Evitando falar em um cenário de segundo turno em 2022 polarizado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou neste domingo (4/7), em entrevista ao Correio, que Bolsonaro não tem seu voto. Em 2018, Leite anunciou seu voto no mandatário, que disputava contra Fernando Haddad (PT). Nos últimos dias, depois de ter falado publicamente que é gay, o governador tem sido cobrado por esta escolha, visto que Bolsonaro já colecionava declarações homofóbicas.
“O que eu posso dizer é o seguinte: Bolsonaro não recebe meu voto. Ponto. Bolsonaro não recebe meu voto. Agora, vamos trabalhar para que não ocorra esse segundo turno (entre Lula e Bolsonaro). Não é bom, não é positivo para o Brasil o retorno do Lula também, porque além da lógica do programa econômico errado que o Lula representa, que levou milhões de brasileiros ao desemprego – não no governo dele, mas no governo da sua sucessora – gerou um impacto muito negativo”, disse. E completou: “Bolsonaro não recebe meu voto. Isso significa Lula? Não, significa que o Bolsonaro não recebe meu voto”.
O tucano afirmou, ainda, que a polarização vista no Brasil é consequência do PT. “O Bolsonaro é consequência também do PT, que tinha na sua linha de discurso do ‘nós contra eles’. Ali eles lançaram as bases para que houvesse uma reação radical que se personificou em Bolsonaro e para onde parte da população foi. Então, a gente precisa cicatrizar essa ferida, não é razoável que a gente continue cutucando essa ferida com a volta do Lula. Vai manter um bolsonarismo ativo como reação ao Lula e vai ser ruim para o país. A gente tem que encerrar esse capítulo e buscar construir uma alternativa”, disse.
Leite viajou a Brasília para se reunir com correligionários, na busca por apoio ao seu nome para as prévias do PSDB, que ocorrem em novembro. Neste fim de semana, também foi a Santa Catarina e ao Paraná. A chamada “terceira via” no Brasil, que seria uma alternativa a Lula e Bolsonaro em 2022, ainda não conseguiu reunir força em torno de um nome até o momento. Sobre isso, o governador admite que será uma eleição difícil, com um cenário de polarização que já se coloca, mas afirma que a rejeição em relação aos dois nomes que protagonizam a disputa hoje é alta.
“Demonstra que os eleitores estão, sim, dispostos a buscar algo novo, mas precisa se conectar com o sentimento da população para furar essa polarização. Nesse momento, a rejeição a um e a outro é o que alimenta a intenção de votos de um de outro. Mas eu acho que a maior parte da população brasileira quer construir algo. E é sobre isso que a gente quer conversar, sobre o que que vamos construir para o futuro do Brasil, superando esse quadro de radicalismo da política, de ódio e buscando encerrar esse capítulo que nos deixou marcas muito ruins na história recente brasileira”, pontuou.
Impeachment
Sobre a abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro, quando nesta semana foi apresentado o “superpedido”, Leite tenta não se comprometer. “Não se pode banalizar o impeachment, mas não se pode banalizar a presidência”, disse. O chefe do Executivo do RS explica que qualquer tensionamento com o governo federal pode prejudicar a população gaúcha, mas afirma que “há fatos a serem apurados muito graves”, citando o possível superfaturamento no preço de vacinas, que está sendo apurado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19.
“Isso é especialmente chocante, merece toda a rigorosa apuração por parte do Parlamento, seja por parte da CPI ou se for o entendimento de um processo de investigação. Além disso, há a necessidade de avaliação da conduta do presidente do ponto de vista da responsabilidade ou irresponsabilidade com que gerenciou a pandemia. É muito clara a forma que o presidente atuou criando conflito e confronto num momento de crise, colocou a vida dos brasileiros em risco e fez perder vidas que poderiam ter sido poupadas. Se isso é motivo para impeachment, deverá ser avaliado pelos congressistas representantes da população’, afirmou em entrevista a jornalista no diretório do PSDB-DF.
Para o tucano, entretanto, “há motivos suficientes para que a discussão, no mínimo, aconteça. “A gente sabe que a forma politica de um processo de impeachment não envolve apenas a análise técnica e jurídica ou político institucional no Parlamento, envolve também o apoio da população. Essa sustentação deverá ser demonstrada na esfera popular, se for o entendimento do encaminhamento por impeachment”, disse.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: Correio Braziliense