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VEJA VÍDEO: Léo Pinheiro entrega Vital do Rego e diz que repassou R$2,5 milhões de propina

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Em depoimento prestado na tarde desta terça-feira (13/9) ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro confirmou que o ex-senador Gim Argello pediu doação à Paróquia São Pedro, em Taguatinga. A quantia, segundo o executivo, seria destinada ao ex-parlamentar na condição de propina. Pinheiro, que tenta uma delação premiada, também afirmou ter repassado R$ 2,5 milhões ao ex-senador e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, sendo R$ 1 milhão de doação oficial para o PMDB nacional.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia também foi citado do depoimento. Pinheiro garantiu que fez repasses de R$ 1 milhão ao deputado. As suspeitas sobre os dois políticos surgiram a partir de colaboração premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) na Operação Lava-Jato. Segundo o delator, muitos empresários ligados a obras da Petrobras foram convocados para prestar depoimento à CPI da Petrobras, em 2014. Integrantes da comissão teriam pedido dinheiro para campanhas eleitorais e, em troca, derrubariam esses requerimentos de convocação. Vital do Rego presidia a CPI.

Pinheiro afirmou que se reuniu várias vezes com Gim e Vital do Rêgo. A maioria dos encontros ocorreu na casa de Gim. Em um deles, os dois disseram que poderiam ajudar o executivo na CPI, mas ele teria que ajudar o grupo financeiramente. “Falaram que eu teria que dar contribuição ao senador Vital do Rêgo, que seria candidato ao governo da Paraíba. Falei que não era uma lugar de atuação ou interesse da OAS, mas disseram que eu não estava entendendo, que teria que ajudar com R$ 5 milhões. E que as doações não poderiam ser feitas diretamente, mas por outros mecanismos”, disse Pinheiro nesta tarde.

O ex-presidente da OAS afirmou que teria explicado aos ex-senadores que o valor fugia dos padrões da empresa, mas teria continuado a ser pressionado pelos dois. “O Gim falou para eu fazer uma doação de R$ 350 mil a uma paróquia que ele tinha relações do ponto de vista religioso e político”, declarou. Ao ser questionado pelo juiz se a OAS pagou os R$ 5 milhões estipulados pelos então senadores, Pinheiro garantiu que fez parte do pagamento. “A OAS pagou R$ 350 mil de doação à Paróquia de Brasília (São Pedro, em Taguatinga) e pagou R$ 2,5 milhões, sendo R$ 1 milhão em doação ao PMDB nacional e R$ 1,5 milhão através de caixa 2”, relatou.
O depoimento complica a situação do ex-presidente do PTB no DF. Gim é acusado de comandar um esquema de pagamento de ao menos R$ 5,3 milhões em suborno de empresas para evitar a convocação de empreiteiros investigados na Lava Jato na CPI da Petrobras, onde ocupava o cargo de vice-presidente. Ele negou a Moro que o dinheiro pedido à construtora se tratasse de propina.

De acordo com as investigações, a igreja recebeu uma doação de R$ 350 mil da empreiteira OAS, em 2014, a mando do ex-senador. Em julho, o juiz federal autorizou que a investigação sobre o padre Moacir Anastácio ocorra de forma concomitante às apurações sobre o ex-senador Gim Argello. O pagamento de R$ 350 mil, segundo a Procuradoria da República, à paróquia foi efetivamente realizado em 19 de maio de 2014, “como demonstram as mensagens posteriores no celular de Léo Pinheiro e as informações fiscais da Construtora OAS”.

Esquema
Na denúncia criminal em que acusa Gim Argello e outros oito investigados de cobrar propina, a Procuradoria-Geral da República dedica um trecho do documento à relação entre o padre e o ex-senador. Os investigadores apontam que o pároco “é o responsável por promover a festa religiosa denominada ‘Festa de Pentecostes’, em Taguatinga, que arregimenta milhões de pessoas”.

A acusação afirma que Gim Argello “ocultou e dissimulou os recursos ilícitos oriundos da OAS para dar aparência lícita ao repasse da propina, mediante transferência para a Paróquia São Pedro para obter benefícios na promoção de sua imagem junto aos fiéis do Padre Moacir Anastácio”. O ex-parlamentar foi preso em abril na 28ª fase da operação.
Além da OAS, a Paróquia São Pedro recebeu “doação” da Construtora Andrade Gutierrez no valor de R$ 300 mil em 4 de junho de 2014 “por intermediação espontânea” do então governador do DF Agnelo Queiroz (PT/2011-2015). A igreja destacou que também “recebeu doações” da Construtora Via Engenharia, “todas contabilizadas e à disposição das autoridades”.

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Fonte: Metrópoles