A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse hoje que a ala pró-Bolsonaro só permanecerá no PSL se o presidente da República ou alguém indicado por ele assumir a sigla. A intenção do grupo é tirar do cargo o atual presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar (PE), por suposta falta de transparência nos recursos da legenda.
“Continuamos. [A condição é] de que o Bolsonaro possa assumir a diretoria do partido, a Executiva. O partido hoje só é o que é porque o Bolsonaro foi eleito”, disse, ao ser questionada se o grupo continuaria no partido se este fosse “refundado”.
A deputada argumenta que o problema “não é pessoal” com Bivar. De acordo com ela, além de não prestar todas as contas do partido, Bivar colocou 101 pessoas de sua confiança na diretoria do PSL numa “tentativa de perpetuação no poder”.
A vontade do grupo a favor do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), segundo Zambelli, é que Bivar seja retirado da presidência do PSL e uma nova Executiva seja composta.
A relação de Bolsonaro com Bivar desmoronou na terça-feira passada (8): sem saber que estava sendo transmitido ao vivo, Bolsonaro disse para um apoiador “esquecer o PSL” e afirmou que o pernambucano está “queimado pra caramba”.
Desde então, o PSL se vê em crise com alfinetadas de parte a parte e barracos nas redes sociais. Como pano de fundo, ambições políticas, disputa pelo controle do dinheiro do fundo partidário e a influência dos filhos do presidente.
Um fato novo na crise é a operação de hoje da Polícia Federal para investigar o esquema de candidaturas laranjas do PSL e que tem Bivar como alvo.
Questionado sobre a vontade de Bolsonaro em assumir o PSL, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o presidente não lhe comentou nada nesse sentido.
Atualmente, a bancada do partido é formada por 53 deputados federais e três senadores. Segundo Carla Zambelli, o grupo favorável a Bolsonaro pode chegar a 35 parlamentares.
Bolsonaro vem se reunindo com advogados para discutir uma saída por “justa causa” do PSL. Uma possibilidade aventada é que a operação da Polícia Federal possa ser usada como justificativa.
Se Bolsonaro realmente sair do partido, os parlamentares que o apoiam devem segui-lo, se não forem expulsos antes.
“Eu, particularmente, se for expulsa, vou esperar o presidente decidir para onde vai para eu ir também. Na verdade, a gente quer fazer tudo em grupo”, disse Zambelli.
O líder do PSL na Câmara dos Deputados, deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), disse que o partido não pretende expulsar parlamentares e não vai aplicar penalidade aos descontentes.
A retaliação praticada até o momento é a retirada de deputados em comissões da Casa, cuja indicação compete ao líder do partido. Ou seja, o Delegado Waldir. Ainda assim, ele tenta manter o discurso de que todos os parlamentares do PSL são apoiadores de Bolsonaro, não apenas o grupo contrário a Bivar.
“Se nenhum ministro foi convocado nos últimos meses [às comissões da Câmara] é a defesa dos bolsonaristas [que evitou]. Quem sobe em plenário para defender Bolsonaro são todos os deputados. Todos são Bolsonaro”, afirmou.
No entanto, ressaltou haver “centenas de suplentes em busca de um mandato” e “aquele deputado que sair do partido, nós vamos pedir o mandato”.
Durante a tarde de hoje, membros das lideranças do partido próximos a Bivar se reuniram na Câmara. Este só deve chegar a Brasília amanhã cedo.
Mais cedo, o líder do PSL orientou que o partido obstruísse a votação da MP 886, que reformula a atuação política da Casa Civil proposta pelo próprio governo.
“Os parlamentares, em sua maioria, estavam na reunião e por isso tive que sair correndo. Vou lá [no plenário] adequar essa orientação”, justificou Waldir.
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS), do grupo contrário a Bivar, considerou um “absurdo” a atitude do partido em orientar os parlamentares a se oporem a uma medida do Planalto.
Fonte: Uol
Créditos: Uol