Uma escola conflagrada

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Rubens Nóbrega

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Auzanir Lacerda, de Patos, transformou-se numa zona conflagrada em razão de conflito entre a diretora Verialucia Dias de Lacerda de um lado e, de outro, os professores Márcio Luís e Aline Mayara.

Trago o assunto a público porque recebi dia 27 de junho passado mensagem de Márcio contendo gravíssimas denúncias contra a diretora Verialucia, acusada de comandar a escola com mão de ferro, “mesmo sem ter legitimidade no cargo, pois a candidatura dela na última eleição foi impugnada”, além de perseguir e agredir verbalmente tanto professores quanto funcionários.

Segundo o denunciante, “as ações hediondas dessa senhora vão de insultos tais como ‘safado’, ‘cabra sem vergonha’ e ‘vagabundo’, dirigidos a professores, funcionários e alunos, pronunciados aos berros para que todos notem a autoridade dela, à perseguição ferrenha àqueles que ousam desafiá-la”. Entre os perseguidos, Márcio cita sua colega Aline Mayara, Professora de Inglês, que entrou em choque com a diretora no início do ano quando propôs horários para dar aulas e a Professora Verialúcia, “de forma proposital, ignorou a solicitação e disponibilizou um horário totalmente incompatível com a rotina da educadora, posto que Aline também trabalha no Rio Grande do Norte”.

Márcio conta ainda que Aline foi destratada publicamente pela diretora, que teria chamado a colega de ‘imbecil’, ‘doida’ e ‘mentirosa’. As agressões verbais teriam sido gravadas pela suposta vítima, que prestou queixa na 6ª Gerência de Ensino, foi orientada a comparecer à escola no horário por ela proposto e a assinar o ponto. “A diretora proibiu o acesso da professora ao livro de ponto, o que impede a professora de comprovar a presença. O resultado foi que no mês passado a professora recebeu 1/5 do salário (R$ 300,00) e provavelmente neste mês não receberá nada”, acrescenta.

Mayara, continua Márcio, procurou o Ministério Público Estadual em Patos, mas os representantes do MPPB teriam dito que nada poderiam fazer por se tratar de um ‘caso isolado’ e somente poderiam agir se mais funcionários fizessem denúncia contra a diretora.

O que diz a diretora

Após algumas tentativas infrutíferas, consegui finalmente conversar com a Professora Verialúcia por telefone, na quarta-feira (3). Além de negar veementemente qualquer procedência às acusações que lhe foram feitas, no dia seguinte ela me encaminhou via i-meio cópias digitalizadas dos seguintes documentos:

– folhas manuscritas de ata de reunião do Conselho da Escola realizada em 16 de fevereiro deste ano, durante a qual a diretora aborda dificuldades em atribuir carga horária à Professora Aline, que trabalharia em outras três escolas de Caicó (RN);

– carta de notificação a Aline assinada pela diretora em 22 de fevereiro deste ano, convocando a professora a assumir imediatamente turmas no turno da noite, “sob pena de corte de ponto, o qual poderá ensejar problemas de ordem funcional”;

– ofício da diretora ao gerente regional de ensino, em 1º de abril, pedindo autorização para substituir Aline, concursada, por uma prestadora de serviço;

– Moção de Apoio à Diretora, de 3 de abril, assinada por 34 pessoas que acusam Aline de causar constrangimento, desconforto e desarmonia no ambiente do trabalho, ao qual compareceria em horário distinto daquele designado pela gestão escolar;

– Nota de Esclarecimento do Conselho Escolar, do último dia 4 e assinada pelo presidente do órgão, João Paulo de Lucena Costa, taxando a Professora Aline de caluniadora e autora de denúncias infundadas;

– Requerimento ao MP feito pelo mesmo presidente, também dia 4, pedindo providências contra Aline, a quem acusa de ter enviado texto “ameaçador” ao Jornal da Paraíba e de ameaçar também cometer uma tragédia (sem dizer o quê nem como).

MP teria afastado Aline

Anteontem à noite baixou no meu i-meio a seguinte mensagem de Márcio:

– Boa noite. Veja a maldade e a manipulação da informação. Você enviou o meu texto para o gerente da 6ª Regional em Patos preservando a fonte. Ele repassou o texto para a diretora da escola dizendo que a professora a havia ameaçado de morte. A diretora reuniu o conselho da escola dizendo que a professora escreveu um texto para o Jornal da Paraíba ameaçando-a de morte. Fez um BO e vai ao MP de Patos levando uma cambada de bajuladores para confirmar o fato. Não houve ameaça nenhuma, ou são todos analfabetos funcionais ou são mais maquiavélicos do que eu poderia imaginar. Por isso, peço: cite o meu nome ou vão manipular tentar prejudicar uma inocente.

O colunista esclarece

Sobre os tristes episódios abordados nesta coluna (dá imensa tristeza ver educadores envolvidos em refregas dessa natureza) tenho a dizer o seguinte: 1) não recebi qualquer mensagem nem mantive contato algum com a Professora Aline; 2) as denúncias contra a diretora Verialúcia foram feitas ao colunista exclusivamente pelo Professor Márcio: 3) manipulação alguma, se houve, deveria convencer ninguém, muito menos Promotor de Justiça (se o foi), de que o texto do Professor (e não da Professora) continha qualquer ameaça a quem quer que seja; 4) não enviei o texto de Márcio, preservando a fonte (que me pediu para revelá-lo), ao Gerente Regional de Ensino em Patos, mas, sim, à diretora Verialúcia.