Marcos Tavares

Se por um desses sortilégios sobrenaturais, Ernani Sátyro voltasse a Terra, certamente ficaria muito irritado com o destino dos dois estádios que ele construiu com tanto zelo na capital e em Campina Grande. Subestimados pelos seus sucessores, os dois estádios nunca chegaram nem a ser concluídos, e hoje são dois elefantes brancos, duas ruínas que mostram o descompromisso de nossas autoridades com o esporte e com o povo. Enquanto o Brasil constrói estádios monumentais para a Copa, a Paraíba perde suas duas praças de esporte interditadas pelo Ministério Público por se tornarem um perigo à vida.

O futebol da capital voltou ao modesto campo da Graça, em Cruz das Armas, um carcomido campo que fez a alegria das torcidas nos anos cinquenta, mas que todos esperavam jamais voltasse a operar oficialmente depois que se fizessem o Almeidão e o Amigão. Hoje é a Graça, nome que herdou de um antigo sítio no local, quem faz as honras – ou as desonras – do nosso futebol, um campo de gramado imprestável, de acomodações modestas que não pode receber nunca um bom público. E sem bom público não há renda, e sem renda não há futebol. Assim continuamos sempre a cobra engolindo o próprio rabo, o que coloca nossos clubes na rabada das divisões inferiores e torna nosso futebol uma escada para políticos.

É triste ver nossa cidade e nosso Estado regredirem. Enquanto em todo o Brasil se fala em progresso e construção, por aqui nem a reforma de dois velhos estádios é possível para colocá-los outra vez em condições de funcionamento. A Paraíba voltada para seu umbigo, comendo e descomendo política em brigas nem sempre heroicas, esquece o dever de casa e priva o povo de uma diversão nacional como o futebol. Da Graça para onde iremos? Voltaremos aos campos de pelada, ao terreiro de barro batido? É o que parece nos indicar o futuro, um futuro que parece já ter um resultado negativo nesse jogo da vida.
Escadinha
O PT pode prejudicar o futuro político do prefeito Luciano Cartaxo se pressioná-lo para que seja candidato ao governo em 2014.
Animados pela vitória municipal e pegando carona na popularidade da presidente Dilma, o PT paraibano acha que tem de ter um candidato próprio e sair da incômoda posição de coadjuvante.
Para Luciano, deixar seu mandato pela metade seria uma ofensa a todos que confiaram em seu discurso.


Fora

A família Maranhão apronta mais uma. Agora é o vereador Fernando Milanez irritado com a legenda quem diz que não seguirá o partido no apoio a Cartaxo.
Milanez afirma que a indicação aproveitada pelo prefeito foi pessoal de Benjamim Maranhão, não da legenda.
Pode-se dizer sem perigo de erro: o PMDB paraibano é um partido muito familiar.
Subsídios

Quando prefeito, o senador Cícero Lucena fez um seminário sobre a Lagoa ouvindo todos os segmentos da sociedade.
Poderia ser um valioso subsídio para Cartaxo, que vai mexer no parque. Poderia…
Bateu
Pela primeira vez, sem rodeios, o senador Cássio Cunha Lima dá um aviso. Ele disse claramente que não gostaria de ver aproveitado Marcelo Weick num governo que ele ajudou a eleger.
Está dado o recado…

Risível
A Paraíba respira e expira política. Agora é a vez do comediante Márcio Tadeu que diz em entrevista seu desejo de candidatar-se à Assembleia.
Espero sinceramente que seja uma piada.

Futurologia
O ministro Aguinaldo Ribeiro asfalta seu caminho político amparado pelo bom momento que vive na esfera federal.
Deixou na Paraíba 3,5 bilhões para obras. Uma conta que será cobrada politicamente.

Gazeteiros
Armando Abílio, Efraim Filho e Wellington Roberto lideram a lista de deputados paraibanos que mais faltaram às sessões das comissões para as quais foram indicados. Mas no final do mês…

Infringindo
Doze dos condenados no processo do mensalão podem ganhar liberdade com embargos infringentes.
Nossa Lei abre brechas. A moçada aproveita e escapa.

Frases…

Relax – Se não for com você, ignore. Se for, delegue.
Virtual – Infelizmente, a informática ainda não nos permite deletar os chatos.
Moda – As mulheres se vestem para outras mulheres. Para os homens, elas se despem.