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Ao Polêmica Paraíba, José Nêumanne Pinto diz que gestão de Bolsonaro é 'devastadora': "Destruidor, demolidor, um sujeito perverso" - VEJA ENTREVISTA

De férias em João Pessoa, o jornalista paraibano José Nêumanne Pinto, que tem 70 anos de idade e trabalha no jornal Estadão, concedeu uma entrevista exclusiva ao Polêmica Paraíba. Ele falou sobre as suas experiências na política e sobre o cenário atual de pré-eleição presidencial.

Natural de Uiraúna, no sertão do estado, Nêumanne começou a carreira na rádio Caturité e no Diário da Borborema, ambos da cidade de Campina Grande. Depois de se mudar para o Sudeste, o jornalista trabalhou em grandes jornais, como a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil. Atualmente, ele trabalha no Jornal do Estado de São Paulo, ‘Estadão’, na rádio Eldorado e conta com seu próprio canal no Youtube.

“Desde 1986, estou trabalhando no Jornal Estado de São Paulo. Comecei como editor de política, depois fui ser editorialista e hoje eu sou assistente da diretoria. Escrevo uma coluna quinzenal na página 2 de opinião, e outra semanal no blog do Nêumanne, no portal do Estadão. Estou também na rádio Eldorado, que faz do grupo do jornal do mesmo jornal. Faço comentários de segunda a sexta, 25 minutos de comentário, que é transmitido diariamente, às 7h35 da manhã. Além disso, eu comecei a usar um canal que eu tinha, ‘José Nêumanne Pinto’, no Youtube, que tem 321 mil inscritos. Nele eu faço um comentário diário de política, de segunda à sexta, em torno de entre 10 e 15 min, e aos sábados é publicada uma entrevista, na série chamada ‘Nêumanne entrevista’, e aos domingos um papo cultural chamado ‘Os dedos de prosa’.”

Nêumanne falou sobre as conquistas e experiências marcantes que teve ao longo de sua carreira. “Eu ganhei o prêmio Esso de economia no Estadão, com uma matéria que lançou o Lula como o líder sindical lá no ABC. Acabou que fui ser editor político do jornal, na mesma época da constituição de 88, em que fiz a cobertura completa. Desde então, confesso que tenho uma conexão maior com política.”

Questionado sobre o cenário político atual, o jornalista classificou a situação como devastadora. “É um cenário devastador. Jair Bolsonaro é um destruidor, é um demolidor, é um sujeito perverso. Muita gente até acha que ele é louco mas eu acho que ele não é louco. Louco seria uma forma de atenuar as atitudes dele. Ele é um assassino, um terrorista.”

“Acontece que ele foi eleito no momento oportuno da direita, que foi a completa desmoralização do PT com os dois grandes escândalos de corrupção, o ‘mensalão’ e o ‘petrolão’, da história do Brasil”, completou sobre as eleições de 2018, que elegeram o atual  presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, Nêumanne também aponta que o ‘bolsonarismo’ cresceu diante da situação política em que se encontrava o país. “O Brasil estava sob patrocínio do PT e seus aliados. Esses escândalos foram praticamente jogados no lixo o processo todo. Um processo muito grave e de grande corrupção. Envolveram até o presidente Lula e a Dilma, que acabou recebendo o impeachment.”

Ele explica que a emenda na constituição do governo de FHC, permitiu que qualquer presidente pode se reeleger eternamente desde que tivesse dois mandatos e uma ‘pausa’. “Isso criou uma coisa terrível pro Brasil, em que nós estamos diante de uma polarização absurda e que podemos chegar a um momento, que resulta na minha opinião, de um defeito grave de informação da constituição. Hoje, nós temos um processo eleitoral completamente absurdo, em que, seja qual for o resultado que premie os favoritos, esses favoritos estarão sendo reeleitos, tanto o Lula quanto o Bolsonaro.”

De acordo com as últimas pesquisas, o ex-presidente Lula lidera como favorito para as eleições deste ano, seguido do presidente Bolsonaro. A terceira via ainda se configura mas Nêumanne afirma que existe ‘egoísmo’ e ‘vaidade’, o que dá ‘chance’ a polarização.  “O Lula é um dos favoritos. Muito embora eu ache que essas pesquisas são muito inconclusivas porque 60% dos entrevistados ainda dizem que não tem candidato e eu não vejo como o ‘anti-petismo’ que elegeu o Bolsonaro, agora se permita a se eleger o Lula.”

“De qualquer maneira, a realidade hoje mostra que a polarização tem grande possibilidade de sucesso. A 3ª via tem muito egoísmo, muita vaidade. Não vimos uma união capaz de aproveitar esse voto que não quer a polarização, nem a direita e nem a esquerda. Nem a direita cruel e nem a esquerda corrupta”, contou.

Ainda sim, o jornalista pontuou que, mesmo diante da situação trágica na qual se encontra o Brasil, é ‘muito cedo’ para dar qualquer confirmação sobre o favorito à presidência. “Acho que é muito cedo ainda pra dar qualquer veredito. De qualquer maneira, é um quadro desolador. Agora não dá pra prever nada ainda. Tem que esperar pra ver um nome que vai se firmar fora da polarização.”

“No caso, eu vejo como os mais viáveis, o Sergio Moro e o Ciro Gomes. Mas aí vai ter que esperar um pouco pra ver. Pelo menos até abril, pra ver como se configura melhor isso”, finalizou.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Nathalia Souza