Com a pressão cada vez mais forte sobre o governo, Jair Bolsonaro percebeu que sua blindagem política poderia não ser suficiente para proteger seu mandato. A recriação do Ministério das Comunicações, com a nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN), serve para solidificar de vez a relação com o Centrão. Agora, o grupo político formado pelo ex-deputado Eduardo Cunha entra de corpo e alma no governo bolsonarista.
Não custa lembrar que o presidente está jogando fora de vez uma de suas principais promessas de campanha, que era a de soterrar a chamada velha política. Cargos no governo, dizia então, só seriam ocupados por méritos. Bastou sentir a água subindo – e seu mandato ser ameaçado – para Bolsonaro ressuscitar o velho toma lá, dá cá de guerra. Para salvar a pele, abrigou o Centrão e passou a lhe distribuir nacos do seu governo em troca de proteção contra um eventual processo de impeachment.
O problema é que, com o desgaste cada vez maior, o presidente se viu obrigado a dar espaços cada vez mais nobres para o grupo. Até então, Bolsonaro tinha dado comando de bancos, autarquias, etc. Mas não precisara liberar o primeiro escalão para acolher os novos parceiros.
Ao recriar e entregar a chave de um ministério desse porte para o PSD de Gilberto Kassab – e para um deputado que é genro de Silvio Santos – Bolsonaro mostra como está aflito em busca de aliados.
Esse reforço nas tropas pode até consolidar sua blindagem no Congresso, mas deve abrir a porteira para passar a boiada do Centrão, inclusive com a criação de outras Pastas. O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, gostaria, por exemplo, que seu partido voltasse a comandar o Ministério do Trabalho, como fez em governos anteriores. O problema é que a Pasta foi extinta e passou a ficar sob o guarda-chuva de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Será que o presidente planeja se indispor com o Posto Ipiranga para poder dar mais um quinhão do governo ao Centrão. Para tentar salvar o pescoço, Bolsonaro pode ter feito um acordo que pode sair mais caro do que imagina.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Polêmica Paraíba
Fonte: Estadão
Créditos: Estadão