O presidente Jair Bolsonaro rebateu neste sábado, 27, declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem o Brasil é governado atualmente por um “bando de malucos”. “Bem, pelo menos não é um bando de cachaceiros, né?”, disse Bolsonaro.
Condenado e preso na Operação Lava Jato, Lula fez a crítica em entrevista aos jornais El País e Folha de S. Paulo, autorizada pela Justiça e realizada na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o petista cumpre a pena pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Bolsonaro afirmou considerar um erro da Justiça a autorização para a entrevista.
“Olha eu acho que o Lula, primeiro, não deveria falar. Falou besteira. Maluco? Quem era o time dele?”, perguntou o presidente. Ele mesmo respondeu: “Grande parte está preso ou está sendo processado. Tinha um plano de poder onde, nos finalmentes, nos roubaria a nossa liberdade, ok?. Eu acho um equívoco, um erro da Justiça ter dado direito a dar uma entrevista. Presidiário tem que cumprir sua pena.”
Questionado depois sobre a polêmica envolvendo propaganda do Banco do Brasil, que foi retirada do ar, Bolsonaro disse que ministros devem seguir sua linha de pensamento ou “ficar em silêncio”, se discordarem. O presidente mandou suspender nesta semana uma propaganda comercial do banco – a peça, focada no público jovem, expunha a diversidade racial e sexual. Após o cancelamento da campanha publicitária veio à tona uma divergência entre o ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e o novo chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten.
“Quem indica e nomeia presidente do Banco do Brasil sou eu. Não preciso falar mais nada, então”, afirmou Bolsonaro. “A linha mudou. A massa quer o que? Respeito à família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira. Não é a minha linha. Vocês sabem que não é minha linha.”
O caso custou o cargo do diretor de Comunicação e Marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim. Nesta sexta-feira, a Secom — subordinada a Santos Cruz — enviou um e-mail a estatais com instruções para que todo o material de propaganda da administração pública, incluindo o das estatais, passasse por análise prévia da pasta. A ordem era para “maximizar o alinhamento de toda ação de publicidade”.
Horas depois, porém, Santos Cruz emitiu nota dizendo que a medida determinada pela Secom fere a Lei das Estatais “pois não cabe à administração direta intervir no conteúdo da publicidade estritamente mercadológica das empresas estatais”. Questionado neste sábado, 27, sobre como pretendia controlar a publicidade dessas empresas, Bolsonaro respondeu que os ministros devem seguir seu pensamento ou não se pronunciar.
“Olha, por exemplo, meus ministros… Eu tinha uma linha, armamento. Eu não sou armamentista? Então, ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio. É a regra do jogo”, afirmou ele. A frase foi interpretada até por aliados como um puxão de orelha em Santos Cruz.
Fonte: Estadão
Créditos: Estadão