O acordo para levar o nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a presidência do PSDB se deu em nome da pacificação das correntes ligadas ao senador Tasso Jereissati (CE) e ao governador de Goiás, Marconi Perillo, que abriram mão de suas candidaturas, mas não de um espaço privilegiado na distribuição dos 20 cargos estratégicos restantes que compõem a Executiva Nacional.
Além da cobiçada primeira vice-presidência, o segundo posto mais importante de comando, na mira de Marconi, um dos primeiros desafios do futuro presidente Alckmin é administrar a disputa pelo comando do tão desejado Instituto Teotônio Vilela (ITV), vinculado ao partido, com orçamento estimado em cerca de R$20 milhões e que terá um papel fundamental em ano eleitoral, na mira do grupo de Tasso.
O senador cearense anunciou que, pessoalmente, não vai disputar nada, nem a sucessão de Alckmin se este for eleito presidente da República e tiver que se licenciar ou renunciar. Mas interlocutores informaram que ele pode indicar um nome do seu grupo para o ITV, hoje presidido pelo senador suplente José Aníbal, do grupo de Marconi. Os nomes cotados são do senador afastado Ricardo Ferraço (ES) e do deputado Pedro Cunha Lima (PB).
O mandato de Aníbal venceria em maio do próximo ano, mas, com a antecipação da convenção para dezembro, ele teria que ser reconduzido por Alckmin em dezembro ou ser substituído por outro nome indicado pelo novo presidente. Aníbal articula para ser mantido no cargo.
— A nova Executiva vai decidir quem será o novo presidente do ITV dia 09 — disse o presidente interino Alberto Goldman.
— Como houve uma provável disputa, quem saiu talvez queira um espaço natural na Executiva — diz o secretário geral, deputado Sílvio Torres (SP).
O ITV, como os demais institutos ligados aos partidos, tem entre suas atribuições realizar estudos, pesquisas, doutrinação, educação e formação políticas de seus filiados e candidatos. Realiza seminários e outras atividades culturais e docentes, organização e ação partidárias, dentre elas a informática e o marketing político e eleitoral. O instituto administra 20% de todos os recursos do Fundo Partidário destinados ao PSDB.
— Temos que parar com esse sentimento de que vai beneficiar a turma de um ou de outro. O Geraldo terá que escolher uma pessoa com perfil de diálogo com todos, com capacidade agregadora, para dirigir o ITV. Não podemos lotear o PSDB, isso seria uma tragédia — defende o deputado Domingos Sávio, presidente do diretório do PSDB de Minas Gerais.
Na reunião de segunda-feira no Palácio dos Bandeirantes, Marconi Perillo concordou com o acordo, mas pediu um tempo para discutir com seus aliados a participação que terão na nova Executiva. Nesta terça, ele disse que sua candidatura estava indo muito bem e que poderia vencer a disputa com Tasso.
— Nós tínhamos enquetes nos dando boa margem para a vitória, mas o mais importante não é projeto pessoal, não é vaidade. O Brasil precisa ter um bom presidente a partir de 2019 e eu acho que com esse gesto, meu e do senador Tasso Jereissati, nós estamos contribuindo com a pacificação do PSDB para viabilização de uma boa candidatura e para a vitória — declarou Marconi.
Ao defender hoje uma “cara nova” para o PSDB, Tasso Jereissati defendeu que os escolhidos para esses cargos da Executiva ou do ITV tenham “cara limpa”. Sem citar o presidente licenciado Aécio Neves (MG) — que, como outros tucanos, incluindo o próprio Alckmin, enfrenta processos na Justiça — Tasso deixou claro que a composição deve excluir acusados de corrupção.
Aécio disse que não vai indicar ninguém, que seu tempo já passou, que os dois ex-candidatos devem ser consultados de forma natural, mas alfinetou Tasso dizendo que a nova Executiva será plural.
— Não defendo a exclusão de ninguém. Defendo a inclusão de pessoas com opiniões divergentes. O Goldman e o Alckmin estão montando uma Executiva equilibrada e representativa — respondeu Aécio.
Fonte: O Globo
Créditos: MARIA LIMA / CATARINA ALENCASTRO