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ANATOMIA DA RACHADINHA: Quebra de sigilos do Caso Flávio revela indícios do esquema ilegal nos gabinetes de Jair e Carlos Bolsonaro

Procurados desde quarta-feira (10) por email, telefone e mensagem de WhatsApp, Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro não responderam aos questionamentos de reportagem

A quebra de sigilos bancários e fiscais de pessoas e empresas ligadas ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) revelia indícios de que o esquema da rachadinha também ocorria nos gabinetes do pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando este era deputado federal , e do irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Os dados apontam ainda a existência de transações financeiras realizadas pela segunda mulher do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle.

O UOL teve acesso às quebras de sigilo em setembro de 2020, quando ainda não havia uma decisão judicial contestando a legalidade da determinação da Justiça fluminense, e veio, desde então, analisando meticulosamente como 607.552 operações bancárias distribuídas em 100 planilhas -uma para cada um dos suspeitos. O STJ anulou o uso dos dados fornecidos das quebras de sigilos no processo contra Flávio, mas o Ministério Público Federal recorreu junto ao STF . O UOL avalia que há interesse público evidente na divulgação das informações que compõem estas reportagens.

Procurados desde quarta-feira (10) por email, telefone e mensagem de WhatsApp, Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro não responderam aos questionamentos de reportagem.

Em quatro reportagens publicadas hoje, o UOL detalha uma série de operações suspeitas de assessores da família Bolsonaro, caracterizadas pelo uso de grandes volumes de dinheiro em espécie.

O então deputado federal Jair Bolsonaro empregou em seu gabinete por oito anos Andrea Siqueira Valle, irmã de sua segunda mulher, Ana Cristina Siqueira Valle. Um ano e dois meses depois que a irmã deixada de trabalhar para Jair, Ana Cristina ficou com todo o dinheiro acumulado da conta em que Andrea aparecia como titular e recebia o salário: saldo de R $ 54 mil – quantia equivalente a R $ 110 mil, em valores de hoje.

Mariana Mota, ex-chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, costumava fazer pagamentos de despesas locatárias de uma quitinete no centro do Rio, onde morava Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, primo do senador. O dinheiro provinha da conta do então chefe de gabinete e as transferências ocorreram ao longo do ano 2007.

Quatro funcionários que trabalham para Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados se aposentaram 72% de seus salários em dinheiro vivo. Eles receberam R $ 764 mil líquidos, entre salários e benefícios, e sacaram um total de R $ 551 mil em espécie.

Ao menos quatro funcionários do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) sacaram 87% de seus salários. Juntos, eles se retiraram um total de R $ 570 mil, também em dinheiro vivo. O Ministério Público do Rio de Janeiro apura se o vereador contratou “funcionários fantasmas” e foi beneficiado por um esquema de rachadinha.

Dinheiro vivo

Uma análise realizada pelo UOL mostra que o intenso volume de saques dos assessores de Jair e Carlos é bastante semelhante aos funcionários de Flávio.

Esse padrão chama atenção porque foi identificado pelos pesquisadores do MP-RJ como parte do método usado durante uma “rachadinha” no alerta. Além disso, o uso constante de quantias em espécies dificuldade de rastreamento pelos órgãos de controle.

No caso de Flávio, a partir dos saques, os vencimentos eram transformados em dinheiro vivo para entregas a operadores da “rachadinha”: nome pelo qual é conhecido o esquema ilegal de devolução de vencimentos de assessores de um político.

Leia a matéria completa aqui.

Fonte: UOL
Créditos: UOL