Jair Bolsonaro demonstrou mais uma vez que seu único interesse é o plano eleitoral para tentar a reeleição em 2022. E para isso o presidente está disposto a morrer (não), mas a matar, inclusive milhões de vidas dos brasileiros. Durante a reunião com a cardiologista Ludhmila Hajjar, o presidente insistiu sobre a adesão ao uso cloroquina, que ela é contra, e rechaçou qualquer possibilidade de defender um isolamento social rígido contra o avanço da pandemia de Covid-19.
Em determinado momento, Bolsonaro perguntou sobre medidas que restringem a circulação da população para frear os contágios pelo coronavírus, disse ser contra o fechamento de negócios e a adoção de toque de recolher, casos de São Paulo e Brasília, por exemplo. Bolsonaro chegou a questionar à cardiologista:
“Você não vai fazer lockdown no Nordeste para me foder e eu depois perder a eleição, né?”. A médica ponderou que medidas extremas podem ser necessárias em casos extremos, o que não agradou Bolsonaro.
Hajjar era cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, mas acabou não aceitando a oferta por “questões técnicas”, segundo ela. De acordo com informações do jornal Poder360, as conversas travadas no domingo (14) e na segunda-feira (14) não fluíram em razão da insistência do presidente nestes pontos. Participaram da reunião, no Palácio da Alvorada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A presença de Pazuello e do filho do presidente foi uma surpresa para a médica.
Ludhmila Hajjar viajou a Brasília com o apoio, público ou reservado, de nomes como o do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A reunião de domingo (14) deu aos defensores da cardiologista a impressão de que estava encaminhada sua indicação para substituir Pazuello. Lira até mesmo veio a público, por meio das redes sociais, manifestar que apoiava a nomeação.
Bastidores da conversa
O encontro no Alvorada teve certo constrangimento logo de cara, pois Ludhmila foi a uma reunião para ouvir um convite para ser ministra e encontrou na mesma sala o general que poderia substituir. Passou cerca de 3 horas mais ouvindo do que falando, pois todos os presentes se esforçaram para dizer que nada havia sido feito de errado até agora na política do governo federal para combater o coronavírus. As informações são do Poder360.
Bolsonaro quis saber o que a médica achava da cloroquina. Ludhmila disse que não iria desdizer o presidente eventualmente no Ministério da Saúde, mas que essa fase já havia passado. Que era necessário olhar para a frente. O presidente insistiu. Disse que ninguém sabe ainda o que funciona ou não para tratar a Covid-19 e que os médicos têm o direito de prescrever o que quiserem. Nesse aspecto, houve divergência entre Bolsonaro e Ludhmila.
Pazuello também fez uma longa exposição sobre como tem conduzido a pasta. Defendeu sua gestão. Disse que estava possivelmente saindo do cargo porque não se aliou a ninguém, a nenhum grupo, diferentemente de Ludhmila, que vinha recomendada inclusive por políticos com vários interesses. O presidente ouviu e não redarguiu, como que concordando com a fala do ministro.
Fonte: Polêmica Paraíba, Poder360 e Revista Fórum
Créditos: Polêmica Paraíba