Nostalgia

VOLTAS MARCANTES: Relembre os políticos paraibanos que demoraram mais de uma década para retornar ao poder

A política é uma ciência muito dinâmica. Candidatos se mantém no mesmo cargo por décadas, enquanto outros aparecem e somem da vista dos eleitores em um passe de mágica.

VOLTAS MARCANTES: Relembre os políticos paraibanos que demoraram mais de uma década para retornar ao poder

A política é uma ciência muito dinâmica. Candidatos se mantém no mesmo cargo por décadas, enquanto outros aparecem e somem da vista dos eleitores em um passe de mágica.

Aqui na Paraíba, temos verdadeiras dinastias que se perpetuam em Prefeituras e no poder legislativo, o que traz uma sensação de menor rotatividade nas Assembleias e Câmaras Municipais.

Mas isso não é uma regra pré-estabelecida e vários políticos passam vários anos e eleições para conseguir retornar ao poder.

Pensando nesses casos, nós iremos elencar exemplos de grandes líderes que demoraram mais de uma década para vencerem uma eleição.

Ronaldo Cunha Lima: Ronaldo começou a sua carreira política sendo vereador de Campina Grande pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado estadual por dois mandatos, e Prefeito eleito em 1968, já pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Em 14 de março de 1969 teve os seus direitos políticos cassados, passando dez anos em um exílio político, recomeçando a sua carreira de advogado, indo para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro. Anistiado politicamente em 1982, o ex-Prefeito decidiu voltar à política após 13 anos, disputando às eleições, contra o famoso advogado e ex-Deputado Federal, Vital do Rêgo.

Os dois já eram velhos conhecidos e tinham sido candidatos na eleição de 1968, onde Ronaldo foi o vencedor e Vital, o terceiro colocado. O pai de Veneziano e Vitalzinho, teve apoio do então Prefeito Enivaldo Ribeiro, mas a força de Ronaldo e do MDB foram primordiais em uma acirrada disputa, que Cunha Lima venceu por mais de 12 mil votos de vantagem.

Após essa vitória, Ronaldo se tornou Governador em 1990, Senador nas eleições seguintes e Deputado Federal por um mandato.

Biu Fernandes: Benedito Alves Fernandes, mais conhecido pelo apelido de Biu Fernandes, disputou sua primeira eleição em 1968, quando concorreu à prefeitura de Catolé do Rocha pela ARENA.

Tendo como candidato a vice Fabiano Vilar (que viria posteriormente a ser vereador em João Pessoa), foi eleito com 2.625 votos. Após concluir seu mandato em 1972, só voltaria a disputar eleições em 1988, sendo derrotado por José Sérgio Maia na disputa em Catolé.

Voltou a disputar a prefeitura de Catolé do Rocha em 1992, e novamente foi derrotado, desta vez por Dr. Leomar. Esta foi a última eleição municipal disputada por Biu em sua carreira política. Após essas duas derrotas, tentou uma vaga na Assembleia em 94 e 98, sem sucesso.

Mas tudo mudou em 2002, quando conseguiu se eleger Deputado Estadual ao atingir 21.338 votos, em sua primeira vitória nas urnas desde 1968. Sem conseguir se reeleger no pleito seguinte, Biu ainda disputou às eleições de 2010, naquela que foi sua última disputa

Raimundo Lira: A trajetória política de Raimundo Lira é bastante peculiar. O economista e professor, disputou e venceu sua primeira eleição no pleito de 1986. Mas não foi para um cargo de menor expressão, Lira foi o Senador mais votado em um pleito que englobava o então Governador Wilson Braga e o Senador Humberto Lucena, que ficou na segunda colocação e conseguiu se reeleger.

Na sua reeleição em 1994, acabou ficando na terceira colocação, atrás de Ronaldo Cunha Lima e Humberto Lucena. Após ficar 16 anos longe da política, Lira foi colocado como primeiro suplente da chapa de Vitalzinho ao Senado, que foi eleita na segunda colocação ao atingir mais de 800 mil votos.

Mas após a renúncia de Vitalzinho em 2014, para assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União, Lira assume a cadeira e fica até o final de 2018, como um dos três representantes do estado no Senado Federal.

Assis Quintans: Francisco de Assis Quintans, disputou sua primeira eleição em 1976, quando foi candidato a Vice na chapa vencedora encabeçada por Leonardo Guilherme em Sumé. Após ficar oito anos longe da política, tentou ser Deputado Estadual em 1990, ficando na segunda suplência do PDS.

Em 1992, disputou a Prefeitura de Sumé, ficando na segunda colocação, perdendo um pleito disputado contra Genival Paulino. Após ficar mais uma vez na suplência por uma das vagas da Assembleia em 1994, consegue se tornar Deputado Estadual em 1998, naquela que foi sua primeira vitória, desde o mandato de Vice-Prefeito de Sumé, que se encerrou em 1982.

Se reelegendo em 2002 e 2006, Quintans disputou sua última eleição em 2010, quando ficou na primeira suplência do DEM, atingindo pouco mais de 22 mil votos.

Gilvan Freire: Freire disputou sua primeira eleição aos 23 anos, em 1972, quando fica na suplência por uma das vagas a Câmara Municipal de Patos. Após vir para a capital, focou sua atenção para o direito, até 1990 quando decidiu disputar uma das vagas para a Assembleia.

Eleito com pouco mais de 7 mil votos, Gilvan se destacou, sendo líder do Governo Ronaldo e Presidente da Assembleia em seu primeiro mandato. Esses predicados o levaram a alçar voos mais altos, se tornando Deputado Federal, ao ser o terceiro mais votado do pleito, com mais de 57 mil votos.

Com o racha no MDB entre Ronaldo e Maranhão um pouco antes da eleição de 1998, Gilvan decidiu seguir com a ala dos Cunha Lima, saindo do partido, sendo colocado como candidato de oposição ao Governador pelo PSB. José Maranhão conseguiu se reeleger ao atingir mais de 80% dos votos, enquanto Freire ficou com 16%.

Tentou ser Deputado Estadual em 2002 e 2010 e Federal em 2006, tendo boas performances, mas sem conseguir se eleger. Continua trabalhando na advocacia e também como comentarista político.

Epitácio Leite Rolim: O médico Epitácio Leite Rolim foi Prefeito em duas cidades paraibanas. Sua primeira vitória foi em 1961 no município de Cachoeira dos Índios. Deixou a Prefeitura para ser eleito Deputado Estadual pela primeira vez em 1963. Em 1968 foi o vencedor pela Prefeitura de Cajazeiras, em uma disputa contra o empresário Raimundo Ferreira.

Após 10 anos longe da politica, exercendo a medicina, Epitácio volta para a vida pública no pleito de 1982, vencendo uma eleição acirrada contra Antônio Vituriano de Abreu. Após ficar na suplência em uma das vagas da Assembleia em 1990, retorna dois anos depois, quando não consegue retornar à Prefeitura de Cajazeiras, em um embate contra o empresário José Nello Zerinho Rodrigues, por um pouco mais de 100 votos.

Eleito Deputado Estadual em 1994, Rolim não desistiu de voltar a Prefeitura de Cajazeiras em 1996, se elegendo em mais uma eleição contra Vituriano de Abreu. O Prefeito decidiu não disputar a reeleição em 2000, apoiando a candidatura de Carlos Antônio, que saiu vitorioso.

Antônio Augusto Arroxelas: Em 1960, Arroxelas ingressou no curso de odontologia e ainda estudante, presidiu a União Estadual dos Estudantes da Paraíba, filiada à UNE. Logo após se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), onde em sua primeira eleição, foi o sétimo Vereador mais votado da Capital no pleito de 63. Com a implantação da Ditadura foi cassado em 3 de abril de 1964.

Arroxelas foi o principal político paraibano a ser preso e torturado durante os 21 anos de Ditadura. Após alguns anos trabalhando como Dentista e Professor de Biologia, o ex-Vereador participou ativamente do processo de Anistia, sendo premiado com a primeira colocação em seu retorno a política, ao se eleger mais uma vez Vereador da Capital, em 1982.

Eleito para uma das 36 vagas da Assembleia em 1986 ainda filiado ao MDB, Arroxelas tentou ser Prefeito de João Pessoa no pleito de 88, agora no PDT, sendo o sexto colocado e ficando na suplência em sua reeleição na Assembleia, naquela que seria sua última eleição.

Carlos Mangueira: Formado em Economia e Direito pelo Unipê e UFPB, Mangueira elegeu-se vereador pela primeira vez em 1968, tendo sido presidente da Câmara em 1971.

Depois disso, passou dez anos fora da política, atuando como professor da Universidade Federal da Paraíba. Em 82 voltou à Câmara Municipal e em 1988 foi candidato a Vice-prefeito na chapa vencedora encabeçada por Wilson Braga. Braga renunciou ao cargo em 1990, abrindo espaço para que Mangueira terminasse os dois anos de mandato.

O ex-Prefeito ficou na suplência em sua primeira disputa estadual, quando tentou um das vagas à Assembleia em 1994, mas conseguiu se eleger quatro anos depois, ao atingir mais de 14 mil votos. Mangueira disputou sua última eleição em 2002, quando não conseguiu se reeleger, ficando na segunda suplência do MDB.

Jáder Pimentel: O advogado Jáder Pimentel disputou sua primeira eleição em 1970, quando foi eleito Deputado Estadual com um pouco mais de 7 mil votos, filiado a ARENA. Após ficar na suplência nos dois pleito seguintes, Pimentel disputou a Prefeitura de Guarabira em 1982, mas perdeu por pouco mais de 100 votos contra o estreante Zenóbio Toscano.

Mesmo com a derrota, Jáder consegue se eleger Deputado mais uma vez, 16 anos após sua primeira eleição, atingindo mais de 11 mil votos. Com mais duas derrotas, ao perder a Prefeitura de Guarabira em 88, contra Roberto Paulino e a reeleição para a Assembleia, Pimentel finalmente consegue se tornar Prefeito em sua terceira tentativa, ao vencer Léa Toscano.

Após os quatro anos de mandato se afastou da política, retornando em 2010, quando tentou uma das 12 vagas da Paraíba em Brasília, tendo apenas 9 mil votos.

Vital do Rêgo: Formou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Recife, em 1958. No mesmo ano iniciou sua carreira política ao eleger-se deputado estadual pelo PSD. Empossado em janeiro de 1959, virou líder do governo Rui Carneiro e integrou ainda a Comissão de Justiça e Orçamento. Nas eleições de 1962, foi eleito deputado federal filiado a UDN.

Com o movimento que derrubou o presidente João Goulart em março de 1964, Vital do Rêgo filia-se à ARENA após o Ato Institucional Número Dois excluir os demais partidos do cenário político, reelegendo-se para um novo mandato de deputado federal. Concorreu à prefeitura de Campina Grande em 1968, pelo MDB ficando no terceiro lugar. Em janeiro do ano seguinte, seu mandato de Deputado foi cassado, quando teve os direitos políticos suspensos por 10 anos.

Era o reitor da FURNE quando decidiu disputar as eleições municipais em Campina Grande no ano de 1982, filiado ao PDS. Mesmo tendo o apoio do Prefeito Enivaldo Ribeiro, Vital não conseguiu derrotar Ronaldo Cunha Lima, que também voltava a disputar eleições após 10 anos afastado da política.

Em 1990, conseguiu se elegeu Deputado Federal pelo PDT, tendo a quinta maior votação estadual, quase 25 anos após ter o seu mandato cassado. No pleito de 1994, tentou a reeleição novamente pelo PDT, ficando apenas como suplente, fato que se repetiu em 1998. Ainda tentou retornar a Câmara em 2002, filiado ao PSB e em 2006 no PPS (atual Cidadania), sem conseguir se eleger.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraiba