R7 – Logo depois da posse dos deputados federais neste domingo (1º), a base aliada terá o seu primeiro grande teste de resistência na Câmara. PT e PMBD estão divididos nas eleições de amanhã para Mesa Diretora da Casa e cada partido tem um candidato próprio à presidência. Do lado do PMDB, o deputado Eduardo Cunha (RJ) é o favorito edeclara ter certeza de que vencerá as eleições para presidente da Câmara no primeiro turno.
Pelo PT, Arlindo Chinaglia (SP) tem o prestígio do partido e o respeito dos colegas. O deputado foi líder do governo na Câmara no primeiro mandato de Dilma Rousseff e deixou o cargo para assumir a vice-presidência da Casa, após o afastamento forçado do ex-deputado André Vargas.
Para vencer a disputa, é preciso receber a maioria absoluta dos votos — 257 em caso de quórum completo na Câmara. Na contabilidade do PMDB, que recebe apoio de partidos como SD, PSC, DEM, PRB e PHS, Cunha tem 300 votos garantidos.
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Por isso, alguns peemedebistas ainda apostam que o PT vai aceitar um acordo antes das eleições no domingo para fechar uma candidatura única da base, encabeçada por Eduardo Cunha. Mas, o PT de Chinaglia também está firme na campanha e conta com o apoio de PCdoB, PROS, PDT e PSD.
Para o professor de Ciências Políticas da UnB (Universidade de Brasília) Antonio Flávio Testa, a disputa entre os dois principais partidos que compõem a base aliada ao governo pode parecer um racha, mas ao final vai fortalecer ainda mais o bloco. Segundo ele, os peemedebistas podem sair mais fortes, e isso vai refletir na negociação com a base.
— Isso não quer dizer que vai haver um racha, mas os partidos vão cobrar muito mais pelo apoio. O PT perde mais e o PMDB ganha com isso. Se Cunha for eleito, ao longo do ano o PT pode perder espaço, mas a base PT-PMDB não perde. Por mais que abracem políticos diferentes, são partidos muito aliados ainda.
Oposição
Correndo por fora na disputa pela presidência da Câmara, os deputados Júlio Delgado (PSB) e Chico Alencar (PSOL) representam a oposição com candidaturas alternativas aos concorrentes da base aliada.
O candidato do PSB tem apoio declarado do PSDB, do PV e do PPS. Júlio Delgado passou a última semana de campanha reunido com parlamentares. Com o suporte dos partidos de oposição, Delgado conta com uma racha na base eleitoral, que dividiria os votos entre Cunha e Chinaglia, para vencer a disputa.
Em 2013, na última disputa pela presidência da Mesa da Câmara, Delgado ficou em segundo lugar na disputa, recebendo 165 votos. Perdeu com uma diferença de 106 votos para Henrique Eduardo Alves (PMDB), que foi eleito presidente.
Já Chico Alencar foi último a se lançar candidato e, até agora, não tem o apoio de nenhum outro partido. Seus colegas de legenda somam cinco votos na Câmara. Mesmo assim, o deputado afirma que decidiu concorrer à presidência porque não acredita nas propostas dos outros candidatos.
— Nós vimos que as três candidaturas tinham limites para defender a real independência do parlamento. Os candidatos estão mais dedicados a conquistar os votos dos colegas na base de promessa de benefícios, quando na verdade a gente precisa de mais pontes com a sociedade, mais sensibilidade com os problemas do povo.
Em 2013, Chico também se candidatou e recebeu 11 votos, ficando em último lugar na disputa. Já pesquisa realizada na internet por um site especializado em pautas do Congresso Nacional, Alencar aparece em primeiro lugar na preferência do eleitorado.
Todos os candidatos que disputam a presidência da Câmara foram procurados pelo R7. Somente o deputado Chico Alencar retornou as ligações.