Acautelai-vos, suspeitos e culpados, descobertos ou ainda no anonimato, ligados direta ou indiretamente ao escândalo do petrolão, filho legítimo do escândalo pai dos demais escândalos, o do mensalão.
Foi preso no início da madrugada de hoje, ao desembarcar de Londres no aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras.
Cerveró voltou ao Brasil para depor na próxima quinta-feira. Deve ter imaginado que seria vapt vupt. Uma vez ouvido pelo juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava-Jato, retornaria a Londres.
Ledo engano. Caiu numa armadilha. De fato, será ouvido pelo juiz em Curitiba. Mas nem tão cedo se reconciliará com a liberdade. Deverá ficar preso por um longo tempo.
Foi a presidente Dilma Rousseff que catapultou Cerveró para o estrelato ao dizer, a propósito da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos, que avalizara sua compra pela Petrobras com base num parecer técnico “falho”.
Quem foi o autor do parecer? Cerveró. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Nada se fazia na empresa sem o conhecimento dela.
Em 2006, a Petrobras pagou ao grupo belga Astra Oil 360 milhões de dólares por 50% da refinaria Pasadena. Dois anos depois, comprou os outros 50%.
Ao todo, Pasadena acabou custando 1,18 bilhão de dólares à Petrobras, mais de 27 vezes o que a Astra originalmente desembolsou por ela. “O negócio do século”, segundo jornais belgas.
Cerveró ameaçou contar a verdade sobre o negócio. Então houve um acerto às escondidas entre ele e emissários do governo. A CPI sob controle do governo aliviou para cima dele.
Interrogado mais de uma vez, Cerveró beneficiou-se com o conhecimento prévio do que lhe seria perguntado. Parecia ter ficado à margem do barulho da Operação Lava-Jato. Até esta madrugada.
Só o juiz Moro sabe o que já foi apurado contra Cerveró. Caso se sinta a perigo, Cerveró poderá negociar a delação premiada. Seria o fim do mundo para os que roubaram ou deixaram roubar na Petrobras.