Uma vez que a questão-chave, sobre a futura candidatura do deputado federal Romero Rodrigues a prefeito de Campina Grande, vai se mostrando consolidada, as discussões avançam para o tema das alianças e da composição das chapas.
Nesse ponto, como já mostramos, há movimentos defendendo a formação de aliança entre Romero e o governador João Azevêdo (PSB), inclusive com uma linha a favor da indicação do vice pelo socialista.
Outro grupo defende que Romero não deveria se juntar ao coletivo girassol, inclusive por questões de cunho ideológico, já que conservadores não admitem subir no mesmo palanque do governador por ser este socialista – e aliado do presidente Lula.
Independente da legitimidade da tese, tal discurso, todavia, encontra uma contradição extremamente profunda. Se não é admissível Romero fechar com João por questões ideológicas, o que dizer da aliança do prefeito Bruno Cunha Lima com o senador emedebista e lulista de carteirinha Veneziano Vital do Rêgo?
Se o problema é ter sido João eleito como sucessor do ex-governador Ricardo Coutinho, foi com o apoio de quem que Veneziano conseguiu se eleger senador em 2018?
E se é assim, por que eventual aproximação entre os até hoje oponentes Romero e João é um pecado abominável, mas o fato de Bruno ter trazido Veneziano para o governo, oponente irreconciliável de Romero (e do prefeito até um dia destes), não é nada demais? Logo, o “grupo” não admite João, mas Romero tem que aceitar Veneziano?
Em tempo, a presente análise não é sobre eventuais méritos e deméritos de João e Veneziano, os quais, por sinal, assumem e defendem suas posições políticas.
É sobre a contradição insanável de discursos que se abraçam ao argumento ideológico como mera desculpa para conveniências pessoais.
Fonte: Lenildo Ferreira
Créditos: Polêmica Paraíba