Rubens Nóbrega

Por conta dos pretensos disparates que vem proferido ultimamente, alguns acham que o prefeito Luciano Agra perdeu o senso, a cabeça, o controle, enfim. Equiparar os nossos congressistas aos ‘piores marginais’ foi de lascar! Mas…
Algo me diz que essas explosões do alcaide seriam uma coisa calculada, planejada, quem sabe até aconselhada por algum gênio marqueteiro, desses que vez por outra baixam por aqui e cuidam de reinventar a roda da política paraibana.
Sei não, mas desconfio que para tornar-se competitivo na peleja do ano que vem desde já o prefeito resolveu mudar a imagem e subir o tom. A idéia seria descartar-se do modelito ‘picolé de chuchu’, ‘mosca morta’, ‘pau mandado’ e outras capas do gênero.
Acredito até que o Doutor Agra foi convencido a se manifestar de forma mais incisiva sobre tudo e qualquer coisa para ser levado a sério como ente político autônomo e não mero instrumento do projeto de poder longevo de Ricardo Coutinho.
Até por que o prefeito sabe que na campanha esse será um dos motes preferidos dos adversários, para ridicularizá-lo e mostrá-lo como um gestor que não gere coisa alguma sem anuência ou influência do chefe que dá expediente no Palácio.
Se o discurso pega, na efervescência de uma disputa eleitoral o prefeito terá enorme dificuldade em convencer que tem vida e luz próprias, de que é capaz de governar a cidade sem pedir a bênção ao padrinho que lhe arranjou o emprego.
As dificuldades ele pode remover ou superar com gestos concretos e atitudes, muito mais do que com palavras. E um bom começo é cuidar de expurgar da equipe quem vem transformando a gestão num manancial de escândalos.
Mas se ele nada fizer nessa direção, tem pelo menos a vantagem de não causar a menor surpresa à maioria que tem ele na conta do que exatamente foi até hoje.
Voltando ao metrô
O Professor Flávio Lúcio Vieira não sabe o que lhe surpreendeu mais: se as recentes declarações do prefeito Luciano Agra (após visita a Bogotá, na Colômbia) de que o metrô não se adéqua às necessidades de João Pessoa, preferindo ele o BRT (Bus Rapid Transit), ou o silêncio da oposição em relação ao que disse o prefeito da Capital.
Flávio Lúcio cita que para o nosso subitamente destemperado alcaide o “carregamento” atual de pessoas no transporte coletivo na Capital não justifica a implantação de um metrô na cidade, “sendo suficiente a manutenção do sistema de transporte público atual, baseado exclusivamente em ônibus, acrescido do BRT, que foi anunciado há poucos meses atrás como a redenção do trânsito de João Pessoa”.
“Engraçado é que o prefeito apenas fez referência exclusivamente ao metrô, ‘esquecendo-se’ de mencionar os VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), cujo custo e tempo de construção são bem menores do que os de um metrô. De duas, uma: ou o prefeito não tem visão de longo prazo, preferindo o “remendo” do BRT, que é meramente um sistema de ônibus articulados que trafegam em via exclusivas, ou nenhuma solução que diminua o peso das empresas de transporte coletivo na cidade pode ser considerada”, avalia o Professor.
César Maia faz escola
Considero-me privilegiado em matéria de colaboradores. Além da oportunidade de publicar comentários do Professor Flávio Lúcio Vieira, vez por outra também sou brindado com as contribuições sempre oportunas e de altíssima qualidade do Professor Menezes.
Hoje, ele volta à coluna para mostrar em poucas linhas como esta semana foi pródiga em fatos, factóides e despropósitos encenados por alguns dos nossos mais expressivos agentes políticos. Confiram a seguir o que me mandou o Professor Menezes.
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Caro amigo, são tantos os despautérios (gostou da construção a la Jânio Quadros?) de nossos políticos e administradores públicos que muitas vezes não sabemos qual comentar ou por onde começar. De qualquer forma, vamos lá.
• A Secretaria de Cultura do Estado convoca um maestro a quem se atribui pouca vivência em lides dessa natureza, dizendo ser ele o primeiro paraibano a reger a nossa Sinfônica, embora se diga que seu maior mérito é ter sido arranjador de algumas músicas do titular da pasta. Esquece o órgão, não se sabe a razão, a figura ímpar do maestro Joaquim Pereira, que juntamente com Olegário Mororó, outro paraibano, foi regente da orquestra em seus primórdios.
• A assembleia legislativa (com minúscula mesmo!) quer construir uma nova sede, procedimento que fez amigo comum relembrar frase que o folclore político paraibano atribui ao governador João Agripino, em diálogo com o desembargador
Aurélio de Albuquerque, parafraseando-a, nesse enfoque, como “para o que produz, a assembleia está excepcionalmente muito bem instalada”.
• À semelhança do atentado – muito mal explicado, à época, contra a então secretária de Saúde do município (da Capital), vem agora o prefeito dizer que seria alvo de atentado no Bairro São José.
São factóides seguidos de factóides, todos para nos convencer que o ex-prefeito Cesar Maia, do Rio, criou uma boa legião de fãs e seguidores na Paraíba.