O cenário da disputa presidencial para 2018 parecia claro. De um lado, o ex-presidente Lula unificando todas as forças de centro-esquerda, à exceção de Ciro Gomes. De outro, a direita radical representada pelo radical Jair Bolsonaro (PSC-RJ). No meio de tudo isso, a fragmentação completa do bloco golpista, que morre abraçado ao fracasso de Michel Temer, e tenta desesperadamente viabilizar uma candidatura, seja ela de Geraldo Alckmin, João Doria, Henrique Meirelles, Marina Silva, Alvaro Dias ou Luciano Huck.
Lula vinha navegando em céu de brigadeiro, mas, neste domingo, foi surpreendido por uma notícia de potencial impacto na disputa presidencial. O fato político mais importante deste fim de semana foi o lançamento da pré-candidatura de Manuela D’Ávila, pelo PCdoB, o que indica que as forças progressistas poderão se fragmentar em 2018.
A novidade ocorre no exato momento em que o PT tenta ampliar seu leque de alianças, negociando, inclusive, com políticos do PMDB, que foram favoráveis ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Já estão em curso negociações em pelo menos seis estados, como Alagoas, de Renan Calheiros e Renan Filho.
No PT, a presidente Gleisi Hoffmann reagiu com naturalidade e afirmou que, em breve, Lula e Manuela estarão unidos – como que apostando que o PCdoB acabará não levando a pré-candidatura presidencial até o fim:
PCdoB lança Manuela d’Ávila à presidência da República. Grande quadro político, grande mulher! Ali na frente nos encontraremos Manu!
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) 5 de novembro de 2017
No entanto, a candidatura Manuela coloca um debate importante na praça: Lula deve buscar alianças até com políticos que apoiaram o golpe ou deve construir um campo de forças mais à esquerda?
A dúvida, agora, é saber como Lula irá trafegar entre o pragmatismo dos que defendem a conquista do poder a qualquer preço, mesmo apoiando-se em forças conservadoras, e a posição dos que defendem uma nova aliança mais à esquerda.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247