VITALZINHO PROVAVELMENTE SERÁ O VICE DE RICARDO

VENEZIANO CAI. O PMDB DESEMBARCA NO GOVERNO

Por Gilvan Freire

Fotos produzidas pelo Senado

Ao contrário do que vinham afirmando alguns líderes, a candidatura de Veneziano chegou à extrema unção. Também ao contrário do que disse semana passada o deputado Manoel Júnior, o PMDB está se compondo com o governador Ricardo Coutinho. Ou seja, se o povo pensar ao contrário do que dizem os líderes, há imensas possibilidades (e talvez as únicas possibilidades) de está certo.

Mas, a rigor, a imprevisibilidade dos políticos não é muito diferente da imprevisibilidade da política, uma arte cênica que trabalha com malabares e ilusionismos, dois elementos essenciais aos truques e equilíbrios das enganações óticas. Política é uma magia circense.

Em 2010, Cássio fez de Ricardo Coutinho um instrumento político para destronar Zé Maranhão do governo. Agora Zé Maranhão usa Ricardo Coutinho para dar o troco. Ou, de outro modo, Ricardo Coutinho usa Maranhão para se vingar de Cássio. Ou seja: o maranhismo e o cassismo, que vinham como um vulcão adormecido, agora já soltam lavas. Vai render muito fogo. É revanchismo pra todo lado.

 

OS ERROS DE CÁSSIO – Ninguém está imune a erros mas, na política, os erros são mais comuns porque a atividade e seus agentes são necessariamente confusos. Cássio, contudo, nesta fase de supremacia eleitoral, tem cometido erros elementares. O primeiro deles é juntar-se a Ruy Carneiro para esmagar Cícero, desconhecendo seu mandato de Senador e sua contribuição histórica. Cícero está, como Veneziano, só arquejando, mas os atos  de desconsideração de que está sendo vítima têm um efeito contrário muito nocivo a Cássio, que não pode plantar vento em seu terreiro sem causa relevante e politicamente correta. Uma pesquisa qualitativa em andamento vai trazer o que os eleitores cassistas pensam sobre essa situação de Cícero, e Cássio e Ruy podem ser compelidos a reconsiderar as desatenções. Mais ainda agora quando a candidatura de Cássio vai ser muito impactada com o apoio do PMDB a RC.

 

O OUTRO ERRO DE CÁSSIO FOI SUBESTIMAR ZÉ MARANHÃO. Primeiro cogitou da candidatura de Veneziano ao Senado, mediante acordo tratado com Vitalzinho, até que uma pesquisa feita em Campina desaconselhou o acordo, que sofreu grande rejeição entre os cassistas e venezianistas. Ficou impraticável. Depois Cássio incentivou Manoel Júnior, um quadro importante das novas gerações do PMDB mas sem influência nas decisões do partido. Era outra tentativa de isolar Maranhão, então já apoiado por forte pressão da opinião pública numa eventual candidatura ao Senado, pois o próprio Maranhão, mesmo lisonjeado com o apoio popular, não podia querer ser candidato para não trazer prejuízos à aliança de Veneziano com o PT.

 

Enquanto Cássio errava na estratégia e a candidatura de Veneziano esfumaçava, RC procurava ler o ego ferido de Zé Maranhão, a fim de construir uma aliança sem Dilma e sem o PT, os dois principais algozes de Zé e Vené (além de Vitalzinho, a quem negaram um ministério, recentemente, de forma desmoralizante). Entraram em cena vários ex-auxiliares de Maranhão que estão hoje servindo a RC, afora um personagem de grande porte que é peça no xadrez por onde se move o poder.

 

RC AGORA É DOCE COMO O ERÁRIO – Candidato à reeleição, o governador Ricardo Coutinho não tem atrativo popular, nem amigos, nem afagos, mas o governo tem. São os atrativos governamentais que entraram no campo da disputa porque Cássio deusificou-se demais. Como fica o quadro diante dessa reviravolta surpreendente e estonteante?

 

POIS BEM. VITALZINHO PROVAVELMENTE SERÁ O VICE DE RICARDO, para garantir-lhe votos em Campina e receber apoio financeiro à campanha de Veneziano a deputado federal e a sua mãe a estadual. Maranhão poderá ser o senador, para garantir o apoio de Guarabira, Patos, Catolé, Araruna e a capilaridade estadual do PMDB a RC onde ele está de esmolas, além de reforçar em João Pessoa com Zé substituindo Agra.

 

De sobra, Veneziano e Vital ainda destroçariam Rômulo, para que as vinganças dos mestres possam ser consideradas perfeitas e fatais. Mas nem seria de se desprezar que o PT corresse no mesmo sentido, a fim de oferecer Lucélio no lugar de Zé – e este é, hoje, o grande problema.

 

Enfim, um tsunami político está ocorrendo neste momento no Estado, e não se sabe quantos entre mortos e feridos, escaparão. Mas o Tesouro, este sim sairá muito escapelado. E, ao menos, RC já sabe que os mais fracos que vinham chantageando a sua candidatura capenga com apoios dúbios e caros, estes são os candidatos a morrer primeiro, já que arquejam. Mas RC toma oxigênio. O resto serão as consequências.