A rejeição a um candidato é medida pela quantidade de pessoas entrevistadas em uma pesquisa que afirmam que não votariam nele.
Em geral, esse índice ajuda a avaliar qual é o “teto” de votação de um determinado candidato. Se as pesquisas indicam que sua rejeição é de 40%, por exemplo, a tendência indica que ele dificilmente conseguirá mais que 60% das intenções de voto porque, em tese, há outros 40% “bloqueando” o seu crescimento.
Antes de 2018, a última vez em que a taxa de rejeição dos dois candidatos que chegaram ao segundo turno foi tão alta ocorreu em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) disputaram a Presidência.
Às vésperas do primeiro turno, a taxa de rejeição de Lula era 29% e de Serra era de 33%.
Mesmo nas eleições de 2014, uma das mais disputadas da história, a taxa de rejeição de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) às vésperas do primeiro turno não era tão grande quanto de Bolsonaro e Haddad. Na ocasião, Dilma tinha 31% e Aécio 23%.
Em geral, especialistas afirmam que a tendência é que a rejeição a candidatos aumente no segundo turno, quando a eleição se torna mais afunilada. Mas o que fez com que os candidatos preferidos dos brasileiros neste primeiro turno estejam com uma rejeição tão alta?
Para o cientista político Carlos Melo, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), e para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, a explicação é simples: a polarização política vivida no país.
Melo diz que o nível de polarização da sociedade brasileira fez com que o eleitorado antecipasse para o primeiro turno um padrão de rejeição que, em geral, só se observa no segundo turno.
“Pela primeira vez, as duas forças políticas mais atuantes em uma eleição se chocaram muito cedo. É como se tivesse antecipado o segundo turno. À medida que Bolsonaro se estabelecia na liderança aglutinando o antipetismo, por outro lado, o antibolsonarismo também crescia. A polarização fez com que o eleitor começasse a pensar em voto útil muito mais cedo do que o habitual”, afirmou Melo.
A avaliação de Melo é compartilhada pelo diretor do Datafolha, Mauro Paulino. “Essa antecipação de taxas de rejeição muito altas é um reflexo da polarização exacerbada entre os dois polos e espectros políticos brasileira. Como o eleitor está esperando uma postura mais indignada dos candidatos, que seja compatível com a indignação que o eleitor está sentindo, a gente vê o choque entre o antipetismo e o antibolsonarismo muito cedo. São dois candidatos que despertam amor e ódio”, explicou Paulino.