No dia 7 de novembro de 1938 um judeu polonês Grynszpan entrou no gabinete do diplomata nazista Ernst vom Rath e disparou 5 tiros em seu abdômen. Rath morreu em instantes. Os nazistas estavam apertando o cerco contra judeus, comunistas e todos aqueles que discordavam de seu regime e ideais.
Nas ruas de Berlim não faltavam palavras de ordem destilando o ódio contra aqueles que eram contra a “Alemanha acima de tudo e Deus acima de todos”. No dia seguinte ao atentado a imprensa alemã culpou todos os opositores do regime por esse assassinato e os banqueiros que ainda tinham dúvidas se apoiariam ou não Hitler, deixaram-nas para trás.
Esse era o fato que faltava para se criar um sentimento de vitimismo nos fascistas, que “apenas queriam defender a Alemanha, a família e Deus”. As noites que se seguiram ao atentado foram mórbidas e violentas. Os simpatizantes do nazismo atacaram sinagogas, milhares de lojas pertencentes a judeus foram depredadas e homens mascarados mataram cerca de 90 inocentes.
Foi a chamada Noite dos Cristais ocorrida entre 9 e 10 de novembro. Teve esse nome por causa dos estilhaços das vitrines das lojas dos judeus que foram obrigados a varrê-los sob pena de multa. Quase 80 anos depois desse episódio, que daria início ao Holocausto judaico, um fascista sofreu um atentado no Brasil: o deputado Jair Bolsonaro.
Após destilar o ódio contra minorias e opositores da esquerda, defender a tortura e a ditadura, prometendo, inclusive, fuzilar os petistas caso eleito, acabou levando uma facada por um simpatizante da esquerda na cidade de Juiz de Fora.
Imediatamente o grande capital perdeu qualquer escrúpulo. As bolsas subiram instantaneamente e o dólar abaixou. A euforia do mercado de que esse episódio poderá fazer Bolsonaro vencer as eleições foi declarada em vozes e números.
A grande mídia iniciou uma cobertura incessante, dando ao Bolsonaro a narrativa do vitimismo. Agonizante, o fascista declarou ainda no hospital, “Nunca fiz mal a ninguém… Sou pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de todos… sou pela família, pelos cidadãos de bem.”
Iniciaremos uma nova Noite dos Cristais. Os fascistas agora se sentirão no dever de combater violentamente os seus opositores. Seja da forma que for. De nada adiantou, em 1938, declarações de rabinos condenando o atentado contra Rath. De nada adiantou lideranças de esquerda lamentar o ocorrido e arguir em favor da democracia.
Os fascistas queriam um fato como aquele para dar vazão à sua política imperialista de guerra. E os fascistas brasileiros querem tornar esse episódio como a garantia de que as reformas ultra neoliberais vão se estabelecer e serem até mesmo ampliadas ao gosto do mercado. E o inimigo dessas reformas deve ser atacado e é um só: o PT.
Que não haja ilusões. O fascismo foi derrotado pelo glorioso Exército Vermelho ao custo de 20 milhões de vidas soviéticas. Os fascistas não tem limites. Eles são o ódio que se alimenta do próprio ódio. Eles são a fome insaciável do mercado. Eles são a morte e a destruição, vestidas de “amor pela Pátria e por Deus”.
Ficarmos na defensiva de nada adianta. Nosso dever é desmascarar a narrativa do vitimismo e bater forte na política ultra neoliberal de Bolsonaro. Essa é a ação que cada um que se diz defensor da classe trabalhadora brasileira deve pôr em prática.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Carlos D'Incao