Rubens Nóbrega

A jornalista Pâmela Bório, primeira-dama do Estado, já conseguiu provar com sobras que não é só mais um rostinho bonito. A bela tem se notabilizado também na defesa da fera e, ultimamente, na campanha em favor da candidata do PSB à Prefeitura da Capital.

Sua Alteza tem cometido exageros no esforço, a exemplo do apoio que emprestou a uma manifestação explícita de preconceito racial que rolou anteontem à noite no microblog Twitter, durante debate televisivo entre candidatos a prefeito de João Pessoa.

Não assisti ao embate dos prefeitáveis, muito menos participei da tuitada sobre o evento, promovido pela TV Clube, mas ontem recebi mensagem de um amigo que se mostrou indignado diante da postagem preconceituosa, retuitada gargalhadamente pela primeira-dama.

Vou compartilhar a indignação com vocês, na expectativa de que Dona Pâmela também leia, reflita e ao final peça desculpas publicamente. Inclusive por ofender, ainda que inconscientemente, talvez, a maioria de seus conterrâneos, expoentes da mais linda e altiva negritude.

Deixo vocês com os comentários do meu amigo. É com ele, após os asteriscos.

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Via twitter, durante o debate na TV Clube, a primeira-dama, Pâmela Bório, deu vazão ao seu racismo da forma mais lamentável, o que é bem típico da elite baiana de onde provém.

Em apoio à sua candidata Estelizabel Bezerra, do PSB, Bório retwuittou mensagem de uma de suas “seguidoras”, acrescentando “sonora” gargalhada: “Kkkkkkk Ela é fera! Muito preparada! Avante Estela 40! RT @Macale_PB A Estela deu UMA RIPADA NO LOMBO DA NEGRADA!”.

Para os não iniciados no twitter, “retwittar” significa espalhar mensagem de outrem para seus seguidores, o que significa concordar com ela.

Como é possível admitir que uma Primeira Dama ache engraçada e reproduza uma expressão de cunho tão racista como essa? “Ripada no lombo da negrada?”.

Não sei exatamente porque só a “negrada” merece ser associada a esse ato de violência, mesmo que metafórica. Por que não “brancada”, como seria mais apropriado, considerando que, pelo menos na aparência, os que supostamente estavam “apanhando” de Estela – eu, pelo menos, vi o contrário, – eram “brancos”?

O que também seria inapropriado, considerando serem eles todos brasileiros, portanto, mestiços, nos moldes que nos definiu Gilberto Freyre.

Ripada, chibatada, pau no lombo era o que os escravos do período colonial levavam para serem disciplinados. E muitas vezes sem motivo algum, apenas para deleite da aristocracia branca.

Pâmela Bório pode achar tudo isso muito engraçado, mas a memória dos que sofreram nas senzalas – e no Pelourinho de sua amada Salvador – reclamam o respeito pelo sofrimento de quem sequer era considerado gente por uma elite que enriqueceu sobre o sangue eo suor dos “seus” escravos negros.

Ela talvez ache que não, mas eles permanecem por aí, agora livres, a reclamar atenção e igualdade de tratamentos.

A sociedade considera hoje manifestações desse tipo mais do que um insulto, e a lei tipifica manifestações como essas crime de racismo. É muito mais grave vindo de uma Primeira-Dama, e por uma twitter com quase 10 mil seguidores.

Que aja o Ministério Público.
Tão próximos e tão distantes
Agora, vejam adiante o que me mandou no começo da semana o amigo Bibiu. Andou sumido por uns tempos, mas voltou a prestigiar o colunista. Como sempre, através de valiosa colaboração.

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Caro Rubens, veja que coisa… Enquanto no vizinho Pernambuco a briga dos candidatos, destas próximas eleições, é para tirar uma mísera foto e aparecer ao lado do governador Eduardo Campos (PSB), independentemente de serem situacionistas ou oposicionistas ao PSB (segue link de uma situação recente ocorrida na cidade de Carpina-PE: http://charlesmeira.blogspot.com.br/2012/07/juiza-eleitoral-de-carpina-proibe.html), na Paraíba os candidatos dos partidos aliados ao governador Ricardo Coutinho (PSB), inclusive do próprio PSB, fogem de uma foto com ele assim como um gato foge de um banho (ver http://pbagora.com.br/conteudo.php?id=20120727102814&cat=politica&keys=candidatos-rejeitam-aparecer-fotos-campanha-ao-lado-rc).
Seria simplesmente pelo “lindo par de olhos azuis” do governador pernambucano?

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Suponho que seja pelo seguinte, meu caro: Eduardo Campos é o governador mais popular do país, segundo acreditadas pesquisas, e Ricardo Coutinho, o segundo ou terceiro mais impopular.