WALDICK SORIANO SERÁ O GRANDE HOMENAGEADO DO BREGAREIA

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O cantor Waldick Soriano será homenageado durante o Festival Nacional da Cachaça, da Rapadura e do Açúcar Mascavo – Bregareia 2013, que acontece nos próximos dias 27, 28 e 29 na cidade de Areia, no Brejo paraibano. Considerado um dos precursores da música brega, Waldick faleceu em 4 de setembro de 2008.

A ideia da homenagem póstuma foi do deputado Tião Gomes (PSL), idealizador e principal propagador do Bregareia. Gomes também é autor da lei 9.619, que instituiu o “Dia Estadual do Brega” na Paraíba. A escolha da data não foi aleatória e coincide com o dia do falecimento do cantor.

A trajetória de Waldick se confunde com a própria história da música brega.

Quem era Waldick?

Eurípdes Waldick Soriano nasceu em Caetité , na Bahia, e era filho de Manuel Sebastião Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas, em sua cidade natal. Teve como fato marcante de sua infância foi o abandono do lar pela mãe, a quem era muito apegado.

Em Caetité viveu sua juventude, sempre boêmia, até um incidente num clube local, que o fez buscar o destino fora da cidade. Desde muito novo era um inveterado namorador e aventureiro e, seguindo o caminho de muitos sertanejos, foi tentar a vida em São Paulo.

Antes de ingressar na carreira artística, trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro. Apesar das dificuldades, conseguiu se tornar conhecido nos anos 50 com a música “Quem és tu?”.

Ele se destacava por suas canções sobre dor-de-cotovelo e seu visual revolucionário para a época: sempre usava roupas negras e óculos escuros.

Seu maior sucesso foi “Eu não sou cachorro não“, que foi regravada em inglês macarrônico por Falcão. Também se tornaram conhecidas outras músicas suas, tais como “Paixão de um Homem“, “A Carta“, “A Dama de Vermelho” e “Se Eu Morresse Amanhã“. 

O “fenômeno”

A posição quase marginal que o ritmo “cafona” ocupou, mereceu uma análise mais acurada e científica, já na 5ª edição, pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo.

Intitulado “Eu não sou cachorro, não – Música popular cafona e ditadura militar”, a obra traz, já em seu título, uma referência a este cantor e sua música de maior sucesso. Ali o autor contesta, de forma veemente, o papel de adesista ao regime de exceção implantado a ferro e fogo no Brasil pelos militares, por parte dos músicos “bregas”.

Waldick, segundo ele, é um dos exemplos, tendo sua música “Tortura de Amor” censurada em 1974, quando foi por ele reeditada. Apesar de ser uma composição de 1962, o regime não tolerava que se falasse a palavra “tortura”.

A revista “Nossa História”, de dezembro de 2005, refere-se ao cantor como “o mais folclórico dos cafonas” (ano 3, nº26, ed. Vera Cruz).

Num dos programas do apresentador Jô Soares,  o músico Ubirajara Penacho dos Reis – Bira – declarou que nos anos 60 tocava apenas os sucessos de Waldick.

Na sua cidade natal, Waldick sempre foi tratado com certo menosprezo. Aristocrática, Caetité mantinha apenas nas camadas mais populares uma fiel admiração. Ali teve dois de seus filhos, gêmeos, de forma quase despercebida, em 1966. Em meados da década de 90, porém, a cidade teve num político o resgate do filho ilustre.

O vereador Edilson Batista protagonizou uma grande homenagem, que nomeou uma das principais avenidas com o nome de Waldick. Pouco tempo depois, o SBT realizava ali um documentário, encenado por moradores locais, retratando a juventude de Waldick, sua paixão pela professora Zilmar Moura e a mudança para o sul.

Silvio Santos, aliás, protagonizou com Waldick uma das mais inusitadas cenas da televisão brasileira: no abraço que deram, foram perdendo o equilíbrio até ambos caírem, abraçados, no chão. Ali, então, simularam um affair, provocando hilaridade.

Por tudo isto, Waldick Soriano faz-se símbolo, no Brasil inteiro, de um estilo, de uma classe social, e da sua manifestação cultural, pulsante e criativa 

A doença

Waldick teve diagnosticado um câncer  de próstata em 2006. Em 2 de julho de 2008, foi divulgado que seu estado de saúde era grave, pois já ocorrera metástase da doença. Veio a falecer em 4 de setembro, no Instituto Nacional do Câncer (Inca), em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro.