O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP), afirmou na noite desta quarta-feira (16) que o deputado André Vargas (PT-PR), licenciado após denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, decidiu não mais renunciar ao mandato parlamentar, conforme tinha anunciado.
Vicentinho informou ter conversado com Vargas por telefone depois de ter sido protocolada na Câmara, nesta quarta-feira, a carta em que o parlamentar formalizou a renúncia ao cargo de vice-presidente da Casa.
A renúncia de André Vargas ao mandato de deputado era esperada para esta terça-feira (15), mas Vargas recuou e informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que iria “reestudar” o que fazer. A justificativa do deputado para voltar atrás é a decisão do Conselho de Ética da Câmara de, mesmo em caso de uma eventual renúncia, dar continuidade ao processo disciplinar que pode resultar em cassação do mandato.
De acordo com Vicentinho, o próprio Vargas telefonou para ele para informar que não renunciaria mais. Segundo o líder do partido, o parlamentar não deu detalhes sobre o motivo da decisão. O G1 não conseguiu contato com Vargas ou com assessores dele.
“Conversei com o Vargas há pouco e ele disse que não vai renunciar. Claro que eu acredito que seja uma decisão do momento. Ele quer poder se defender perante os deputados [em processo do Conselho de Ética]”, disse.
Momentos antes dessa declaração, o líder do PT tinha afirmado a jornalistas ter a expectativa de que Vargas renunciasse ao mandato, o que ele considerava ser o melhor para o deputado. “Na ligação, eu disse a ele que ele sabe a minha opinião, mas esta foi a escolha do deputado”, afirmou Vicentinho.
O líder da bancada do PT disse não saber se Vargas se manterá licenciado do mandato no prazo de 60 dias ou se volta a trabalhar depois da Páscoa.
Vargas é suspeito de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). O doleiro foi preso sob a acusação de liderar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de R$ 10 bilhões.
No último dia 2, André Vargas chegou a admitir no plenário da Câmara que viajou de maneira “imprudente” em um jatinho fretado por Youssef, mas negou ilegalidade na relação com o doleiro. Três dias depois, a revista “Veja” reproduziu mensagens que ele teria trocado com o doleiro para tratar de um contrato entre uma empresa e o Ministério da Saúde.
Diante da série de denúncias, Vargas passou a sofrer pressão de integrantes do PT para que renuncie ao mandato de deputado. Os petistas temem que a repercussão negativa do caso tenha impacto na imagem do partido e na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. G1