Investigações em curso nos âmbitos do Ministério Público da Paraíba (MPPB) e da Polícia Federal (PF) já implicaram pelo menos cinco políticos cujos nomes são lembrados para disputar a Prefeitura Municipal de João Pessoa em Outubro: o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), os deputados federais Gervásio Maia (PSB) e Efraim Filho (DEM) e o secretário municipal Zennedy Bezerra (PV), no âmbito da Operação Calvário; e o deputado Wilson Filho (PTB), citado na Operação Pés de Barro.
A Calvário é a que tem maior potencial de derrubar pretensões eleitorais. A operação que investiga o desvio de mais de R$ 134 milhões em recursos das áreas da saúde e da educação no Governo do Estado, além de atingir os principais nomes socialistas na Paraíba, começa a alcançar também aliados ao projeto do PSB.
Entre todos os implicados, o ex-governador Ricardo Coutinho enfrenta o pior Calvário. Ele foi denunciado como ‘o líder’ da organizaçao criminosa (orcrim) que desviou recursos do Estado por meio de organizações sociais, após ter sido delatado por ex-auxiliares e pelo empresário Daniel Gomes, ex-dirigente da Cruz Vermelha. Segundo a denúncia, ele foi beneficiado com propinas milionárias, oriúndas de recursos públicos desviados do Estado. O socialista chegou a ser preso preventivamente no final do ano passado, mas foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O deputado Gervásio Maia foi alçado como o nome do PSB na disputa ainda em dezembro do ano passado. Esta já havia sido a aposta sinalizada pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em evento do partido no Rio de Janeiro. Não durou, porém, até que Maia também fosse citado no âmbito da Calvário. O ex-assessor da Secretaria de Administração do Estado, Leandro Nunes, revelou ter entregue um total de R$ 300 mil ao parlamentar, fruto do esquema criminoso, a mando da ex-secretária Livânia Farias.
Aliado de primeira hora do projeto socialista, o deputado federal Efraim Filho (DEM), também pré-candidato a prefeito da Capital, também viu seu nome ser engolido no âmbito da Calvário. Em um dos trechos da delação, Livânia Farias revela que a manutenção do apoio de Efraim Filho a Ricardo Coutinho, em 2014, foi comprada por uma bagatela de R$ 2 milhões de reais. Metade do valor teria sido entregue em espécie ao parlamentar pelo ex-secretário do turismo do Estado, Ivan Burity.
O secretário de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa, Zennedy Bezerra (PV), também lembrado para a sucessão na Capital, foi outro citado na delação de Livânia. Segundo a ex-secretária, ele foi o operador da campanha de Lucélio Cartaxo ao Senado, em 2014, e recebeu R$ 300 mil para bancar parte dos curtos da disputa. Na época, a gestão municipal se aliou aos socialistas para disputar a eleição. A citação complica as pretensões eleitorais do auxiliar do prefeito Luciano Cartaxo.
Já no âmbito da Operação Pés de Barro, o deputado Wilson Santiago (PTB) é acusado de ter sido beneficiado com parte dos recursos destinados à construção de uma adutora na cidade de Uiraúna. Segundo as investigações, ele teria sido beneficiado com 10% do valor da obra. Ele e os filhos, incluindo o deputado estadual Wilson Filho, pré-candidato a prefeito da Capital, tiveram os bens sequestrados. A Polícia Federal suspeita que Wilson Santiago oculta patrimônio adquirido de forma ilegal no nome dos filhos.
Apesar de ainda estarem em curso, as investigações colocam dificuldades políticas enormes nas pretensões eleitorais dos citados nos processos.
O que dizem os citados
Sobre o pedido do Ministério Público Federal, que pediu o retorno imediato do ex-governador Ricardo Coutinho à prisão, a defesa do socialista disse à reportagem recentemente que acredita na manutenção da liminar. No pedido de habeas corpus enviado ao STJ, que acabou sendo atendido pelo ministro Napoleão Maia, a defesa criticou a necessidade de prisão preventiva.
Por meio de nota, Efraim Filho informou que colocou seu sigilo bancário, telefônico e fiscal à disposição da Justiça. “Absolutamente nego essa ilação feita contra mim, sem apresentar uma prova ou sequer uma data. As contas da minha eleição 2014 foram analisadas, julgadas e aprovadas pela Justiça eleitoral”, disse.
O secretário Zennedy Bezerra também negou as acusações e disse que apoia a Calvário. “Fui surpreendido com fatos inverídicos mencionados em delação premiada, no âmbito da Operação Calvário, pela ex-secretária Livânia Farias. Defendo as investigações empreendidas pelo Ministério Público e pela justiça e me coloco à disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário”, pontuou.
O deputado Wilson Santiago, pai de Wilson Filho, negou as acusações. Também por meio de nota, ele disse que ele “tem total interesse no esclarecimento desses fatos até para que ele possa comprovar a sua inocência e demonstrar que o delator tão somente está fazendo essas acusações para auferir os benefícios da delação premiada”, pontua.
O espaço da reportagem segue aberto para todos os citados.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Felipe Nunes