Unidade no PT é miragem

Rubens Nóbrega

Exatamente vinte anos depois de ter batido na trave com o então deputado estadual Chico Lopes, o PT ganha uma nova e irrecusável chance de disputar a Prefeitura da Capital com um nome competitivo.

Isso, se consolidar a opção pela candidatura própria a prefeito de João Pessoa e ela couber a Luciano Cartaxo, também deputado estadual e na cotação do dia o nome mais viável do PT para encarar esse páreo.

Com baixo índice de rejeição, segunda maior votação na Capital para a Assembléia em 2010, quatro mandatos de vereador e meio de vice-governador na bagagem, Luciano Cartaxo é forte e pode ficar muito forte, fortíssimo.

De outro lado, não há dúvida de que o resultado das urnas petistas de domingo último deu um gás enorme a Luciano Cartaxo e a seus apoiadores, mas é vitória que ainda precisa ser confirmada em novos embates internos à vista.

Por conta dos obstáculos a superar, ainda não se pode dizer que o deputado tem 100% garantida a sua candidatura. A única certeza é a de que uma candidatura de Luciano Cartaxo seria 100% própria do PT.

Outra candidatura do PT, principalmente se oriunda de lideranças e facções submissas ao projeto de poder do governador Ricardo Coutinho, certamente seria petista, formalmente petista, mas não seria própria.

Divisão é meio de vida

Ouvi ontem Luciano Cartaxo no imperdível Polêmica PB (Paraíba FM) fazendo o discurso da unidade. Previsível, necessário. Faz porque precisa fazer nem seria doido de tripudiar sobre os derrotados. Ele não é nenhum Breno, o bárbaro.

Mas tanto Luciano como as batinas de Luiz Couto e os suspensórios de Júlio Rafael sabem que essa unidade é impossível. O PT da Paraíba nasceu dividido e alguns de seus próceres precisam dessa divisão para sobreviver.

Nessa linha, se até domingo a encomenda era assegurar o papel de coadjuvante, de muleta ou escada na fita em que o PSB é o artista principal, agora a mercadoria prometida ou acertada é manter a dissidência e o PT rachado até as eleições.

De qualquer forma e sorte, unificando ou não o partido, Luciano Cartaxo tem tudo para disputar a Prefeitura de João Pessoa de igual para igual com José Maranhão, Cícero Lucena e Luciano Agra.

Isso mesmo, Luciano Agra. Porque algo me diz que ele voltará. Essa história de Estelizabel Bezerra ou Nonato Bandeira não me convence. Nem cola.
Agra, o melhor de RC

Seria burrice Ricardo insistir em outro nome, quando tem o melhor à mão e bem à vontade no posto. De mais a mais, a gente sabe que de burro a única coisa que o homem tem seria o ‘coice’ que costuma dar em quem lhe aborrece a majestade.

Voltando Luciano Agra ao campo de batalha, que ninguém se admire se a Prefeitura continuar nas mãos de um Luciano.
Caso o ‘Volta, Agra!’ prevaleça, o atual prefeito retornará à peleja como favorito. A uma porque a rejeição ao seu nome também é baixa. A duas porque terá duas usinas fazedoras de voto moendo 24 horas para reelegê-lo.

Na minha intuição, o eleitorado pessoense chegará em outubro dividido entre o desejo de permanecer com Luciano Agra e o de mudar com Luciano Cartaxo, o que naturalmente exclui Maranhão e Cícero de um possível segundo turno.

Eles ficariam de fora, com todo respeito, porque um Luciano representa a manutenção e o outro a renovação, enquanto o senador e o ex-governador encarnam como ninguém a repetição.
A ‘Cruz’ das ambulâncias

No dia 15 de junho de 2011, por i-meio pedi ao governador Ricardo Coutinho para confirmar ou desmentir se emissários seus estariam negociando contrato milionário de locação de ambulâncias e equipes de resgate com a Toesa Service.

Evidente que mais uma vez ele não deu a menor, mas fiz aquela indagação a Sua Majestade porque fontes médicas dignas do maior crédito haviam me repassado a história de que estariam adiantadas as tratativas entre os dois lados.

No dia 25 de agosto, também do ano passado, dediquei um tópico da coluna (sob o título ‘A Cruz Vermelha das ambulâncias’) à história da Toesa, que presta seus serviços em diversos Estados e tem uma filial muito diligente em Recife.

Anteontem à noite, o Brasil inteiro viu no Fantástico da Rede Globo o dono da Toesa acertando propina gorda com alguém que julgava ser o encarregado de compras de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro.

Ainda bem que temos um governo ‘republicano’ e o negócio com a Toesa não prosperou. De qualquer modo, o Ricardus I fechou contrato com a Easy Life, do Ceará, à qual alugou 32 ambulâncias por R$ 8,7 milhões ao ano. Sem licitação, claro.

Detalhe um: na época, o Samu tinha 90 ambulâncias paradas na Paraíba. Detalhe dois: R$ 8,7 milhões compram no mínimo 72 ambulâncias, ao preço de R$ 120 mil cada, equipadas com o que há de mais moderno para socorrer vítimas de desastre.

Por essas e outras digo sempre: se essa é a vez da Paraíba ir mais longe, tenham certeza de que o seu governo já foi longe demais.