Rubens Nóbrega

Hoje é um bom dia para fazer em família um dos melhores programas de fim de semana (ou da semana toda) em João Pessoa: visitar o XVII Salão de Artesanato da Paraíba, que abre diariamente das duas da tarde às dez da noite até o dia 20 de janeiro no Jangada Clube, praia do Cabo Branco.

Já fui lá uma vez e pretendo voltar pelo menos duas outras até o encerramento. Porque tudo no Salão é bonito de se ver, dá gosto ver. E de comprar também, porque não faz muito sentido visitar apenas por visitar. Comprando, você ajuda e prestigia o belíssimo trabalho dos nossos artesãos.

Que são muitos. Só expondo temos mais de 700, de todos os cantos da Paraíba. No Salão está representada a mais bem acabada produção artesanal de pelo menos 126 municípios, com selo de qualidade aplicado em cada peça criada pelo talento e habilidade desses verdadeiros artistas.

Artistas da madeira, do barro, do ferro, do algodão ou de qualquer outro material que eles pegam, modelam, tecem ou reinventam para transformá-lo em obras da mais indiscutível arte, algumas delas de fama internacional, a exemplo dos presépios e picadeiros em crochê de Lenilda Leal.

Nessa linha, com a mesma qualidade e criatividade, a gente pode listar ainda os oratórios de Regina Von Söhsten, as bonecas leitoras de Gilson Gaudêncio, as pulseiras de Castor Morgado, as cerâmicas de Francisco Ferreira ou os móveis e quadros em madeira de Nilson e Ieda Maria.

Claro que tem muito mais do que isso. Não caberia neste espaço o tanto de gente que merece reconhecimento e elogio por tudo aquilo que cria, produz e aperfeiçoa a cada edição do evento, que em futuro próximo tornar-se-á o maior de todos e o mais concorrido Salão de Artesanato de todo o Nordeste.
Seremos o melhor
Pode ser que falte muito, mas a gente chega lá ligeirinho. Tiro pela Feira de Artesanato que visitei no Centro de Convenções de Natal há dois ou três anos, anunciado como o mais bacana e mais sortido de toda a região. Cá pra nós (que o vizinho não leia, ouça ou saiba), achei essas coisas todas não.

Agora, o nosso é bacana mesmo, como disse e repito, e convido você a tirar a prova. Ainda mais porque este ano o Salão é dedicado ao ‘Imaginário Infantil’, com exposição de brinquedos genuinamente brasileiros, nordestinos, paraibanos, uns com possibilidades educativas, outros – a maioria – simples e naturalmente lúdicos.

Nesse particular, um dos estandes mais visitados não tem suas peças à venda. É o Museu dos Brinquedos. Expõe brinquedos que a gente brincava quando criança, do pião às conchas secas de coco ligadas por um barbante comprido para formar o ‘telefone’ na nossa infância.

Este Salão está maravilhoso, acreditem. Pena que não seja maior, não para caber tanto mais, mas para permitir interação mais confortável entre visitantes e expositores.

Digo isso porque tem objeto que dá vontade de olhar de bem pertinho, mas a gente só consegue examinar ou apreciar direitinho se o vendedor tirar do lugar onde está e trouxer a uma distância de roçar as vistas cansadas que pintam por lá.

Na verdade, em sua maioria os boxes não dispõem de espaço suficiente para circulação simultânea de interessados em comprar e interessados em vender. Mas, como diria o filósofo Lenilson Guedes, “lana caprina!”.


Pra casa ou presente

O meu reparo nas instalações em nada deve atrapalhar ou diminuir o valor da exposição e da produção lá exposta.

Até por que posso estar reclamando de barriga cheia. Afinal, o Salão ocupa este ano uma área de 3.200 m² e, pelo que ouvi de gente que está expondo, do jeito que está, está bom. Do jeito que vai, vai bem.

Sinceramente? Se eu pudesse e meu dinheiro desse, comprava de tudo um pouco, para enfeitar a minha casa ou a de quem presenteasse, porque o Salão tem coisas que dão ótimos presentes, em especial os brinquedos. Que o diga o meu neto Davi.

Como se tudo isso não bastasse, soube por matéria que peguei no portal G1 Paraíba que “o mobiliário dos estandes foi confeccionado de forma sustentável, todo reutilizado de paletes”.

Em acréscimo, informações do arquiteto Gustavo Vaz, responsável pelo projeto do Salão este ano, mostram que outros atrativos para o público são “uma árvore de Natal interativa e um mural com uma linha do tempo, relembrando a história do Salão de Artesanato”.
A propósito, nunca é demais registrar a figura exponencial dessa história, que vem a ser a ex-primeira dama do Estado Sílvia Cunha Lima.

Ela formatou o Salão tal como vem se apresentando até hoje, deu-lhe a dimensão que ainda preserva e com toda a certeza fez e faz mais pelo artesanato paraibano do que cortar a fila simbólica que inaugura cada exposição.