Líder do governo na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) admitiu que o Plano de Segurança lançado em fevereiro é “a bala de prata” para tentar melhorar a imagem do presidente Michel Temer (MDB) e viabilizar uma eventual candidatura do emedebista à reeleição.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast Político, o deputado do PP evitou endossar a pré-candidatura do tucano Geraldo Alckmin e repetiu o discurso de que o País está cansado da polarização PT x PSDB.
Leia a íntegra da entrevista com Aguinaldo Ribeiro:
A segurança é o tudo ou nada do governo para Temer sair com uma boa imagem?
Eu acho que o governo já consolidou a imagem de um governo reformista, o governo fez muito, tocou em matérias que antes se quer se pensava em tocar neste País. Evidentemente que nenhum governo fará tudo. Eu acho que na pauta de segurança, o governo fez, mais uma vez, o que ninguém teve coragem de fazer, que foi criar um Ministério Extraordinário da Segurança Pública.
Se a intervenção no Rio der certo, a candidatura de Temer à reeleição se torna viável?
Tudo é consequência na vida. Eu não gosto muito de trabalhar com hipóteses, eu gosto de trabalhar com a realidade, e a realidade é a seguinte: se o governo conseguir, não é nem só fazer dar certo, mas que essa percepção seja transformada em um fortalecimento da imagem do presidente, evidentemente que ele vai ter uma outra posição, mas ele tem dito que não é candidato. Se isso se configurar, ele no mínimo será um grande eleitor.
É ultima grande cartada do governo?
É inegável que essa decisão teve um efeito de reconhecimento da população de imediato, as pesquisas que foram publicadas mostram isso. Isso ajuda o governo do ponto de vista da imagem? Na minha avaliação, ajuda.
Do ponto de vista eleitoral também?
Se você melhora a percepção das pessoas, você também está melhorando a percepção eleitoral. Segurança é sim a bala de prata (de Temer), embora já se tenha feito muita coisa.
O governo Temer tem um índice de rejeição altíssimo. Não é muito difícil reverter esse cenário?
Na política, a percepção do eleitor é imprevisível. Você pode ter aí uma reação que pode mudar isso. Vamos aguardar os fatos. Nada em política é irreversível.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pode ser uma opção do campo governista?
Maia está colocando o nome para viabilizar a candidatura, ele tem tido uma postura de muita correção com o governo, tem tido uma posição de protagonismo em várias matérias que são importantes para o País, e é uma opção também.
E o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles?
É lógico que qualquer governo gostaria que o Meirelles continuasse (no cargo), sem dúvida nenhuma. Mas isso não é um impeditivo, ele tem o direito e a legitimidade de querer ser candidato. Se ele colocar o nome e viabilizar uma aliança, certamente será um nome a ser submetido.
O centro vai conseguir ter um candidato único nesta eleição?
Aí vai depender da capacidade e do altruísmo também das lideranças em favor de um projeto nacional. O que a gente tem visto na política é que as pessoas têm se preocupado às vezes com os projetos pessoais. Se as forças de centro tiverem a disposição de estarem juntas em nome de um projeto para o País, tenho certeza que será um momento muito positivo.
A base já está trabalhando com um cenário em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderá ser candidato. Qual o impacto disso na eleição?
Acho que isso criou um espaço maior no campo da esquerda, ontem tem aqueles querem ocupar o espaço que o ex-presidente tem hoje de liderança no País. Isso também gera um espaço muito maior para que uma candidatura possa ser construída no centro. Isso faz com que se possa quebrar essa polarização entre PT e PSDB, que vem perdurando desde 1994 no País e que se possa oferecer uma alternativa.
O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, então não é uma opção para o centro?
Não sei como o Alckmin se colocou no jogo. Vi apenas a declaração dele de que “habemus candidato”. Quando eu me referia em uma alternativa, era ter uma alternativa a essa polarização que já dura mais de 20 anos. Mas ele também é um nome extremamente qualificado para exercer o cargo. Quem governou São Paulo quatro vezes tem plena condição de governar o País. Mas isso vai depender dessa construção.
Fonte: Paraíba.com.br
Créditos: Estado de São Paulo