Nilvan Ferreira
Não adianta os defensores da tese governista afirmarem que o caso do deputado Janduy Carneiro é algo já previsível e o que seu lugar será preenchido por outro parlamentar, que deverá migrar da bancada oposicionista. É o mesmo que querer esconder o sol com a peneira ou menosprezar que o momento é de extrema crise, envolvendo o governo como um todo e com desdobramentos na bancada do parlamento.
Este governo não tem um só dia de paz e tranquilidade. Nada dá certo. Tudo vira confusão. E o pior: os fatos negativos terminam escondendo o brilho do pouco que tenta fazer o governador e sua equipe. Senão vejamos: Ricardo foi nesta quinta-feira, inaugurar obras na região da cidade de Mamanguape. Autorizou a conclusão das obras de construção de um Hospital e inaugurou uma delegacia. Nada repercutiu positivamente. Em todo estado, o assunto era o rompimento de um deputado da base do governo e a consequente exoneração de sua esposa de um cargo que ocupava.
A situação do governo não é nada boa. Poucas são as obras, pipocam insatisfações de toda a espécie, incluindo neste ponto importantes aliados, a exemplo dos cassistas, além da ameaça de greve por parte de quase todas as essenciais categorias do funcionalismo público. E Ricardo sabe que o pior ainda está pra acontecer.
Nos batalhões e nas ruas, os PM’s estão impacientes, não se fala em outra coisa que não seja a perspectiva de uma greve, fato que também é cogitado pelos Policiais Civis, ansiosos pelo cumprimento de promessas feitas à categoria no início da gestão. Os servidores do FISCO estadual já prometem parar no próximo dia cinco de outubro, num movimento que pode gerar um prejuízo diário de cerca de 4 milhões de reais aos cofres do tesouro paraibano.
Na área de saúde, o nó é muito mais embaixo. A proposta de terceirização de serviços básicos, hoje discutida na Assembléia Legislativa, tem deixado os servidores da área com a pulga atrás da orelha, e, de forma alguma, aceitarão o modelo que foi estabelecido no Hospital de Trauma de João Pessoa para outras unidades, com a contratação da famosa “Cruz Vermelha”, que causou a demissão de centenas de funcionários, inclusive, médicos.
Na área política, a situação é igual. Quase a totalidade dos aliados do governador, sejam eles deputados, prefeitos ou vereadores, falam negativamente do governo e do comandante do palácio. Dificilmente se encontra uma personalidade política que exalte uma qualidade do governo. Fica difícil, mesmo se as obras surgirem daqui a pouco, o governo construir uma espécie de lua de mel com a classe política e com a sociedade civil organizada.