Em meio a articulações sobre os apoios para as eleições do ano que vem vários concorrente tem mudado de partido, buscado outro caminho e até mesmo pulado do barco que estava. Com o desgaste da imagem do governo, esse foi um movimento comum enquanto Bolsonaro despencava na avaliação popular. A disputa com o ex-presidente Lula (PT) está consolidada, mesmo que haja esforços de alguns partidos para colocar um candidato em meio a eles.
Com isso, há quem já está fechado com Lula e quem já está fechado com Bolsonaro. Mas tem ainda que não sabe para que lado vai. Durante a semana a coluna da jornalista Thays Oyama, no UOL, trouxe o relato de um ‘novo’ perfil de candidato, chamado por ela de “deputado Bolsolula”.
É aquele cuja base eleitoral se encontra sobretudo em estados do Nordeste. Ele foi contemplado com as gordas emendas do relator e votou o tempo todo com o governo, mas na hora de fazer campanha vai apoiar o ex-presidente Lula, porque, na sua região, o petista dá votos e Bolsonaro tira.
Na Paraíba, esse perfil pode aparecer em alguns dos atuais deputados federais. Até porque, dos 12 atuais representantes do estado, quase metade estiveram na base de apoio dos governos do PT, seja Lula ou Dilma. 5 dos atuais sustentadores de Bolsonaro no Planalto também votaram com Lula na Câmara, são eles: Aguinaldo Ribeiro (PP), Efraim Filho (DEM), Hugo Motta (REP), Wellington Roberto (PL) e Wilson Santiago (PTB).
De acordo com o levantamento do Congresso Em Foco, todos eles tem taxa de governabilidade acima de 90%, ou seja, na esmagadora maioria das vezes votaram junto ao Governo Bolsonaro na Casa. Apesar de alguns se colocarem como oposição, exemplo de Aguinaldo Ribeiro que tem relação desgastada com o governo, as votações no plenário garantem a aprovação de pautas do governo.
Aguinaldo já foi inclusive ministro dos Governos do PT. Motta, Wellington Roberto e Wilson Santiago já fizeram campanha junto a Lula no estado e sabem que a representação do petista no Nordeste, e na Paraíba não é diferente, rende muito mais voto que o nome de Bolsonaro.
O PL não escapa disso, mesmo próximo de filiar o atual presidente, o comando nacional liberou os diretórios estaduais para definirem seus apoios. O partido, inclusive, deve estar na base do Governo Lula, caso seja eleito como apontam hoje as pesquisas. Vale lembrar que José de Alencar, vice dos Governos Lula, era membro do PL.
O mesmo raciocínio vale para os 5 deputados que estiveram nos dois governos, qual caminho vão seguir em 2022?
Quanto aos demais representantes do estado, Edna Henrique (PSDB), Gervásio Maia (PSB), Frei Anastácio (PT) e Julian Lemos (PSL) estão em primeiro mandato. Edna fez oposição aos Governos do PT, assim como Lemos, e apoiaram as pautas de Bolsonaro. Já Gervásio e Anastácio fazem o caminho contrário, são opositores ao atual governo e defendem os avanços sociais dos Governos Lula e Dilma.
Completam a bancada, Damião Feliciano (PDT), Cunha Lima e Ruy Carneiro (PSDB). Os tucanos foram oposição ao PT em mandatos anteriores. Enquanto Damião apoiou e faz oposição a Bolsonaro.
“O voto que importa para nós é o voto do deputado na Câmara”, relatou um representante do alto comando do PP à coluna de Oyama no UOL. “Devidamente azeitado pela generosidade do erário, sob comando de Bolsonaro, esse deputado já prestou seus serviços ao governo. Agora, se quiser virar de esquerda na campanha, tudo bem”, diz o pepista.
E melhor ainda se, com essa manobra, ele conseguir se eleger, dado que tudo o que dirigentes de partido querem numa campanha é fazer deputados federais — é o número deles, e não de senadores ou governadores, que define a fatia do fundo eleitoral a ser abocanhada pela sigla na eleição seguinte.
A mentalidade expõe uma face que dificulta a melhoria no Congresso brasileiro. Os membros de partidos considerados de Centro e daqueles que compõe o chamado Centrão não defendem ideologia, mas apenas interesses. O problema é que, nesse jogo, quem sai perdendo é o povo.
Vem daí a importância de atrelar o voto à Presidência aos votos ao Congresso, seja em deputados federais ou senadores. Independente da ideologia, é importante confiar o voto a quem siga a linha de pensamento do candidato na majoritária, nesse caso, do presidente.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba