O advogado de Gustavo Elias Santos, 28, o DJ de Araraquara, afirmou nesta noite que seu cliente ouviu de outro dos quatro presos pela Polícia Federal (PF) ontem, Walter Delgatti Neto, 30, que a intenção era vender ao PT (Partido dos Trabalhadores) as mensagens “hackeadas” do celular do ministro da Justiça, Sergio Moro.
O advogado Ariovaldo Moreira também disse que Gustavo não sabe se o material foi negociado e afirmou que o cliente não teve envolvimento com a suposta invasão.
A versão sustentada é a de que Walter, amigo de longa data do DJ Gustavo, teria obtido as mensagens e mostrado o feito ao amigo.
“Cuidado que você pode ter problema com isso”, teria dito Gustavo ao ver o material.
Luiz Delgado, advogado de Walter Delgati Neto, disse que não teve acesso ao inquérito e, portanto, não poderia comentar. Ele afirmou que o cliente tem problemas psiquiátricos e “está atordoado”.
À PF, Walter teria confessado invasão
Pessoas que tiveram acesso ao depoimento de Walter Neto à PF afirmaram ao UOL que ele assumiu a autoria da invasão eletrônica ao celular de Moro e ao de Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato em Curitiba.
Conhecido como “Vermelho”, Walter esteve oito anos longe do Twitter e voltou à rede em maio deste ano. Entre as postagens, ele comemorou a divulgação das mensagens na mídia.
Também foram presos a mulher de Gustavo, Suelen Oliveira, e Danilo Marques. Todos foram transferidos de São Paulo para Brasília e ouvidos pela PF. Eles tiveram prisão temporária decretada por cinco dias – período que pode ser prorrogado.
Incredulidade
Segundo o advogado, em um primeiro momento o DJ não teria acreditado na veracidade das mensagens.
Essa conversa entre os dois, segundo o advogado, teria ocorrido há cerca de três meses – portanto, em abril.
“Ele [Santos] disse que a intenção dele [Delgatti] era vender essas informações para o PT. Ele [Santos] confirma que o Walter mandou mensagens pra ele, mandou inclusive parte da interceptação telefônica do juiz Sergio Moro e a intenção, segundo ele, meu cliente, ele dá conta de que o Walter disse a ele que a intenção era vender essas informações para o Partido dos Trabalhadores”, disse.
“Intenção do Walter, meu cliente não está envolvido nessa empreitada criminosa”, disse Moreira.
A assessoria do PT foi procurada, e seu posicionamento será incorporado a este texto, caso seja enviado.
Outras autoridades
O advogado também afirma que seu cliente não identificou nem tinha conhecimento de mensagens que envolveriam outra autoridade pública. A Polícia Federal também investiga, num inquérito em Curitiba, uma suposta invasão hacker ao celular do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato no Paraná.
A Polícia Federal prendeu ontem em São Paulo quatro pessoas na investigação sobre a tentativa de invasão ao celular do ministro Sergio Moro. A PF ainda não confirmou se o ataque ao celular de Moro teve sucesso.
Segundo as investigações, o objetivo do ataque era ter acesso às contas de aplicativos de mensagens, como o Telegram.
Moro foi o juiz responsável pela condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Posteriormente, o juiz deixou o cargo para assumir o Ministério da Justiça no governo do presidente Jair Bolsonaro
Fonte: Uol
Créditos: Uol