Política

ASSASSINATO DE TESOUREIRO DO PT: Wallber diz que caso foi "rixa pessoal"; Tárcio Teixeira afirma que violência política já é realidade na Paraíba

Tesoureiro do PT; Wallber Virgolino; Tárcio Teixeira

O assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, no Paraná, foi bastante repercutido também na Paraíba. Lideranças da direita e da esquerda paraibana, como já era esperado, divergiram em suas percepções sobre o ocorrido na madrugada do último domingo, no Sul do país.

O embate opinativo entre eles acontece, principalmente, pela interpretação diferente que eles definem a forma brutal como aconteceu a morte de Marcelo Aloizio de Arruda, que tinha 50 anos. O guarda municipal comemorava seu aniversário ao lado de amigos e familiares, em uma festa que tinha o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula — que lidera as pesquisas presidenciáveis — como temas, na sede de uma associação esportiva da cidade.

Ao longo da comemoração, o policial penal federal, José da Rocha Guaranho, entusiasta do presidente Jair Bolsonaro (PL), parou o seu carro do lado de fora e discutiu com Marcelo, prometendo que voltaria para matar as pessoas presentes na festa. E, de fato, retornou. Armado, gritando “Aqui é Bolsonaro” e disparando tiros. O acusado atirou e matou o petista, que também conseguiu baleá-lo.

Wallber Virgolino (Patriota), que é deputado estadual e seguidor ferrenho do bolsonarismo, condenou os extremismos que, segundo ele, são vistos na direita e na esquerda política, mas descreveu o caso como nada mais que uma “rixa pessoal”.

Ele saiu, inclusive, em defesa do presidente da República, afirmando que a tentativa de politização do caso é tão somente para prejudicar a gestão do governo Bolsonaro.

“Existem extremistas do lado da direita e da esquerda. O que aconteceu em Foz do Iguaçu, na verdade, foi uma rixa pessoal, que estão tentando politizar. O presidente não tem nada a ver com isso. Sempre aconteceu e sempre acontecerá. Não é de agora. Eu não concordo com atitudes extremistas. Que ele pague pelo crime que cometeu”, afirmou.

Em entrevista nessa segunda-feira, Bolsonaro tentou minimizar a fala que fez ainda na campanha de 2018, no Acre, em que dizia que iria “fuzilar a petralhada”, durante um ato político. Segundo ele, a declaração dada àquela época foi feita “em sentido figurado”.

O pré-candidato a deputado federal, Tárcio Teixeira (PSOL), discordou da tentativa de reversão da declaração feita pelo próprio presidente e ligou, mais uma vez, o sinal de alerta para a violência política, que, de acordo com ele, está em crescente no Brasil com as aproximações das eleições, que vão acontecer em outubro.

“Não é nada de figurado. Não é uma posição pontual. Essas agressões, que culminaram com o assassinato do Marcelo Arruda, são mais um passo na escalada da violência política decorrente, sim, da postura do Bolsonaro. Eu acho desleal tratar isso como resultado da polarização política. Na época das eleições presidenciáveis entre o PT e o PSDB, nós tínhamos debates duros, mas não se tinha escalada de violência como temos visto em nossa realidade”, explicou.

O esquerdista deixou claro também que a violência política já é, inclusive, uma realidade na Paraíba. Em janeiro, ele mesmo protocolou uma denúncia ao Ministério Público da Paraíba (MPPB), onde afirmava que uma suporta “milícia política” estava sendo instalada na Polícia Militar do estado, no auge do movimento da classe em busca de melhores condições de trabalho e de salário, que foi negociada com o governo estadual.

À época, Tárcio expôs um áudio de Cabo Gilberto (PSL), líder da movimentação da Polícia Militar, em que o deputado se referia ao governador João Azevêdo como “inimigo”. Ele pediu pressa na investigação, temendo que um “banho de sangue” pudesse acontecer em meio às negociações com o governo.

“Essa violência já chegou na Paraíba. Em janeiro e fevereiro, a violência cresceu 14,43% durante os atos ilegítimos do caso Gilberto, que partidarizou setores da Polícia Militar. Do outro lado, existe uma postura violenta e agressiva, que precisa ser enfrentada, porque a gente está falando de violência contra pessoas, contra vidas”, afirmou.

Marcelo Arruda deixou quatro filhos, sendo um deles um bebê com pouco mais de um mês de vida. No momento do crime, de acordo com Pâmela Silva, viúva do petista, afirmou que o grupo que comemorava o aniversário já estava se dispersando e que havia cerca de 15 pessoas no local.

 

Fonte: Vitor Oliveira
Créditos: Polêmica Paraíba