“Sou capitão do Exército, sou artilheiro. Mas de economia… eu não estudei economia”, disse ontem, em encontro promovido pela Confederação Nacional da Indústria. “Será que nós temos que entender de tudo?”, questionou.
Enquanto os adversários apresentavam ideias para resolver o desequilíbrio fiscal, Bolsonaro tentava desconversar. “Quem botou o Brasil nessa situação, se não foram os economistas?”, disse. Em seguida, ele pareceu mudar de ideia. Pediu que as perguntas da plateia fossem encaminhadas ao economista Paulo Guedes, que o apoia: “A pessoa adequada é ele, não eu”.
O presidenciável adotou a mesma tática para fugir de uma questão sobre educação. “Não quero falar daquilo que não domino”, escapuliu. “Quem tem competência pra tudo? Se nós temos de nos socorrer da esposa para administrar uma casa, quanto mais para administrar um país”.
Apesar de admitir que não entende de economia, Bolsonaro não vacila ao dizer que tomará o lado dos patrões em disputas com empregados. “Tem que fazer valer a vontade dos senhores”, disse, diante da plateia de empresários. “A grande mídia tem que parar de ver os senhores como bandidos. Ser patrão no Brasil é ser bandido”, continuou, sob aplausos.
O candidato acrescentou que, se for eleito, os trabalhadores terão que decidir entre ter “menos direitos e emprego ou todos os direitos e nenhum emprego”. O capitão já havia batido continência para o PIB na terça-feira. Em encontro com empresários em São Paulo, ele se comprometeu a manter as reformas do governo Temer e a ampliar as privatizações.
Embora se esforce para vestir a farda de liberal, o deputado ainda tropeça no histórico de defesa das corporações. Na sabatina de ontem, ele disse que os militares merecem se aposentar mais cedo e defendeu que alguns políticos acumulem vencimentos acima do limite constitucional. “Quem tem aposentadoria, dá um extra-teto, se for o caso”, afirmou.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo