247 – Em entrevista ao 247, no último domingo (leia aqui), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, falou sobre em que condições o ex-presidente Lula se recolocaria no jogo político, como candidato do PT à presidência da República, em 2018.
“Lula será o candidato em 2018? Pode ser, mas não é certo que será. Se ele pudesse desenhar o futuro, talvez não quisesse voltar à presidência. Não custa lembrar que o Eduardo Campos vinha sendo preparado para isso. Todo mundo sabe disso e todo mundo se esquece disso. Acho que ele só poderá se recolocar se sentir que há ameaças às conquistas da população mais pobre. Se ele o fizer, terá o entusiasmo dos petistas e de muitos não-petistas”, disse Haddad.
Ontem, ao discursar na Associação Brasileira de Imprensa, no ato em defesa da Petrobras, Lula sinalizou que as condições para sua volta estão dadas, ao dizer que “defender a Petrobras é defender o Brasil, é defender os trabalhadores, é defender a democracia” (leia mais aqui).
Em primeiro lugar, porque o cerco à Petrobras já ameaça mais de 100 mil empregos na indústria naval, que renasceu no governo Lula. Por todo o Brasil, estaleiros, que contam com participação de empresas envolvidas na Lava Jato, demitem trabalhadores.
Além disso, o ambiente de criminalização do PT e de negação da política, estimulado por meios de comunicação conservadores, favorece a ascensão de ‘salvadores da pátria’. O candidato mais óbvio a encarnar esse figurino é o ex-ministro Joaquim Barbosa, que, no Carnaval, pendurou uma melancia no pescoço e disse falar em nome dos ‘brasileiros honestos’.
Se Lula afirmou que defenderá os trabalhadores e a democracia, isso significa que ele tem plena ciência de sua responsabilidade histórica, no momento atual, em que cresce, na sociedade brasileira, um movimento protofascista, cujo exemplo concreto, nesta semana, foi a agressão ao ex-ministro Guido Mantega, no Hospital Albert Einstein (leia mais aqui).
Lula também deixou claro que não se acovardará. “O mais importante legado que minha mãe deixou foi o direito de eu andar de cabeça erguida e ninguém vai fazer eu baixar a cabeça neste país. Honestidade não é mérito, é obrigação. Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também”, afirmou.
Isso significa que o sindicalista que incendiou as massas, na década de 80, no ABC paulista, está de volta. Como disse seu ex-porta-voz Ricardo Kotscho, agora é guerra