Um estado fora do mapa

Paulo Santos

Os políticos paraibanos tanto batalharam, tanto trabalharam, tanto esquematizaram, tanto se esmeraram que conseguiram, finalmente, tirar a Paraíba do mapa político brasileiro. Nossos políticos fizeram um esforço hercúleo, quase desumano, mas alcançaram o objetivo que queriam: ver esse Estado sendo tratado como produto de quinta categoria.

Por isso hoje já não causa nenhum constrangimento quando alguém insinua que a Paraíba, se quiser alcançar um nível qualquer de desenvolvimento, deveria ser anexada a Pernambuco, ao Rio Grande do Norte ou ao Ceará. Exageros a parte, se esses três estados não os rejeitassem, deveríamos exigir que nossos políticos transferissem seus domicílios eleitorais para essas unidades federativas.

Um dos mais recentes exemplos de que a Paraíba não está merecendo um minuto de atenção em nível nacional foi o presidente estadual do PMDB, Antônio de Souza, declarar em alto e bom som que sequer tinha conhecimento de que seu partido estava preparando um programa obrigatório a ser veiculado em redes nacionais de TV. Seria inimaginável o PMDB de Humberto Lucena, de Antôn io Mariz e de Ronaldo cunha Lima ser escanteado, dessa forma, de um programa em cadeia nacional.

Outro exemplo é o fato da presidenta Dilma Rousseff ainda não ter sujado seus belos e delicados sapatos com a poeira das terras paraibanas, pois desde que assumiu a cadeira que foi de Lula ainda não se dignou a atravessar as fronteiras de Pernambuco. As maiores autoridades de Brasília, que visitam a Paraíba, são secretários travestidos de ministros que não mandam em nada, não têm dinheiro para nada e não têm autoridade nenhuma.

A mídia local fez uma balbúrdia, um escarcéu, um carnaval fora de época, gastou-se milhares de reais com passagen s aéreas e hospedagens em hotéis cinco estrelas de Brasília para saudar a ascensão do deputado federal Aguinaldo RiBeiro (PP) ao posto de Ministro das Cidades. Só não disseram à população que Aguinaldo – com todo o respeito que ele mere ce – não foi escolhido ministro por ser paraibano, mas sim porque o PP não tinha outro para indicar à parte que lhe cabe no latifúndio político de Dilma.
Esse desprezo pela Paraíba acontece às vistas de uma bancada federal que tem dois terços dos seus integrantes (um senador e nove deputados federais) na base governista e apenas cinco parlamentares (dois senadores e três deputados federais) nas bancadas de oposição.

É ensurdecedor o silêncio do senador Vital do Rego Filho (PMDB) e dos deputados federais Luiz Couto, Hugo Motta, Benjamin Maranhão, Manuel Júnior, Wellington Roberto, Wilson Santiago Filho, Damião Felician o, Armando Abílio e Leonardo Gadelha (esses dois últimos interinos). No balcão da oposição estão os senadores Cícero Lucena e Cássio Cunha Lima, bem como os deputados federais Ruy Carneiro, Efraim Filho e Romero Rodrigues.

Esses 10 insignes parlamentares governistas, omissos e silenciosos diante do desprezo que o Planalto e o resto do Governo dispensam à “pequenina e heróica”, como denominamos em nossos textos, estarão por aqui em 2014 pedindo votos para a reeleição de Dilma como recompensa pela desatenção que ela dá ao Estado deles. E a plebe rude irá novamente às urnas votar com o cartão do Bolsa Família porque até o título de eleitor já foi dispensado neste país.