Anúncio da agenda;
Pedidos de doações para pessoas físicas;
Convites a grupos de campanha no WhatsApp;
Vídeos com opiniões do candidato sobre temas variados;
Propostas das campanhas;
Críticas aos adversários.
Para interagir e chamar a atenção do eleitorado nas redes sociais, Boulos usa como recurso:
Memes para ironizar candidatos adversários;
Memes para exaltar as propostas da própria candidatura;
Uso de clipes curtos, que podem ser publicados nos Stories do Instagram.
Henrique Meirelles (MDB)
Facebook: 31 publicações / 203 mil seguidores;
Twitter: 1.039 publicaçoes / 56 mil seguidores;
Instagram: 22 publicações / 22,1 mil seguidores;
YouTube: 1 publicação / 1,1 mil seguidores.
A estratégia de campanha de Henrique Meirelles (MDB) nas redes sociais concentrou esforços no Twitter, onde o candidato publicou 1.039 vezes em apenas uma semana. Isso dá uma média de quase 150 postagens por dia. Veja os principais conteúdos:
Respostas a internautas que mencionam o candidato, diretamente ou não;
171 das respostas no Twitter tinham o mesmo texto: “#bolsominion detectado”, uma referência aos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) que criticavam o emedebista nas redes;
Apresentação de propostas de campanha;
Postagens de exaltação às qualidades do candidato, principalmente como economista.
A mensagem destinada aos eleitores de Bolsonaro indicam o uso constante de hashtags pelo candidato que se autopromoveu como “candidato geek”. As outras apostas para aproximação com o eleitorado foram:
Uso seguido da hashtag #ChamaOMeirelles, slogan repetido no jingle, acompanhada por vezes de um emoji de braço musculoso;
GIFs em que convoca grupos distintos a votar no candidato;
Vídeos curtos, de poucos segundos, com uso de memes recortando as falas de Meirelles.
Jair Bolsonaro (PSL)
Facebook: 33 publicações / 5,6 milhões de seguidores;
Twitter: 49 publicaçoes / 1,2 milhão de seguidores;
Instagram: 20 publicações / 1,6 milhão de seguidores;
YouTube: 16 publicações / 749 mil seguidores.
Jair Bolsonaro (PSL) é o candidato com o maior número de seguidores agregados nas quatro plataformas. Os conteúdos mais repetidos pelo candidato na primeira semana de campanha foram:
Apresentação das propostas de governo;
Divulgação da agenda;
Imagens de compromissos da campanha nas ruas;
Análises de pesquisas eleitorais, com críticas ou elogios, dependendo dos resultados;
Vídeos e frases de outras pessoas, celebridades ou não, que apoiam o candidato;
Críticas a oponentes e políticos de legendas adversárias.
Nessas postagens, Bolsonaro usa os seguintes recursos para adotar a linguagem das redes sociais:
Emojis, principalmente o que representa uma mão fazendo um sinal com o polegar e o dedo indicador apontado para a direita;
Textos curtos em tópicos, muitas vezes para resumir o vídeo publicado na mesma postagem;
Respostas esporádicas a comentários de usuários.
João Amoêdo (Novo)
Facebook: 84 publicações / 1,7 milhão de seguidores;
Twitter: 150 publicações / 130 mil seguidores;
Instagram: 24 publicações / 235 mil seguidores;
YouTube: 29 publicações / 25 mil seguidores.
João Amoêdo (Novo) usou com frequência as quatro plataformas ao longo da primeira semana. Muitas vezes, o mesmo conteúdo publicado em uma das redes era publicado em outra com adaptações a cada ferramenta. Veja os temas mais abordados nas postagens:
Críticas ao sistema político atual;
Apresentação das propostas de campanha;
Pedidos de voto;
Agradecimento aos novos seguidores;
Transmissões ao vivo;
Apresentação de outros candidatos do partido, principalmente para governador.
Amoêdo é um dos poucos candidatos a ultrapassar a cifra de 1 milhão de seguidores. Assim, para manter a participação dos usuários, o presidenciável aposta em:
Convocar seguidores a se cadastrar para receber notícias do candidato pelo WhatsApp;
Uso da hashtag #temqueacabar ao fazer críticas à política;
Retuítes de outros perfis (correspondente a um terço do conteúdo do Twitter do candidato);
Respostas a usuários, inclusive durante transmissões ao vivo.
João Goulart Filho (PPL)
Facebook: 13 publicações / 6,5 mil seguidores;
Twitter: nenhuma publicação / 264 seguidores;
Instagram: 5 publicações / 1,1 mil seguidores;
YouTube: nenhuma publicação / 25 seguidores.
O candidato João Goulart Filho (PPL) usa apenas duas das quatro plataformas em sua campanha à Presidência da República. O perfil no Twitter estava inativo desde 2010 – nele, ainda constam seus dados eleitorais de quando Goulart Filho tentou uma vaga de candidato distrital pelo PDT.
No YouTube, o presidenciável tinha um perfil desatualizado há quase um ano. Porém, nesta segunda-feira (26), já depois da primeira semana de campanha, ele já havia criado uma nova conta no site de vídeos.
Veja o conteúdo das postagens no Instagram e no Facebook:
Imagens de bastidores das gravações dos vídeos da campanha;
Imagens das campanhas nas ruas;
Apresentação de propostas.
A equipe de Goulart Filho pouco usou os recursos das redes sociais no início da campanha, e apostou principalmente no uso da hashtag #jangovive, uma referência a João Goulart, pai do candidato e presidente do Brasil deposto em 1964.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Facebook: 101 publicações / 3,7 milhões de seguidores;
Twitter: 238 publicações / 404 mil seguidores;
Instagram: 22 publicações / 395 mil seguidores;
YouTube: 20 publicações / 68,5 mil seguidores.
Preso em Curitiba, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ultrapassa a marca de 3 milhões de seguidores no Facebook, rede que sua equipe alimentou com mais de 100 postagens nos sete primeiros dias na campanha. A candidatura petista também foi a que mais utilizou o YouTube nesse período, com 20 vídeos em sete dias. Veja os conteúdos:
Argumentos pela manutenção de Lula como candidato à Presidência;
Presença do candidato a vice, Fernando Haddad, principalmente em retuítes;
Críticas à imprensa;
Vídeos de apoiadores (celebridades ou não);
Links para o site oficial da campanha;
Resultados de pesquisas eleitorais;
Vídeos gravados por Lula antes da prisão em abril;
Agenda de campanha de Haddad.
Para interagir com os usuários, a candidatura petista recorreu a:
Uso das hashtags com os slogans da campanha (#LulaLivreJá e #OBrasilFelizDeNovo);
Pedido de doação por meio de um link que redireciona para o site da campanha.
Marina Silva (Rede)
Facebook: 26 publicações / 2,5 milhões de seguidores;
Twitter: 42 publicações / 1,9 milhão de seguidores;
Instagram: 32 publicações / 113 mil seguidores;
YouTube: 9 publicações / 14 mil seguidores.
A campanha de Marina Silva (Rede) investe na produção de vídeos curtos e transmissões ao vivo para falar com os vários seguidores: ela supera a marca de 1 milhão tanto no Twitter quanto no Facebook. Os conteúdos abordam principalmente:
A vida cotidiana da candidata, com bastidores;
Exaltação aos resultados das pesquisas eleitorais;
Mensagens de apoio de celebridades que declaram voto à candidata;
Vídeos e frases selecionadas dos debates na televisão;
Apresentação de propostas.
Um recurso para chamar a atenção do eleitorado nas redes é o humor: Marina abre vídeos com “Olá, amigos da rede live. Estamos aqui para mais ‘deixe a live me levar, live leva eu'”, um trocadilho com o termo em inglês para as transmissões ao vivo. A equipe da candidata também usa:
Hashtags com o nome de Marina Silva;
Convocações aos eleitores para tirarem dúvidas durante as transmissões ao vivo;
Postagem de comentários com o link para doação à campanha.
Vera Lúcia (PSTU)
Facebook: 16 publicações / 17,3 mil seguidores;
Twitter: 18 publicações / 12 mil seguidores;
Instagram: 16 publicações / 700 seguidores;
YouTube: não tem perfil próprio.
Vera Lúcia (PSTU) usa prinicpalmente o Facebook, o Twitter e o Instagram para divulgar a campanha. A candidata não tem perfil próprio no YouTube, mas o partido usa o site de vídeos para publicar o conteúdo da candidatura. Nas redes, as publicações falam sobre:
Vídeos gravados pela candidata e pelo vice, Hertz Dias, com propostas da campanha;
Agenda da candidata;
Fotos e vídeos dos compromissos de campanha;
Fotos e vídeos com apoiadores, famosos ou não.
Reportagens sobre a candidatura.
A interação com o eleitorado ocorre principalmente durante as transmissões ao vivo, geralmente no mesmo momento dos debates da televisão — ela não precisa ser convidada porque o PSTU não tem representação no congresso nacional. Além disso, Vera Lúcia usa, por vezes, hashtags com o nome da candidata e posta links no Twitter para postagens maiores no Facebook.
Como as redes sociais afetam as campanhas?
Na opinião de Marco Aurelio Ruediger, diretor de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as redes sociais têm um papel relevante, principalmente nas eleições majoritárias (presidente, governador e senador), em que há menos concorrentes. Segundo ele, há até pouco tempo o sucesso de uma candidatura dependia de dois fatores: capilaridade — ou seja, a quantidade de votantes e cabos eleitorais dispersos pelo território — e o tempo de televisão.
“Agora, há um terceiro fator: as redes sociais. Em uma eleição disputada, elas podem definir quem passa para o segundo turno, ou até definir o resultado de uma votação apertada como a de 2014”, diz Ruediger.
O especialista explica que, com as redes sociais, o cidadão se aproxima do político. Ele ganha um canal direto e em tempo real com o candidato, e não precisa se deslocar até compromissos de campanha, por exemplo, ou sintonizar em horários específicos à TV ou ao rádio, onde o tempo dos candidatos é reduzido.
“O que muda é que diminui o custo de uma ação política. Ir a reuniões e encontros depende de doação de tempo”, afirma Ruediger.
A estratégia é a mesma em todas as redes?
Não deveria ser. Ruediger explica que cada rede tem seu próprio perfil:
Twitter: “É [composto por] acadêmicos, jornalistas, gente que gosta de política. Assim, é a rede mais potente porque quem curte mais política e economia acha o Twitter mais importante como um canal de informação.”
Facebook: “Tem mais núcleos de amigos e famílias, e as postagens envolvem temas mais abrangentes, além de política. Mas tem maior capilaridade do que as outras redes.”
Instagram: “É um público mais jovem, que gosta de culturas e viagens. Tem crescido bastante, mas por razões diferentes.”
E o uso dos robôs e perfis fake?
Deve se intensificar nestas eleições, acredita Ruediger, seguindo a tendência de eleições nos Estados Unidos e Europa. “Esse recurso já existia em anos anteriores, mas se fortaleceu”. No entanto, os robôs e perfis fake tendem a fazer pouco efeito fora das bolhas de opinião dos candidatos. “Mais pessoas que pensam igual se mobilizam dentro dos mesmos perfis.”
Essas “câmaras de ecos”, segundo o especialista, são grupos em que as opiniões são muito próximas, em perfis muito semelhantes. “Elas estão muito presentes nos nossos debates aqui, e o desafio [das campanhas] é usar as redes sociais para sair dessas câmaras”, ponderou Ruediger.
Uma das estratégias usadas para isso — com ou sem o uso de robôs ou fakes — é o chamado “microtargeting”, ou seja, o direcionamento de conteúdo especificamente a um pequeno público-alvo, selecionado a partir do uso dos dados pessoais dos usuários. Para o pesquisador, a estratégia não deve ser protagonista nesta eleição, mas pode se fortalecer nos próximos anos.
Os debates na televisão repercutem nas redes?
Bastante, na opinião de Ruediger. Segundo o especialista, as redes sociais se transformam em campo de discussão dos eleitores durante e depois dos encontros dos presidenciáveis.
“Debate tem importância porque fornece material para repercussão nas redes. Oferece munição e dá relevo a temas para serem discutidos”, analisou Ruediger.
Os candidatos usaram os perfis oficiais para mostrar os destaques de cada um — na opinião de cada equipe de comunicação — nas discussões. Mas, além disso, os eleitores escolhem momentos ruins para expor fragilidades de políticos oponentes. “Eles vão colhendo as partes em que [os candidatos] se saem pior. Então o debate faz diferença, sim”, apontou o especialista.
Fonte: G1
Créditos: G1