Os ambientes virtuais das redes sociais têm revelado um fenômeno político que preocupa: o crescente conservadorismo raivoso. Alimentados por conceitos originados na intolerância ideológica e antidemocrática, disseminada pelo oligopólio midiático que impera em nosso país, surgem aqueles que estimulam uma “guerra cultural” através da internet.
Na ânsia de quererem fazer prevalecer suas opiniões, desconhecem os limites do bom senso e criam tensões desnecessárias, vociferando críticas furiosas contra aqueles aos quais elegeram como inimigos políticos. O mundo virtual torna-se um escudo para a aplicação comportamental colérica, em razão da distância que o separa do contendor e a possibilidade do anonimato.
Essa “onda conservadora” que se propaga no mundo inteiro, com ênfase no momento político nacional, abomina pautas progressistas e odeia conquistas sociais. Há uma insistente compreensão de que a mudança dos tempos não pode alterar valores, crenças e costumes adotados, fazendo do conservadorismo um palanque para discursos de raiva, opressão e violência. Observa-se, lamentavelmente, um engajamento ideológico para instigar o preconceito, agredir minorias sociopolíticas, assumir posturas egoístas do individualismo predatório, reagir contra mudanças sociais.
É falsa a manifestação de intercessão em favor dos “bons costumes e da tradição” quando se verifica que está alimentada pela ira, pela incompreensão, pela intransigência, pelo desdém. O extremismo moralista externado nas redes sociais não consegue argumentar com racionalidade suas ideias porque está apoiado na passionalidade e no fanatismo.
Difícil interagir com os protagonistas do conservadorismo raivoso. Eles não se permitem debater questões contemporâneas que contrariem seus pensamentos. Na falta de fundamentos que justifiquem seus posicionamentos, partem para a agressão, a chacota, a ofensa, na intenção de desqualificar os que se colocam em situação oposta à deles.
Uma sociedade perde sua vitalidade quando se acomoda em ser o que é, ou pior, ser o que foi, sem admitir mudanças revolucionárias. Recusar projetos políticos que produzam transformações através das forças da modernidade, é praticar e defender um conservadorismo burro. Não estou propondo renegar o passado, porque ele nos ensina a viver o amanhã. O conservadorismo, em sua compreensão radical nos remete ao obscurantismo, travando, portanto, o desenvolvimento da humanidade.
No conservadorismo prevalece o discurso individualista e retrógrado. Não concebendo pensamentos divergentes, seus ideólogos reagem com manifestações raivosas, desrespeitando o contraditório. É quando se estabelece a política do ódio, que produz clima de permanentes atritos entre indivíduos de um mesmo grupo social. A linguagem inflamatória se tornando natural. Está na hora desses instintos belicosos serem domados, em favor da construção de uma sociedade fraterna que busque, num ambiente de parceria, avançar sem o aprisionamento a conceitos e ideias conservadoras estéreis.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba