Um passeio pelo futuro

Rubens Nóbrega

Quando voltei a João Pessoa, depois de quatro anos fora, a minha primeira surpresa, pra lá de agradável – diga-se – foi o desembarque no Castro Pinto.

Em vez de a velha escada acoplar na porta da aeronave, nós, passageiros, para acessar o interior do aeroporto caminhamos por uma daqueles túneis de ferro, envidraçados, que o povo mais entendido chama de ‘finger’.

Melhor ainda, não demorei cinco minutos para resgatar a minha mala numa das cinco esteiras disponíveis.

Fiquei ainda mais surpreso ao chegar ao saguão. Impressionou-me o espaço amplo, a limpeza do ambiente e um sem número de lojas, quiosques e ambientes outros dos dois pavimentos que mais lembram um shopping.

Como não havia ninguém a me esperar nem táxi disponível àquela hora, em razão do intenso movimento de partidas e chegadas no Castro Pinto no meio da tarde, peguei um micro-ônibus super confortável, hiper rápido e barato.

Fez todo o trajeto em corredor exclusivo até o centro da cidade, aonde cheguei menos de vinte minutos depois.
Desci na Lagoa e subi no metrô leve da Estação Solon de Lucena, que integra ônibus, táxi e o bondinho que serve a todo o sítio histórico da Capital, ligando a Cidade Baixa à Cidade Alta.

Soube depois que desde o ano passado somente bicicletas, motos, vans de turismo e de transporte suplementar podem circular pelo Centro Histórico. Que bom!

Mas, como vinha dizendo, graças ao nosso metrô leve e elevado andei de monotrilho pela primeira vez na vida…

Cidade verde de verdade

O nosso monotrilho é bem parecido com aqueles que eu vi em São Paulo, Manaus, Belo Horizonte, Cuiabá e, se não me engano, também em Vitória e Salvador.

A vantagem é que o daqui é mais novo, mas porque perdemos tempo na construção e instalação dessa alternativa eficiente e moderna para um transporte de massa moderno de qualidade.

No trajeto até a orla, a dez metros do solo, além de apreciar com visão privilegiada a nossa privilegiada paisagem, adorei perceber que a cidade aumentara significativamente a sua cobertura vegetal.

Pelo visto, foi bem sucedida aquela campanha que estimulava o povo a plantar “uma árvore em cada calçada”. Li algo a respeito em revista de circulação nacional.

Ah, outra coisa: não vi um único congestionamento em toda a Epitácio Pessoa, por onde passa o monotrilho que me levou até a orla.

Apesar de ver ainda um bom número de carros na avenida, notei que o trânsito fluía fácil e rápido, mesmo àquela hora, que antigamente a gente chamava hora de pico ou de rush.

Lembrei no ato a frase de um técnico que implantou o metrô paulistano: “Ninguém deixa o carro em casa para andar de ônibus, mas se tiver metrô…”.

Outra novidade que me deixou ultra satisfeito com a minha terra foi ver que finalmente nos livramos daquela fiação horrorosa da iluminação pública.

Agora é tudo embutido, debaixo da terra, e os postes, mega bonitos, decorativos, sustentam luminárias estilosas e potentes, que fazem a noite parecer o dia. Perguntei ao cidadão sentado ao meu lado se aquilo era só na Epitácio.

“Não, não, amigo. É assim também nos demais grandes corredores viários e no Centro. E já começaram a fazer o mesmo serviço nos bairros”, informou.
Mudou para bem melhor

Hospedei-me no hotel do evento para o qual fui convidado. Seria debatedor num painel sobre ‘Qualidade de vida em grandes centros urbanos’. Andei escrevendo uns artigos sobre o assunto. Deve ter sido essa a razão do convite.

À noite, depois de alguns telefonemas, fui jantar com um casal amigo, que gentilmente me pôs a par das mudanças extraordinárias que o prefeito eleito em 2012 e sua equipe vêm implantando em Jampa.

“Só pra você ter uma ideia, Rubens, graças a uma nova política de valorização e qualificação do magistério e do pessoal da saúde, temos hoje educação e serviços de saúde pública entre os melhores do país”, contou-me Aurita.

Ela é professora do fundamental em uma escola do município em Mangabeira, está fazendo doutorado e ganha 90% do que ganha um secretário da Prefeitura. Quando defender a tese e receber o diploma, passará a ganhar igual.

Já o meu amigo Tomás, marido de Aurita, é médico de UTI com dedicação exclusiva ao Hospital Geral de Mandacaru, recém inaugurado. O salário é suficiente para não se matar de trabalhar em plantões em outros hospitais públicos ou particulares.

“Pra ficar dez com louvor, só falta o grupo que assumiu a Prefeitura assumir também o Governo do Estado e tirar esse cara de pau e sua turma do poder, poder que usaram com força para se locupletar e enriquecer ilicitamente”, comentou Tomás.

“Se isso acontecer, amigo, pode ter certeza: volto ligeirinho pra minha cidade, pro meu Estado. Trago minha família de volta e passarei o resto dos meus dias aqui. Vai valer muito a pena viver onde o povo, finalmente, depois de tanto apanhar, aprendeu a não mais eleger sacripantas como esse que ainda está aí”, disse pra eles.