Alvo da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), se defendeu das acusações em uma entrevista exclusiva concedida à Rede Record, na sexta-feira (9).
Bolsonaro negou qualquer responsabilidade por essa suposta coleta de dados: “Heleno falou que ia se inteirar dos dois lados. É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma. As inteligências, eu raramente usava, das Forças Armadas, da própria Abin, da PF. Vi que ele ia estender o assunto e eu tive que cortar. Não é o caso de ficar dando detalhes aqui. Vai fazer operação, faça”, disse Bolsonaro ao repórter, quando questionado sobre a fala do general em reunião realizada em julho de 2022.
A gravação que mostra a reunião entre Bolsonaro e ministros foi liberada teve o sigilo derrubado pelo Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após diversos vazamentos de investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (PET 12.100).
Sobre a minuta de Estado de Sítio encontrada pela PF em sua sala no escritório do PL, o ex-presidente disse não ter participação no documento e informou que o papel se trata de uma peça de processo que seu advogado de defesa havia conseguido junto ao ministro Alexandre de Moraes em outubro do ano passado.
“Deixo claro, o presidente não decreta Estado de Sítio, primeiro ele ouve os Conselhos da República de Defesa e nesse Conselho tem que tá presente o presidente da Câmara, Senado, e depois ele encaminha para o Congresso Nacional aquela minuta solicitando autorização para decretar Estado de Sítio. Então, isso não é golpe. […] Aqueles papéis eram peça de um processo que o advogado havia conseguido junto ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator daquele inquérito. Estão martelando o tempo todo como se eu tivesse um plano de golpe em 2022, eu fui acusado de ser ditador e querer dar o golpe desde quando assumi em 2019 o Governo Federal. […] Ninguém botou na minha frente nenhum documento, mesmo baseado na Constituição, para eu assinar e decretar Sítio, Defesa ou outra coisa qualquer”, disse.
Questionado pelo repórter Pedro Paulo Filho sobre ser citado no inquérito como parte interessada no golpe de Estado com abolição do Estado Democrático de Direito, Bolsonaro citou os atos de 08 de janeiro de 2023, em Brasília, que classificou como “armadilha da esquerda”, e disse que o episódio se tratou de uma baderna, não havendo tentativa de golpe.
“É um crime falar nisso daí [Golpe de Estado]. O pessoal do 08 de janeiro, no meu entender foram levados para uma armadilha da esquerda, mas o que aconteceu foi baderna, ninguém tentou de forma violenta, usando armas, mudar o Estado Democrático de Direito”, comentou.
Ao final da entrevista, Bolsonaro falou sobre como tem sido os dias na casa dele na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ), onde ele tem permanecido, e as operações da PF que o colocam no alvo.
“Você tem que ter uma estabilidade, não pode se apavorar. Eu sabia que ia ser perseguido. Não tanto, dessa forma”, disse ele.
Perguntado sobre o temor de ser preso, Bolsonaro respondeu ao repórter: “Até você pode ser preso hoje em dia. Não tem mais estado democrático de direito no Brasil. Não existe isso aí. Não existe”.
Fonte: Patos Online/Gazeta do Povo
Créditos: Polêmica Paraíba