Um dos homens fortes do Partido dos Trabalhadores, condenado a 41 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em dois processos da Operação Lava Jato, o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, concedeu longa entrevista à BBC Brasil.
Dirceu tem aproveitado o habeas corpus que o Supremo Tribunal Federal lhe concedeu para viajar pelo Brasil e divulgar o livro de memórias que escreveu na prisão.
Ele contesta todas as acusações e diz ter sido condenado injustamente. Hoje, com 72 anos, falou da cadeia, do PT e seus governos, de corrupção, de Cuba e da situação brasileira após as eleições deste ano.
Um dos alvos, foi a família Bolsonaro; o presidente eleito e seus filhos, também escolhidos pelos eleitores para ocupar cargos públicos:
“Em matéria de corrupção, temos que esperar para ver o que vai acontecer com o Bolsonaro e os filhos dele. Eles não têm mais nenhuma autoridade para falar sobre isso. Nem o Moro tem, da maneira que cobraram dos outros. Não que sejam culpados, precisa investigar. Mas o comportamento já revela algo quase inacreditável. A vitória dele se explica também pela questão da segurança, da violência, a questão religiosa, das igrejas evangélicas, do kit gay, a questão do antissistema”, completou.
“Bolsonaro não é qualquer presidente. Ele é um presidente de um governo militar. O que tem de novo no Brasil é que a coalizão PSDB-DEM/PFL, que representava os interesses das elites do país, foi afastada. A coalizão que governará o Brasil é nitidamente do capital financeiro-bancário, que o (futuro ministro da economia, Paulo) Guedes representa, o setor militar, o partido do Bolsonaro e a Lava Jato. Mas, como a cadeira é quente, ele nem sentou ainda e já está esquentando a cadeira, e começa a atenuar as posições”, refletiu.
Fonte: SRzd
Créditos: SRzd