Jair Bolsonaro já está mirando as eleições de 2022, e não apenas a sua reeleição, como também a possível base de apoio. O presidente tem estimulado alguns de seus principais auxiliares no Palácio do Planalto a se lançarem candidatos. Os principais são três assessores especiais da Presidência, entre eles um paraibano, que trabalham diretamente no gabinete e acompanham Bolsonaro em viagens, e estão sendo incentivados a aumentar sua presença nas redes sociais para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. As informação são do jornal O Globo.
O trio escolhido é formado por Tércio Thomaz, o paraibano que atua no gerenciamento das redes sociais no chamado “gabinete do ódio”; pelo ex-policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio, Max Guilherme Machado Moura; e pelo tenente do Exército Mosart Aragão Pereira, que é próximo da família de Bolsonaro no Vale do Ribeira, em São Paulo.
Ao apadrinhar seus “homens de confiança”, Bolsonaro diz querer evitar que aliados de ocasião surfem usando seu nome e depois virem as costas. Nos bastidores, Bolsonaro reclama que em 2018 foi cercado de “oportunistas”. Naquele ano, a onda bolsonarista elegeu 52 deputados federais, quatro senadores, três governadores e 76 deputados estaduais, parte deles rompidos com o presidente atualmente.
A ideia é repetir o fenômeno do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ) em 2018. Desconhecido, mas com a credencial de amigo de longa data de Bolsonaro, ele foi o mais votado no Rio com 345.234 votos. Dois anos antes, havia fracassado ao concorrer a uma vaga a vereador em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e conquistar apenas 480 votos. Atualmente, é visto como um preposto do presidente na Câmara, apresentando projetos de interesse de Bolsonaro. Lopes apresentou, por exemplo, uma proposta para limitar o nível de cobrança dos exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em sua justificativa citou o presidente, que criticou a obrigatoriedade da avaliação e chamou a prova de “caça-níquel”.
De Campina Grande ao gabinete do ódio
Entre as apostas de Bolsonaro estão Tércio Thomaz e Max Guilherme, citados no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a organização de atos antidemocráticos. O primeiro deve sair candidato pela Paraíba, e o segundo pelo Rio, de olho nos votos de policiais.
Natural de Campina Grande (PB), Tércio chamou a atenção do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) por ter criado a página “Bolsonaro Opressor” e foi convidado para trabalhar com a família. Em 2018, o jornal “O Globo” revelou que Tércio estava lotado no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara dos Vereadores enquanto viajava com Bolsonaro durante a campanha presidencial. No governo, Tércio foi acusado de participar do “gabinete do ódio”, como ficou conhecido um grupo de assessores presidenciais que se dedicaria a atacar adversários de Bolsonaro.
Acostumado a atuar mais nos bastidores, Tércio criou em janeiro uma conta no Twitter e um canal no Telegram. Lá, divulga falas de Bolsonaro e atos do governo, e também ataca adversários, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele tem 8 mil seguidores no Twitter e pouco mais de 900 inscritos no Telegram.
No Rio e em São Paulo
Policial militar do Bope, Max Guilherme atuou como segurança de Bolsonaro nas eleições de 2018. Ele foi contratado pelo PSL, antigo partido do presidente. Logo após a eleição, foi cedido pela PM para trabalhar com Bolsonaro. A cessão foi renovada em janeiro. Max Guilherme integra a comitiva do governo que está em Israel para discutir cooperação tecnológica para o combate à pandemia.
Já Mosart Aragão deve ser lançado candidato por São Paulo de olho nos votos do Vale do Ribeira, onde mora a família Bolsonaro. O tenente é amigo de Renato Bolsonaro, que, assim como o irmão presidente, é capitão reformado. Os dois se conheceram no Exército no Guarujá (SP).
Em uma live em 31 de dezembro, Bolsonaro apresentou Max e Mosart. Em uma curta participação, Max defendeu a excludente de ilicitude para policiais, pauta antiga do presidente. Depois, foi substituído por Mosart, que passou o resto da live ao lado de Bolsonaro, mas quase sem fazer comentários. O presidente contou que em 2016 os dois salvaram duas adolescentes de um afogamento na praia da Barra da Tijuca, no Rio.
No Senado
Para o Senado, Bolsonaro aposta na candidatura por Santa Catarina do secretário especial de Pesca, Jorge Seif, um dos auxiliares mais frequentes nas lives presidenciais. Seif já se filiou ao PL, partido de Valdemar Costa Neto e do senador Jorginho Mello, que tem o apoio de Bolsonaro para disputar o governo de Santa Catarina. No fim do ano, os dois catarinenses estiveram com Bolsonaro em São Francisco do Sul, no litoral do estado, onde o presidente passou dias de folga. Discutiram ali a viabilidade da aliança.
Fonte: O Globo
Créditos: Polêmica Paraíba