Vené: O primeiro na arena

Paulo Santos

O ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, assumiu publicamente – e sua assessoria reforçou – que antecipará o périplo pelo Estado, visando às eleições de 2014, logo após o carnaval que se avizinha. Não deixa de ser estranho que Vené ponha o bloco na rua tão cedo.

Deve ter bons motivos para isso. O que não falta, no PMDB, são candidatos a cargos majoritários e nunca é bom brincar com partido grande acostumado a disparar o “fogo amigo” quando se aproxima um processo eleitoral. Ronaldo Cunha Lima só foi candidato na terceira vez em que se impôs dentro do PMDB.

Também é possível que Veneziano esteja querendo se fazer conhecido no Estado e tentar recuperar um pouco do terreno perdido nas recentes eleições municipais, a começar pela sua Campina Grande onde a peemdebista Tatiana Medeiros perdeu as eleições por mais de 40 mil votos de maioria.

Não foi fácil absorver as derrotas, por exemplo, ao longo da BR 230. Cabedelo, Bayeux e Santa Rita foram as mais visíveis, mas pode levantar a bandeira da vitória em espaços generosos como Patos e Sousa, com Chica Motta e André Gadelha, respectivamente. No futuro talvez ainda possa comemorar Pombal.

Não se sabe quem o destino reserva como adversário de Veneziano em 2014. Pode ser Ricardo Coutinho (PSB) tentando a reeleição, mas pode ser Cássio Cunha Lima que ainda não age publicamente como candidato, mas não esconde o desejo de voltar ao Palácio da Redenção e sabe que, em caso de ir para a briga, seria o favorito. Ou os dois – Cássio e Ricardo – podem deixar de ser irmãos siameses e correr cada um deles em faixa própria.

Essa é uma perspectiva que a Paraíba talvez nunca tenha experimentado: um governador no poder enfrentando a liderança que o colocou nesse lugar e os dois sendo fustigados pelo representante do maior partido do Estado e que praticamente vem dividindo o eleitorado meio a meio. A criatura contra o criador e outro contra ambos.

Externamente é possível que Veneziano diga acreditar piamente em todas as juras de fidelidade que seus correligionários lhe dispensam e, admitamos, muitas são verdadeiras. Essa fidelidade, entretanto, é relativa para alguns que também não confiam naqueles que os comandam. Vené está no primeiro time.

O PMDB está repleto de exemplos recentes de fidelidade e de defenestração. Na Era Humberto Lucena, o próprio comandante abriu mão duas vezes da oportunidade de ser o candidato ao Governo, passando as chances para Tarcísio Burity e, posteriormente, para Mariz. No exemplo inverso se viu a frustração de Ney Suassuna que ficou a pão e água numa campanha de reeleição para o Senado. Ia ficar forte e foi abatido em pleno voo.

É possível que a definição de Veneziano em antecipar seu corre-corre na disputa pelo Governo tenha o objetivo, também, de acalmar o PMDB que há tempos vem se enrolando em crises. E vai para o jogo num momento em que a liderança do ex-governador José Maranhão enfrenta sérias contestações dentro do partido.

Pode até não querer se enfronhar nos labirintos da burocracia partidária, mas terá voz decisiva nos rumos que o condomínio peemedebista quer tomar em João Pessoa. Para se fortalecer e ganhar musculatura precisa oxigenar o partido na Grande João Pessoa, abalado com as derrotas em João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Conde e Santa Rita. A ainda, se for possível, acomodar a dupla Wilson & Santiago com 31 prefeitinhos amestrados.