Rubens Nóbrega
Se já não tiver sido utilizado pelo cinema, o título da coluna de hoje tem enorme chance de compor circular do governador Ricardo Coutinho ordenando a todos do governo e a outros que o obedecem cegamente: “Esqueçam que esta terça-feira existiu”.
Este dia 2 de abril do ano da graça de 2013 deverá ser riscado também do calendário do milionário esquema de mídia que a peso e preço de ouro incensa 24 horas por dia o Ricardus I em jornais, rádios, tevês e portais de internet.
Tanto que prevejo para esta quarta silêncio tumular, pouco caso ou, no máximo, comentários superficiais acerca da ação por improbidade ajuizada pelo Ministério Público Estadual contra quem a Veja chama de “braço-direito de Ricardo Coutinho”.
A ação foi noticiada ontem pela coluna Radar, de Lauro Jardim, e tem como principal denunciado o Doutor Gilberto Carneiro, procurador-geral do Estado, incontestável figura de proa do círculo íntimo do poder no Ricardus I.
Gilberto, segundo o colunista de Veja, virou “alvo de uma ação civil pública por improbidade administrativa” decorrente de uma investigação que “desmantelou um esquema que envolve a Desk, empresa fornecedora de assentos para estádios da Copa”.
O tal esquema, acrescenta Jardim, atuou forte no tempo em que Ricardo Coutinho era prefeito da Capital, promovendo “desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito que favoreceu as empresas e seus sócios”.
Gilberto Carneiro foi secretário de Administração do governo municipal ricardista e “é considerado um dos cabeças do esquema porque ordenava as despesas da prefeitura”, diz ainda o texto de Radar, acrescentando:
– Além dele, outras ex-secretárias municipais de João Pessoa também foram responsabilizadas, como Ariane Norma Menezes de Sá (Educação) e Roseana Maria Barbosa Meira (Saúde).
A coluna da Veja informa também: “Segundo a investigação, a Desk foi favorecida em dezenas de contratos da gestão Coutinho em João Pessoa – seja por falta de licitação, tomada irregulares de preços e até direcionamento de concorrências”.
E arremata dizendo que além da quebra de sigilo fiscal e bancário dos acusados, o MP pede a indisponibilidade de bens de cada um.
Gilvan Freire cantou a ‘bomba’
Na coluna que escreve regularmente para o portal Wscom, replicada em diversos outros portais do ramo, o analista político Gilvan Freire avisou há três dias sobre iminente explosão de bombas no colo do poder que pode mais na Paraíba.
Ontem, ele voltou à carga para confirmar que a primeira bomba é precisamente essa, a do Caso Desk, detonada pelos promotores de Justiça Rodrigo Silva Pires de Sá e Adrio Nobre Leite, “dois dos melhores quadros do MP da Paraíba”.
Segundo o Doutor Gilvan, o escândalo divulgado por Veja não esgota as possibilidades de novas denúncias acerca de supostos malfeitos daquilo que chama de “ciclo governamental Girassol”.
Mas, continua o analista, as denúncias contidas nessa primeira bomba já são suficientemente “aterradoras do ponto de vista moral, capazes de destroçar a imagem de qualquer administrador público e incapacitá-lo para o exercício de cargos ou funções de Estado”.
Gilberto Carneiro falou ao JP
Tentei contatar ontem o Doutor Gilberto Carneiro. Cheguei mesmo a apelar ao governador Ricardo Coutinho, a quem remeti mensagem de i-meio pedindo que acionasse o procurador-geral do Estado no sentido de prestar algum esclarecimento sobre o Caso Desk.
De qualquer forma ou sorte, o leitor não ficou desguarnecido da manifestação que busquei. Gilberto foi localizado e ouvido por este Jornal da Paraíba. Peço que leiam com atenção o comentário dele. Soube que inclui referências desqualificantes tanto à iniciativa do MP quanto à pessoa que denunciou o tal esquema.
Tentei também ouvir as Doutoras Roseane Meira e Ariane Sá. À ex-secretária de Saúde da PMJP perguntei, via twitter, se ela tinha algum comentário ou esclarecimento a fazer. Nada respondeu até 19h50, faltando poucos minutos para concluir esta coluna.
A indagação dirigida a Roseane Meira foi igualmente remetida à Professora Ariane Sá, mas através de mensagem de texto enviada para o celular da ex-secretária de Educação da Prefeitura da Capital.
Ela não apenas respondeu como informou que não recebeu qualquer notificação da Justiça, do MP ou de algum órgão controle. Daí não ter condições de se pronunciar sobre a sua situação no processo movido pelos promotores de Justiça.
Potinho já rebatizou o Caso Desk
Potinho de Veneno não perde viagem nem oportunidade, lógico. Tão logo soube da ‘explosão’ do Caso Desk, sacou rápido: “Camarada, esse Gilbergate é de torar, não achas?”.