A decisão da bancada do PSDB na Câmara em favor do pedido de impeachment está diretamente relacionada à vontade de mostrar ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que ele teria “extrapolado” ao dizer que não é o momento de mexer com esse tema. Uma boa parte dos deputados, inclusive o líder, Carlos Sampaio, quis mostrar quem detém o controle do processo.
Por outro lado, na conversa dos deputados com o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, veio à tona a disposição de parte dos deputados em acabar com o foro privilegiado. O juiz e as excelências visitantes são contra. A conclusão da conversa foi a de que mandar os processos de parlamentares para a primeira instância seria um prato cheio de ações sem fim, ampliando infinitamente a possibilidade de recursos. Especialmente, se fosse para a comarca na qual o político processado fosse votado.
Houve inclusive quem dissesse que, se a Ação Penal 470, vulgo mensalão, demorou oito anos no Supremo Tribunal Federal, qualquer outro processo levaria pelo menos 20 se tudo estivesse na primeira instância. Ou seja, se há algum tempo o foro privilegiado protegia, hoje ele é o mecanismo mais ágil para garantir o julgamento num tempo mais curto e, ao mesmo tempo, incluir logo o sujeito na chamada “ficha-suja”