Na corrida para criar um novo partido a tempo de disputar a eleição municipal de 2020, os aliados do presidente Jair Bolsonaro pretendem usar a estrutura de movimentos alinhados ao Planalto e investir em grupos conservadores, como os evangélicos.
A Aliança pelo Brasil tem menos de cinco meses para ser constituída e conseguir lançar candidatos em outubro do ano que vem.
Um fracasso significará frustrar o projeto eleitoral de diversos políticos ainda abrigados no PSL, mas que dificilmente obterão do atual presidente da legenda, Luciano Bivar, o direito de se candidatar.
Em média, partidos têm levado mais tempo do que o que resta até o início de abril para serem criados. Um dos mais céleres, o PSD, demorou seis meses entre seu anúncio, em março de 2011, e a criação, em setembro do mesmo ano.
São necessárias 491.967 assinaturas em ao menos 9 estados, todas validadas pela Justiça Eleitoral, para a legenda ser criada.
Embora a área técnica do Tribunal Superior Eleitoral tenha dado parecer permitindo que haja assinaturas eletrônicas, elas devem ser validadas por meio de certificação digital, uma espécie de criptografia que apenas 2,58% dos eleitores possuem.
Segundo pessoas que acompanham o processo de criação da sigla, os advogados de Bolsonaro pretendem apresentar ao TSE outras modalidades, mais simples, de coleta de apoios por meio digital.
Uma delas seria usar a biometria do título de eleitor eletrônico para validar as assinaturas. Outra seria criar um sistema de conferência por um aplicativo com reconhecimento facial e digital.
“Se essa possibilidade digital for aceita, em uma semana a gente consegue as assinaturas”, diz o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), um dos que devem migrar para a nova legenda.
Com a incerteza sobre a coleta digital de assinaturas, os entusiastas da nova legenda não pretendem abrir mão do tradicional método de abordar a população com formulário e caneta.
Com cerca de 2.200 membros em diversos estados, o Movimento Conservador promete se engajar no esforço de reunir os apoios assim que houver um sinal verde da cúpula da nova legenda. Uma reunião em Brasília para dar início formal ao processo de criação da Aliança está marcada a princípio para 21 de novembro.
“Vamos colocar um Exército à disposição do Jair”, diz Edson Salomão, presidente da entidade. Segundo ele, seu grupo tem condições de garantir cerca de 200 mil assinaturas.
“Vamos priorizar locais onde temos bastante atuação, como universidades, Câmaras Municipais e igrejas evangélicas”, afirma Salomão. O movimento também pensa em fazer um ato de apoio a Bolsonaro na avenida Paulista para coletar assinaturas.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo