Vital pode ser “Plano B” na disputa ao governo

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Nonato Guedes

Embora defenda ardorosamente a candidatura do irmão, o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano, ao governo do Estado pelo PMDB, mobilizando, inclusive, lideranças nacionais a lhe hipotecarem apoio, como ocorreu com o vice-presidente da República, Michel Temer, e com o presidente nacional em exercício da legenda, Valdir Raupp, o senador Vital do Rego é encarado nos meios políticos como alternativa para ocupar o lugar, caso acidentes de percurso impeçam a decolagem de “Vené”. Este, por sua vez, ficaria com a opção de disputar mandato à Câmara Federal, substituindo a mãe, Nilda Gondim, que está no seu primeiro mandato naquela Casa.

O “clã” familiar peemedebista de Campina evita sequer cogitar a hipótese de uma retirada da postulação de Veneziano, mas fontes que lhe são próximas garantem que ela pode vir a ser considerada numa emergência. Há, por exemplo, reclamações de alguns líderes peemedebistas no interior do Estado quanto ao método de articulação de Veneziano e há queixas acumuladas por figuras de expressão que, no período de atuação dele na prefeitura, não conseguiram marcar uma simples audiência. Veneziano é tido como mais carismático. Mas Vital é considerado um líder político pragmático, que abre o gabinete em Brasília para atender a prefeitos e parlamentares até de outros partidos, independente de alinhamento político. Há uma outra circunstância que lhe favorece no xadrez em fase de montagem: ele pode perder o pleito de 2014 e ficar com mandato, já que sua permanência no Senado se estende até 2018, enquanto Veneziano, uma vez derrotado, ficaria por um tempo sem cacife. Ou, como dizem alguns informantes, sem lenço e sem documento. No calendário à vista, o ano mais próximo de 2014 é o de 2016, quando ocorrerão eleições municipais. Abrir-se-ia, nesse caso, uma chance para Veneziano tentar voltar à prefeitura pela terceira vez, concorrendo contra Romero Rodrigues ou contra Ronaldo Cunha Lima Filho, se este for alçado à titularidade com um remanejamento de Romero para integrar a chapa majoritária a ser encabeçada pelo governador Ricardo Coutinho no próximo ano. Romero é pule de dez para a vaga de vice de Coutinho naquele prélio.

Depois que deixou a prefeitura, Veneziano dedicou um tempo a se defender de acusações de “herança” negativa que teria legado para o sucessor adversário. Planejou, por conta própria, uma peregrinação por algumas cidades do interior, onde recheia a agenda com entrevistas a emissoras de rádio, prometendo um novo modelo de gestão e criticando falhas da administração de Ricardo Coutinho. Até onde se sabe, ele não conta com reforço estrutural da legenda para essas andanças por cidades, num roteiro que vai de Ingá a Cajazeiras. Também não chega a atrair líderes de dimensão estadual do partido na caravana informal que realiza. Nas cidades administradas pelo PMDB, é recepcionado por administradores que são correligionários de legenda, como André Gadelha, em Sousa, e Francisca Mota em Patos. Gadelha chegou a fazer rasgados elogios à liderança de Veneziano, comparando-o a um “craque” na política.

Há uma insegurança velada, entre aliados de Veneziano, quanto à real posição que o presidente do diretório regional, José Maranhão, vai tomar no pleito do próximo ano. Maranhão deixa claro, repetidas vezes, que o ex-prefeito de Campina é um líder emergente e competitivo, capaz de fazer o contraponto com o governador Ricardo Coutinho (PSB). Mas, quando instado a falar sobre suas próprias pretensões em 2014, Maranhão semeia dúvidas. Insinua que não está pensando em vestir o pijama. Ou se aposentar politicamente. Pode ser uma senha para indicar que ele cogita ser candidato a senador na chapa encabeçada por Veneziano. Há quem acredite que o próprio Maranhão está se colocando como alternativa ao governo, mais uma vez, prevenindo-se diante de problemas que possam surgir na empreitada ora conduzida por Veneziano. Atentos a esses movimentos, aliados do grupo campinense passam a admitir Vital como “Plano B”, consolidando a representatividade do segundo colégio eleitoral na chapa majoritária peemedebista. Mas, enquanto não houver confirmação de risco ou ameaça às pretensões de Veneziano, ele continuará fazendo o papel de candidato ao governo e buscando estadualizar sua imagem para além dos limites do Compartimento da Borborema.