O deputado estadual Jeová Campos (PSB) presidiu, na tarde desta terça-feira (01), uma audiência pública para discutir os efeitos da possível privatização de estatais anunciadas em agosto pelo presidente Jair Bolsonaro. A audiência, que também foi subscrita pela deputada Cida Ramos, reuniu na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), categorias de algumas estatais que estão na lista de privatizações do governo federal, como o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect-PB), o Sindicato dos Trabalhadores da CBTU (Sintefep), o Sindicato dos Trabalhadores da Dataprev (SindPB), assim como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Outras entidades também compareceram ao encontro e se acostaram à luta contra a entrega das empresas estatais ao capital especulativo. Jeová reiterou sua posição contrária a essa política do governo federal e subscreveu documento neste sentido que será encaminhado ao governador João Azevêdo.
Para o deputado Jeová Campos, que recebeu a propositura da ação através de representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, esse foi um encontro muito proveitoso, do qual sairá, inclusive, uma carta aberta dos deputados da ALPB subscrevendo o apoio ao Movimento da Não Privatização e um ofício que será encaminhado ao governador João Azevedo, solicitando o apoio do chefe do executivo ao movimento.
“Foi um importante momento de defesa da soberania do país. A defesa dos direitos dos trabalhadores de não serem jogados ao desemprego. Esse foi um encontro que teve uma tensão diferente, não digo só no ambiente interno, mas em relação à animação dos presentes. O pessoal da Dataprev, Serpro, CBTU, Correios e tantas outras que estão sendo privatizadas, estão se mobilizando. È preciso reagir, mobilizar e fortalecer esse movimento para derrotar essa politica desastrosa do governo federal de passar o lucro das estatais para a iniciativa privada”, comentou Jeová, ao final da audiência.
Ao todo, nove empresas estatais estão sofrendo ameaças. Telebras, Correios, Codesp, Dataprev, Sepro, Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), Empresa Gestora de Ativos (Emgea), Agencia Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF) e Cia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Na ocasião, os discursos das representações foram enfáticos em afirmar que as empresas oportunizam lucros para os cofres públicos, são superavitárias e questionaram a insistência de privatizá-las.
Tony Sérgio, que é secretário geral o Sindicato dos Correios, ressaltou o impacto da privatização na vida de 1.221 funcionários dos Correios na Paraíba. “Somos concursados. Não podemos perder nossos empregos”, disse ele, lembrando um direito adquirido. Tony apresentou também um vídeo na ocasião em que se faz um levantamento em que é mostrado uma espécie de movimento mundial pela “Reestatização”. “Varias empresas no mundo foram reestatizadas entre 2000 e 2006”, ressaltou ele, dizendo que se não fosse a privatização da Vale do Rio Doce, por exemplo, o Brasil estaria vendo a empresa lucrar como lucra hoje para a iniciativa privada.
O professor Doutor em Ciências Sociais Aplicadas e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcelo Sitcovsky, destacou que cinco das nove estatais listadas tiveram valorização no mercado de ações e obtiveram juntas lucro de mais de 70 milhões no final de 2018. “Estamos aqui em defesa da Educação, das estatais. È fundamental que classe esteja reunida contra as propostas destrutivas desse Governo”, disse o professo. Para Marcelo, o plano do governo federal, sem dúvida, é o desmonte do serviço público. “Penso ser fundamental recuperar as afirmações feitas por Bolsonaro. Inúmeras vezes. ele ressalta em suas falas que sua plataforma é vender tudo”, comentou o professor, que representou a Universidade na sessão especial.
O ex-diretor da Dataprev, Rodrigo Assumpção, afirmou que no caso específico da entidade e do Serviço Federal de Processamento de Dados – Serpro, para além da lucratividade, as empresas são estratégicas para o país e não podem, em hipótese alguma, serem entregues ao interesse privado. “Elas tratam da infraestrutura nacional de dados Não há a menor possibilidade de o governo operar sem as empresas. Elas não podem ser vendidas. Vamos vender o direito de informação dessas empresas. Isso rompe as regras de direito de tecnologia da informação do país. Além disso, o país não tem capacidade de tecnologia da informação. Estamos falando de ameaçadas de capacidade operacional, de gestão e de controle de processos. Ameaça a uma infinidade de dados”, alertou Rodrigo.
Estiveram presentes da reunião representantes da CODATA, da Federação Nacional de processamento de Dados – FENADOS, do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios – SINTECT-PB, do Sindicato dos trabalhadores Ferroviários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, ADICAP, ARTEC, AFAACO, CUT, Cagepa, Ministério do Trabalho. Além disso, os deputados Buba Germano e Dra. Paula também apoiaram a ação. O deputado Buba Germano, inclusive, destacou na ocasião que tem esperanças de que isso não aconteça. “Fizemos um congresso de Ciência e Tecnologia e formamos um movimento em defesa de nossas Universidades Federais Conseguimos preservar as bolsas dos pesquisadores. Mostramos os avanços deles. Então, vocês podem contar com a nossa participação porque vamos fazer de tudo para não acontecer isso. Vamos esperar que em algum momento de lucidez isso não aconteça”, disse o parlamentar.
Fonte: News Comunicação
Créditos: Eliane Sobral