Cada centavo que o governador Ricardo Coutinho economiza às custas do sofrimento da população, está sujo de sangue. Sério. Garanto que não estou aumentando, nem diminuindo, apenas sendo sincero e afirmando aquilo que muitos gostariam de estar aqui expressando.
Os recursos que o governo consegue guardar, nos cofres públicos, à custas do sofrimento de milhares de pais de família, tem cor e cheiro de sangue.
Tem sim cheiro e cor de sangue, porque a economia, que já proporciona ao governador, contar com vários milhões de reais, guardados, mofando, rendendo, se multiplicando, em caixa, à sua disposição, enquanto muitos homens e mulheres de bem, sofrem nas filas dos hospitais, para conseguir um atendimento digno, só pode me levar a crer que nem tudo vale a pena quando o assunto é atingir determinados objetivos nefastos.
É a velha tese de que nem sempre todo o meio justifica o fim. Pelo menos neste caso específico, a regra pode ser questionada sob um ângulo crítico. Como posso concordar que é correto o governo guardar dinheiro, se pessoas estão morrendo nas portas dos hospitais públicos, na capital e no interior?
Não pode ser correta a tese de que paraibanos podem falecer, diariamente, por causa da falta de distribuição de medicamentos, essenciais à sobrevivência de inúmeros portadores de patologias das mais diversas possíveis, enquanto os balancetes do tesouro estadual apontam que há saldo positivo.
Ricardo Coutinho fez sua opção. E essa opção foi nefasta e brutalmente cruel. Entre investir cada centavo do povo, naquilo que pudesse servir aos mais pobres, aos mais necessitados, e gastar somente o essencial, pois a meta é guardar, guardar e guardar, para daqui a pouco começar investir em obras graúdas, ele preferiu a segunda alternativa.
E acho que ele nem pestanejou, nem pensou duas vezes. Dizem até que ele, Ricardo, não costuma ouvir ninguém. A lenda diz que ele só escuta a si mesmo, usando a técnica do espelho, e isso nem acontece todos os dias.
Acontece que a opção de governar, escolhida pelo atual mandatário do estado, é muito simples de entender. A tese é a de que, no início do governo, é preciso economizar ao máximo, cortando todo tipo de gasto que puder. Em seguida, o time de bajuladores espalha na imprensa e nas ruas a idéia de que tudo é culpa do governo passado, que deixou a máquina completamente quebrada, sem recursos e que é preciso reconstruir a capacidade de investimento, atingir os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tudo ensaiado, planejado, arquitetado, pois o plano tem que dar certo.
E as críticas? Ah. As críticas podem ser feitas no primeiro ano do governo. Afinal, críticas e desgastes no início do governo podem ser superados no ano seguinte. Daqui a pouco as obras começam a surgir de todos os lados. Prédios gigantes, escolas jamais vistas no nosso estado, inclusive no interior, hospitais reformados e ampliados, ginásios super equipados, estradas por toda parte, ligando todas as cidades, além do EMPREENDER PB, que terá mais dinheiro para ser emprestado, e uma infinidade de casas populares construídas em tempo recorde.
E o plano de Ricardo não pode falhar. Ele apostou tudo neste projeto e não “arredará” o pé um centímetro daquilo que projetou. Não importa que milhares tenham sido demitidos sumariamente. Não interessa que paraibanos morram por falta de medicamentos excepcionais. De nada vale que famílias se desesperem ao assistir um de seus membros padecer até a morte nas portas dos hospitais. E quem liga para as crianças que estão morrendo por falta das cirurgias cardíacas? Não importa se professores têm direito a um piso nacional e se outros estão reclamando por causa do corte de inúmeras gratificações e/ou direitos adquiridos ao longo dos anos de profissão. Não preocupa o governo o número de mortes todos os dias nas ruas e avenidas, nem os arrombamentos ou explosões aos Caixas Eletrônicos. A segurança pode ficar para depois e os policiais devem acordar do sonho distante de ver a PEC 300 ser paga.
A prioridade é o plano “genial” arquitetado e projetado pelo governador e seu coletivo. Guardar, guardar e guardar. A meta é encher os cofres da receita estadual até dezembro e acumular as formas de aniquilar a turma do “contra”. Um verdadeiro plano de dominação, que passa pela concentração de poder, neutralização da imprensa, perseguição a empresários independentes e cooptação de lideranças políticas nem que seja na base do chicote.
O plano pode até ser colocado em prática. Parte do “caixa” já está no “porão”, vigiado pela Secretária de Finanças, Aracilba Rocha e Gilberto Carneiro, da Administração. As obras podem surgir, parte da população pode até aplaudir. Agora, de uma coisa eu tenho convicção e vou dizer a cada momento que uma obra for anunciada e inaugurada: O DINHEIRO QUE FINANCIOU ESTÁ OBRA TEM COR E CHEIRO DE SANGUE.