Deputado Alexandre Baldy foi citado em esquema de jogos de azar e viajou com Rodrigo Maia para Jerusalém.
Aos 37 anos e no primeiro mandato como deputado federal, Alexandre Baldy (GO) chega ao comando do Ministério das Cidades, um dos mais disputados da Esplanada. Com apoio do centrão e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Baldy foi escolhido presidente Michel Temer. O novo ministro toma posse nesta quarta (22), no Palácio do Planalto.
Neste domingo (19), o peemedebista se reuniu com Maia na residência oficial do democrata para discutir o xadrez da reforma ministerial iniciada com a saída do tucano Bruno Araújo da pasta, em meio à divisão do PSDB sobre o apoio ao governo.
Com baixa popularidade e em um esforço para aprovar a reforma da Previdência, Temer decidiu contemplar o grupo formado por partidos como PP, PR e PRB. A indicação de Baldy tem o aval do PP, sigla a qual deve ser filiar, após deixar a legenda atual, o Podemos.
Um dos mais cobiçados, o Ministério das Cidades é o 11º orçamento mais alto da Esplanada. São R$ 10,1 bilhões previstos na Lei Orçamentária de 2018, mas o principal atrativo é o alcance nas base eleitorais do parlamentares. A pasta é responsável por programas como o Minha Casa Minha Vida e por ações como ampliação de redes de esgoto e transportes urbanos.
1. Aliado de Rodrigo Maia
Baldy faz parte do grupo de deputados próximos a Maia, primeiro na linha sucessória da Presidência da República. É um dos parlamentares integrantes do núcleo duro do democrata, fortalecido com o enfraquecimento do governo Temer, especialmente após a delação da JBS.
O deputado de primeiro mandato, tem trânsito em várias siglas e vai para o terceiro partido. Foi eleito pelo PSDB, se filiou ao Podemos e irá deixar a legenda após perder a liderança por votar a favor do arquivamento das denúncia contra o presidente, ao contrário da orientação da sigla. Nesta segunda, a presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP) anunciou a “imediata desfiliação” de Baldy.
O deputado foi um dos integrantes da viagem de parlamentares de nove dias por Portugal, Itália, Palestina e Israel no fim de outubro. O gato da Câmara equivale a R$ 90 mil em diárias para os 10 parlamentares no roteiro.
Em maio, Baldy e Maia viajaram para o Líbano junto com o presidente Temer, para o 4º Encontro sobre o Potencial da Diáspora Libanesa. O gasto total da Câmara com a comitiva foi de cerca de R$ 38 mil. O marqueteiro do presidente, o publicitário Elsinho Mouco, é primo por parte de mãe do deputado, de acordo com a coluna Expresso, da Época.
2. Ex-tucano e próximo a Perillo
Antes de ser deputado federal, Baldy foi secretário de Indústria e Comércio de Goiás no governo de Marconi Perillo (PSDB), de 2011 a 2013.
Nesta segunda, o governador de Goiás recebeu o afilhado e afirmou que “o Ministério das Cidades é o mais importante ministério do governo federal” ao citar os programas habitacionais.
Perillo é da ala do partido que apoia o governo do peemedebista e irá disputar a presidência da sigla com o senador Tasso Jereissatti no próximo dia 9.
3. Menino de ouro do Cachoeira
O novo ministro das Cidades participou de esquema de jogos de azar em Goiás comandado pelo empresário Carlos Cachoeira, de acordo com relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso.
Baldy foi classificado como colaborador “da organização criminosa”, com base em gravações telefônicas da Polícia Federal feitas na Operação Monte Carlo. Nas conversas, Cachoeira se referia a Baldy como “menino de ouro”. Na ocasião, o deputado afirmou que não tinha relação com o empresário e disse que o texto do relator não passava de “ilações”.
A CPI resultou na cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mas o relatório do petista Odair Cunha (MG), que pedia o indicamento de Baldy, foi rejeitado. Foi aprovado um texto alternativo que não sugeria qualquer indiciamento.
O novo ministro também foi citado na delação premiada do doleiro Lúcio Funaro. De acordo com ele, o deputado participou de negociações para favorecer a Hypermarcas no Congresso. Baldy é casado com uma ex-integrante do bloco de controle da empresa. O parlamentar nega a acusação.
4. Empresário e milionário
Filho de procurador de Justiça, Baldy cursou Direito mas se dedicou ao ramo empresarial. Montou duas empresa de embalagens em Anápolis, uma focada na industria farmaceutica, alimenticia. Hoje é sócio de cinco companhias.
Na prestação de contas à Justiça eleitoral, declarou ter R$ 4,2 bilhões, incluindo um BMW e participações nas empresas. Na campanha, o maior doador, responsável por R$ 1,175 milhão dos R$ 5,48 milhões arrecadados, é Marcelo Henrique Limírio Gonçalves, ligado a Cachoeira e a Perillo.
Na Câmara, Baldy foi relator da lei de repatriação, do novo Código Comercial e sub-relator da CPI destinada a investigar as operações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em que pediu o indiciamento do ex-presidente
5. O impeachment ‘por Deus e pela família’
Na votação do impeachment de Dilma Rousseff, agradeceu a Deus e citou a esposa e os filhos ao votar pelo afastamento da petista, enrolado em uma bandeira do Brasil.
“Agradeço a Deus a oportunidade de limpar esse país de mazelas, corrupção e mal feitos. Pela minha esposa, pelo meu filho e minha filha, por toda minha família e por toda essa nação, pela minha cidade que me acolheu, Anápolis, Goiás e Brasil, o meu voto, senhor presidente, é sim”, afirmou.
Fonte: Huffpost Brasil
Créditos: Huffpost Brasil