Um grupo de cientistas da Universidade do Missouri-Columbia, nos Estados Unidos, descobriu recentemente que o vírus monkeypox, causador da varíola do macaco, está “mais forte e inteligente”, com uma capacidade maior de evadir-se de tratamentos medicamentosos e da resposta imune gerada pelas vacinas disponíveis. Os resultados do trabalho foram publicados no periódico científico Journal of Autoimmunity.
O aumento na força do vírus se deve, segundo os autores do trabalho, a mutações específicas no vírus que contribuem para uma infecciosidade contínua.
“Ao fazermos uma análise temporal, pudemos ver como o vírus evoluiu ao longo do tempo, e uma descoberta importante foi que o vírus agora está acumulando mutações especificamente onde as drogas e os anticorpos das vacinas devem se ligar”, afirma, em comunicado, outro pesquisador que atuou no trabalho.
Segundo ele, ficou demonstrado que “o vírus está ficando mais inteligente, é capaz de evitar ser alvo de drogas ou anticorpos da resposta imune do nosso corpo e continuar se espalhando para mais pessoas”.
Parte do trabalho envolveu a análise de cinco proteínas específicas do vírus monkeypox: DNA polimerase, DNA helicase, proteína de ponte A22R, DNA glicosilase e G9R. Elas atuam como uma espécie de “armadura” do agente infeccioso.
“Vi que as mutações estavam ocorrendo em pontos críticos que impactavam a ligação do genoma do DNA, bem como onde drogas e anticorpos induzidos por vacinas deveriam se ligar”, acrescenta Singh.
Os achados abrem caminho para o desenvolvimento no futuro de drogas e vacinas mais eficazes para evitar a infecção e o adoecimento pela varíola do macaco.
Globalmente, mais de 78 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença no surto deste ano, o maior já registrado e que se espalhou por todos os continentes, exceto a Antártida.
O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de casos (9.475 até ontem), seguido dos Estados Unidos, com 28,7 mil.
Em 23 de julho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que o surto de monkeypox é uma ESPII (Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional), nível mais alto de alerta da agência sanitária.
Cientistas de todo o mundo ainda tentam entender de maneira mais clara como um vírus que tradicionalmente estava restrito a alguns países africanos conseguiu se espalhar tão rapidamente.
As mutações e comportamentos individuais podem ser, segundo especialistas, algumas das causas.
Fonte: IG
Créditos: IG